...
sexta-feira ,17 janeiro 2025
Home / Educação / Escolas buscam soluções para regular o uso de celular pelos alunos

Escolas buscam soluções para regular o uso de celular pelos alunos

Brasil busca uma norma nacional para tecnologias na sala de aula

Mar­i­ana Tokar­nia – Envi­a­da Espe­cial*
Pub­li­ca­do em 31/10/2024 — 17:32
For­t­aleza
como vídeos e comentários postados na internet podem influenciar os interesses e comportamentos individuais
Repro­dução: © Arquivo/EBC

Caixas para guardar celu­lares e per­da de pon­tos em avali­ações são algu­mas das estraté­gias usadas para que estu­dantes não se dis­tra­iam nas salas de aula com os celu­lares pela Esco­la Estad­ual de Edu­cação Profis­sion­al Jaime Alen­car de Oliveira, em For­t­aleza. A esco­la rece­beu nes­ta quin­ta-feira (31) a visi­ta dos min­istros da Edu­cação que par­tic­i­param dos encon­tros do G20 nes­ta sem­ana.

Ape­sar de alguns esta­dos e municí­pios já restringirem o uso dos apar­el­hos nas esco­las, o Brasil bus­ca uma nor­ma nacional para reg­u­lar o uso de smart­phones e out­ros apar­el­hos eletrôni­cos.

Para a estu­dante Déb­o­ra de Paula, do 1º ano do ensi­no médio da esco­la, a restrição é bem-vin­da. “O celu­lar para fins educa­tivos pode ser muito bem uti­liza­do, mas a gente tem que ter cer­tos cuida­dos para que a gente não dis­torça um pouco o uso dele. Até porque a gente tem que estar aten­to ao que o pro­fes­sor está falan­do. A gente quer prestar atenção ao con­teú­do que está sendo dado, que é aqui­lo que a gente vai usar para a nos­sa vida”.

Déb­o­ra cur­sa na esco­la pro­dução audio­vi­su­al. Ela con­ta que no cur­so a estraté­gia é tirar nota de quem usa o apar­el­ho inde­v­i­da­mente. “Tem essa out­ra nota, que é a nota de per­fil, que a gente começa com 10 pon­tos e, depen­den­do de alguns pon­tos a gente vai per­den­do. Um deles é o uso inde­v­i­do do celu­lar. Então aqui a gente tem esse incen­ti­vo de não usar o celu­lar durante a sala de aula, a não ser quan­do o pro­fes­sor está pedin­do”.

Isso aju­da a própria estu­dante a con­tro­lar o uso tam­bém fora da esco­la. Na casa dela, ela insti­tu­iu até para os pais a regra de usar o celu­lar só até as 22h.

Fortaleza (CE), 31/10/2024 - Ministro da Educação Camilo Santana durante visita à Escola Estadual de Educação Profissional Jaime Alencar de Oliveira. Foto: Ângelo Miguel/MEC
Repro­dução: For­t­aleza (CE), 31/10/2024 — Min­istro da Edu­cação Cami­lo San­tana durante visi­ta à Esco­la Estad­ual de Edu­cação Profis­sion­al Jaime Alen­car de Oliveira. Foto: Ânge­lo Miguel/MEC

A estu­dante Lua Clara tam­bém está no 1º ano de pro­dução audio­vi­su­al e, da mes­ma for­ma, ten­ta con­tro­lar o uso do apar­el­ho. “Jus­ta­mente para não sug­ar a sua ener­gia. Porque às vezes uma ado­les­cente fala ‘nos­sa, eu estou tão cansa­do, com dor de cabeça’. Porque foi dormir às 2h da man­hã e esta­va jogan­do um jogo. Então, é con­tro­lar, mas se adap­tar tam­bém”, defende.

Já no cur­so profis­sion­al de eletromecâni­ca, a estraté­gia é guardar os apar­el­hos dos estu­dantes, con­ta Allan Sousa, estu­dante do 2º ano do ensi­no médio.

“Eu uso o celu­lar quan­do o pro­fes­sor per­mite, inclu­sive na min­ha sala de aula”, diz. “O nos­so dire­tor de tur­ma, ele con­ver­sou com os pais e eles aceitaram faz­er uma caix­in­ha onde a gente colo­ca os nos­sos celu­lares. E a gente só pega se o pro­fes­sor per­mi­tir, quan­do a gente for usar para poder faz­er ativi­dade mes­mo”.

Ele tam­bém apoia a restrição do apar­el­ho. “O celu­lar é um dos prin­ci­pais motivos para dis­trair o aluno em sala de aula. Imag­i­na, o aluno está ten­do uma aula sobre algu­ma coisa, aí aparece uma noti­fi­cação do celu­lar que, às vezes, pode ser mais inter­es­sante do que a aula que ele está ten­do em si”, diz o estu­dante.

O dire­tor da esco­la, Kamil­lo Sil­va, diz que a insti­tu­ição bus­ca um equi­líbrio. “A ideia é usar as tec­nolo­gias com sabedo­ria”, diz. “Se há uma com­petição muito grande com a questão rela­ciona­da à atenção, que o celu­lar seja dimin­uí­do. Se a gente pode uti­lizar como recur­so para a res­olução de prob­le­mas, como é o caso da edu­cação profis­sion­al e do ensi­no médio, que ele seja mais lib­er­a­do. Então, talvez o desafio seja encon­trar esse equi­líbrio. Para nós, para o ensi­no híbri­do, é mais um espaço, é mais uma fer­ra­men­ta para a res­olução do prob­le­ma, para a apren­diza­gem, para a devo­lu­ti­va das ativi­dades tam­bém”.

Tecnologia no mundo

O uso da tec­nolo­gia nas esco­las é tema de debate nos encon­tros inter­na­cionais que ocor­rem essa sem­ana em For­t­aleza. Foi dis­cu­ti­do tan­to nos encon­tros de edu­cação do G20, que ter­mi­naram nes­sa quar­ta-feira (30), quan­to na Reunião Glob­al de Edu­cação (GEM, na sigla em inglês), orga­ni­za­da pela Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), que começou nes­ta quin­ta-feira (31).

O relatório de Mon­i­tora­men­to Glob­al da Edu­cação (GEM) 2024, apon­ta que o uso da tec­nolo­gia é muito desigual entre os país­es. Em país­es de alta ren­da, oito em cada 10 adul­tos con­seguem enviar um e‑mail com um anexo, mas em país­es de ren­da média, como é o caso do Brasil, ape­nas 3 em cada 10 adul­tos são capazes de faz­er isso.

Segun­do o dire­tor do relatório GEM, Manos Antoni­nis, uma das men­sagens mais impac­tantes do relatório é a que­da na apren­diza­gem dos estu­dantes em todo o mun­do. De acor­do com ele, essa que­da começou a ser obser­va­da em 2010, antes mes­mo da pan­demia. Entre as razões para que isso ocor­ra, sobre­tu­do em país­es de ren­da alta e média, como o Brasil, está o uso de tec­nolo­gia nas esco­las.

“É irôni­co porque todos ess­es que ven­dem a tec­nolo­gia, prom­e­tem que a tec­nolo­gia mel­ho­ra a apren­diza­gem. A real­i­dade é que quan­do há um mel­ho­ra­men­to é só para muito poucos. Para a maio­r­ia dos alunos há um efeito neg­a­ti­vo”, disse.

Regras nacionais

Nes­ta quar­ta-feira (30), a Comis­são de Edu­cação da Câmara dos Dep­uta­dos aprovou o pro­je­to de lei 104/2015, que proíbe o uso de celu­lar e de out­ros apar­el­hos eletrôni­cos portáteis nas salas de aula de esco­las públi­cas e par­tic­u­lares, inclu­sive no recreio e nos inter­va­l­os entre as aulas.O pro­je­to segue para a Comis­são de Con­sti­tu­ição e Justiça.

Pelo PL, o celu­lar pode ser usa­do ape­nas para ativi­dades pedagóg­i­cas, ou seja, ori­en­tadas pelos pro­fes­sores, nos anos finais do ensi­no fun­da­men­tal, do 6º ao 9º ano e no ensi­no médio. Já nos anos ante­ri­ores, na edu­cação infan­til e nos anos ini­ci­ais do fun­da­men­tal, do 1º ao 5º ano, o uso fica proibido. O tex­to, no entan­to, per­mite ain­da o uso do apar­el­ho para fins de aces­si­bil­i­dade, inclusão e condições médi­cas.

* A repórter via­jou a con­vite do Min­istério da Edu­cação

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Inscrições para o Prouni 2025 começam dia 24 de janeiro

Prazo termina no dia 28 de janeiro Fabío­la Sin­im­bú — Repórter da Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do …