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Escritora angolana Ana Paula Tavares ganha Prêmio Camões 2025

A honraria é a principal premiação literária da língua portuguesa

Cristi­na Indio do Brasil — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 08/10/2025 — 18:38
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 08/10/2025 – Ana paula Tavares vencedora Prêmio Camões Foto: Fundação Biblioteca Nacional
Repro­dução: © Fun­dação Bib­liote­ca Nacional

A escrito­ra, poeta e his­to­ri­ado­ra angolana Ana Paula Tavares, de 72 anos, con­quis­tou, nes­ta quar­ta-feira (8), o Prêmio Camões 2025. A hon­raria é a prin­ci­pal pre­mi­ação literária da lín­gua por­tugue­sa, con­ce­di­da por meio da Fun­dação Bib­liote­ca Nacional (FBN), vin­cu­la­da ao Min­istério da Cul­tura (MinC) e pelo gov­er­no de Por­tu­gal. A vence­do­ra rece­berá 100 mil euros, um dos maiores val­ores entre os prêmios literários do mun­do. Entre os 36 nomes que já vence­r­am a pre­mi­ação estão João Cabral de Mel­lo Neto, Rachel de Queiroz, Jorge Ama­do, Mia Couto, José Sara­m­a­go, Lygia Fagun­des Telles e Chico Buar­que

A decisão ocor­reu nes­ta quin­ta-feira (8) em uma reunião vir­tu­al do júri, que é com­pos­to por mem­bros brasileiros, por­tugue­ses, angolanos e moçam­bi­canos. De acor­do com o júri, o prêmio foi con­ce­di­do a Ana Paula Tavares, “dis­tin­guin­do a sua fecun­da e coer­ente tra­jetória de cri­ação estéti­ca e, em espe­cial, o seu res­gate de dig­nidade da Poe­sia” e com­ple­tou “com a dicção do seu liris­mo sem con­cessões eva­si­vas e com os livres com­pro­mis­sos da pro­dução em crôni­ca e em ficção nar­ra­ti­va, a obra de Ana Paula Tavares gan­ha tam­bém rel­e­vante dimen­são antropológ­i­ca em per­spec­ti­va históri­ca”.

Com­põem o grupo de jura­dos o pro­fes­sor da Uni­ver­si­dade de Coim­bra (Por­tu­gal), José Car­los Seabra Pereira; a pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade de Lis­boa (Por­tu­gal), poeta e ensaís­ta Ana Mafal­da Leite; o pro­fes­sor da Uni­ver­si­dade Eduar­do Mond­lane (Moçam­bique), Fran­cis­co Noa; a pro­fes­so­ra e pesquisado­ra da PUC-SP (Brasil), Lucia San­tael­la; o his­to­ri­ador, advo­ga­do e mem­bro da Acad­e­mia Brasileira de Letras, Arno Wehling (Brasil); e o escritor e críti­co literário Lop­i­to Fei­jó (Ango­la).

Para a min­is­tra da Cul­tura, Mar­gareth Menezes, a escol­ha de Ana Paula Tavares cel­e­bra a força e a beleza da lit­er­atu­ra lusó­fona.

“Sua poe­sia, teci­da de memória, resistên­cia e afe­to, rev­ela a potên­cia das vozes africanas e fem­i­ni­nas que enrique­cem os patrimônios cul­tur­ais. Recon­hece­mos sua obra como laços pro­fun­dos que unem Brasil, Ango­la e todos os país­es da luso­fo­nia pela arte, pela palavra e pela história com­par­til­ha­da”, afir­mou.

O pres­i­dente da Fun­dação Bib­liote­ca Nacional, Mar­co Luc­ch­esi, desta­cou que Ana Paula Tavares é uma “rep­re­sen­tante extra­ordinária” da luso­fo­nia, prin­ci­pal vocação do Prêmio Camões.

“Poeta, ensaís­ta, pesquisado­ra, ela reúne todas as vir­tudes que deságuam num com­pro­mis­so éti­co. Seu olhar é mar­ca­do pela urgên­cia, ao reivin­dicar as questões da África, do Brasil e de Por­tu­gal, aten­ta aos grandes desafios con­tem­porâ­neos”, disse Luc­ch­esi.

Sobre a vencedora

Ana Paula Tavares nasceu na provín­cia angolana de Huíla, em 1952. O iní­cio da grad­u­ação em história foi na Fac­ul­dade de Letras do Luban­go, atu­al Insti­tu­to Supe­ri­or de Ciên­cias da Edu­cação da Huíla. A mudança para Por­tu­gal foi em 1992, onde ter­mi­nou o cur­so na Fac­ul­dade de Letras da Uni­ver­si­dade de Lis­boa. Lá mes­mo fez mestra­do em Lit­er­at­uras Africanas. Mais tarde, com­ple­tou doutora­do em antropolo­gia na Uni­ver­si­dade Nova de Lis­boa. Atual­mente, leciona na Uni­ver­si­dade Católi­ca de Lis­boa.

Entre poe­sia, crôni­cas e romances, Ana Paula Tavares pub­li­cou mais de dez livros, em títu­los como Ritos de Pas­sagem (1985), O Lago da Lua (1999), A Cabeça de Salomé (2004) e Um rio pre­so nas mãos (2019). Em 2004, gan­hou o Prêmio Mário Antônio de Poe­sia, atribuí­do pela Fun­dação Calouste Gul­benkian, com o livro Dizes-me coisas amar­gas como os fru­tos.

A escrito­ra angolana rece­beu ain­da o Prêmio Nacional de Cul­tura e Artes de Ango­la na cat­e­go­ria lit­er­atu­ra, em 2007, pelo livro Man­u­al para amantes deses­per­a­dos. Segun­do a FBN, obras da auto­ra estão pre­sentes em antolo­gias pub­li­cadas em país­es como Por­tu­gal, Brasil, França, Ale­man­ha, Espan­ha e Sué­cia.

Prêmio Camões

O Prêmio Camões foi insti­tuí­do, em 1988, pelos gov­er­nos do Brasil e de Por­tu­gal para estre­itar os laços cul­tur­ais entre os dois país­es inte­grantes da Comu­nidade dos País­es de Lín­gua Por­tugue­sa (CPLP), mas tam­bém para enrique­cer o patrimônio literário e cul­tur­al da lín­gua por­tugue­sa. A primeira edição foi real­iza­da em 1989. O con­jun­to da obra, que con­tribui para a val­oriza­ção do patrimônio literário e cul­tur­al da lín­gua por­tugue­sa, é deter­mi­nante para a escol­ha dos vence­dores. A orga­ni­za­ção da pre­mi­ação pela parte por­tugue­sa cabe ao Min­istério da Cul­tura de Por­tu­gal e pela brasileira à Fun­dação Bib­liote­ca Nacional.

A cada edição, o júri é com­pos­to por dois por­tugue­ses, dois brasileiros e dois rep­re­sen­tantes dos demais país­es mem­bros da CPLP: Ango­la, Guiné-Bis­sau, Cabo Verde, Moçam­bique, Tim­or Leste e São Tomé e Príncipe. Cada jura­do tem manda­to de dois anos.

Con­heça os vence­dores do Prêmio Camões, por ordem cronológ­i­ca:

Miguel Tor­ga (Por­tu­gal), João Cabral de Mel­lo Neto (Brasil), José Craveir­in­ha (Moçam­bique), Vergílio Fer­reira (Por­tu­gal), Rachel de Queiroz (Brasil), Jorge Ama­do (Brasil), José Sara­m­a­go (Por­tu­gal), Eduar­do Lourenço (Por­tu­gal), Pepetela (Ango­la), António Cân­di­do (Brasil), Sophia de Mel­lo Breyn­er Andresen (Por­tu­gal), Autran Doura­do (Brasil), Eugénio de Andrade (Por­tu­gal), Maria Vel­ho da Cos­ta (Por­tu­gal), Rubem Fon­se­ca (Brasil), Agusti­na Bessa-Luís (Por­tu­gal), Lygia Fagun­des Telles (Brasil), Luandi­no Vieira — recu­sa­do (Ango­la), António Lobo Antunes (Por­tu­gal), João Ubal­do Ribeiro (Brasil), Arménio Vieira (Cabo Verde), Fer­reira Gullar (Brasil), Manuel António Pina (Por­tu­gal), Dal­ton Tre­visan (Brasil), Mia Couto (Moçam­bique), Alber­to da Cos­ta e Sil­va (Brasil), Hélia Cor­reia (Por­tu­gal), Radouan Nas­sar (Brasil), Manue Ale­gre (Por­tu­gal), Ger­mano Almei­da (Cabo Verde), Chico Buar­que (Brasil), Vítor de Aguiar e Sil­va (Por­tu­gal), Pauli­na Chiziane (Moçam­bique), Sil­viano San­ti­a­go (Brasil), João Bar­ren­to (Por­tu­gal), Adélia Pra­do (Brasil).

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