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Especialistas apoiam proibição de celular em sala de aula

Professora teme que crianças fiquem ansiosas

Flávia Albu­querque — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 13/12/2024 — 06:55
São Paulo
Brasília/DF, 19/01/2024, Golpes feitos pelo telefone celular. Crime cibernético, Fake news, cyber crime, golpe, fraude, Fraude bancária. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Repro­dução: © Joéd­son Alves/Agência Brasil

A restrição ao uso de celu­lares em sala de aula, aprova­da na Comis­são de Con­sti­tu­ição e Justiça e de Cidada­nia (CCJ) da Câmara dos Dep­uta­dos, em Brasília, tem o apoio de espe­cial­is­tas. Con­sul­tadas pela Agên­cia Brasil, duas pesquisado­ras da área de edu­cação apon­taram bene­fí­cios na relação dos pro­fes­sores e alunos com a medi­da, aprova­da na Assem­bleia Leg­isla­ti­va de São Paulo (Ale­sp) em novem­bro e que, em nív­el nacional, segue para aprovação no Sena­do Fed­er­al.

Para Sandhra Cabral, do por­tal Edu­car para Ser Grande e pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Munic­i­pal de São Cae­tano do Sul (USCS), a proibição de celu­lares nas esco­las tornou-se necessária porque cri­anças e até mes­mo adul­tos no Brasil não são ensi­na­dos sobre como usar a inter­net de for­ma cor­re­ta, saben­do os bene­fí­cios e pre­juí­zos que ela pode ofer­e­cer. Entre os male­fí­cios, Sandhra cita prob­le­mas de cog­nição, per­da do foco e dis­tração.

Impacto

Mes­mo assim, a pro­fes­so­ra não acred­i­ta que ape­nas a proibição vai impactar a vida e o foco das cri­anças e ado­les­centes de for­ma total­mente pos­i­ti­va, prin­ci­pal­mente no iní­cio da imple­men­tação da medi­da.

“As cri­anças estarão proibidas de usar o celu­lar den­tro da esco­la, sendo obri­gadas a inter­a­gir com pro­fes­sores e cole­gas, o que é bom; mas elas ficarão extrema­mente ansiosas no iní­cio porque estão acos­tu­madas a uti­lizar os apar­el­hos o tem­po inteiro”, opinou.

Atividades pedagógicas

“No primeiro dia leti­vo de 2025, a pes­soa vai para a esco­la e não pode usar o celu­lar por qua­tro, cin­co horas. Se é inte­gral, por muito mais tem­po. Essa cri­ança ou ado­les­cente ficou com o celu­lar na mão as férias inteiras. E aí ela chega lá e não vai ter isso. Então, primeiro será necessário ter uma read­e­quação, os pro­fes­sores terão que cri­ar várias ativi­dades pedagóg­i­cas que sejam inter­a­ti­vas para as cri­anças não ficarem sen­tadas na carteira ven­do o pro­fes­sor falar, porque isso vai dar uma ansiedade absur­da ness­es alunos”, anal­isou.

Segun­do Sandhra, uma saí­da é ado­tar aulas de edu­cação midiáti­ca den­tro das dis­ci­plinas cur­ric­u­lares, ain­da que de for­ma inter­dis­ci­pli­nar ou trans­ver­sal. Ela obser­va que, ape­sar da lei fed­er­al de 1º de janeiro de 2023, que ori­en­ta as esco­las a terem edu­cação midiáti­ca, ninguém fez isso ain­da.

“É pre­ciso porque as cri­anças vão con­tin­uar usan­do a inter­net sem saber de todos os riscos. E nós vamos con­tin­uar ten­do fake news e desin­for­mação, porque as cri­anças não sabem difer­en­ciar fato de opinião. E há uma gama de jovens anal­fa­betos fun­cionais que tam­bém não sabem faz­er essa dis­tinção”, opinou.

A pro­fes­so­ra desta­cou que um pon­to pos­i­ti­vo é a flex­i­bi­liza­ção do uso para fins pedagógi­cos, porque dessa for­ma o impacto dessa ansiedade nas cri­anças diminuirá, ao mes­mo tem­po que se mostra ser pos­sív­el faz­er as duas coisas – mane­jar o celu­lar e apren­der ao mes­mo tem­po.

Interação

Pesquisado­ra do tema, Andreia Schmidt, da Fun­dação de Amparo à Pesquisa do Esta­do de São Paulo (Fape­sp), é a favor da proibição porque acred­i­ta que a esco­la será o local onde cri­anças e ado­les­centes ficarão longe das telas, per­mitin­do que inter­a­jam mel­hor com as pes­soas, sejam pro­fes­sores ou cole­gas.

Segun­do Andreia, aumen­tar a inter­ação social dess­es estu­dantes, mes­mo que só den­tro da esco­la, será pos­i­ti­vo porque são as pes­soas que ensi­nam como nos reg­u­lar­mos emo­cional­mente, como lidar com as difer­enças, como lidar com o mun­do que, em últi­ma instân­cia, é o que impor­ta, avaliou.

“O que de fato essa lei vem traz­er é a opor­tu­nidade para as cri­anças e ado­les­centes inter­a­girem no mun­do real, tan­to com as tare­fas, com as deman­das do mun­do real, como com as deman­das soci­ais, que são as deman­das de rela­ciona­men­to, de inter­ação que a gente pre­cisa apren­der ao lon­go da infân­cia e da ado­lescên­cia”, final­i­zou.

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