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Especialistas defendem que Brics devem se unir para avançar em IA

Seminário Diálogo Brasil-China debateu cooperação em diversas áreas

Mar­i­ana Tokar­nia – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 03/07/2025 — 17:56
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro- 03/07/2025 - Diálogo Brasil-China sobre BRICS e Cooperação Global em Finanças, IA e Transição Verde. Fotos: Rafael Medelima
Repro­dução: © Rafael Mede­li­ma

Espe­cial­is­tas chi­ne­ses defen­d­em que o país deve se unir aos demais mem­bros que com­põem o Brics para que, jun­tos, pos­sam avançar tan­to no desen­volvi­men­to de inteligên­cia arti­fi­cial (IA) quan­to em pro­dução de ener­gia sus­ten­táv­el. Den­tre os país­es do blo­co, a Chi­na é um dos que mais tem avança­do ness­es setores.

No iní­cio deste ano, a Chi­na chamou atenção do mun­do quan­do anun­ciou a IA DeepSeek, que super­ou em aces­sos o Chat­G­PT, da empre­sa estadunidense Open IA. Depois, o país apre­sen­tou out­ros mod­e­los de suces­so de IA, esta­b­ele­cen­do como meta, até 2030, se tornar líder glob­al dessa tec­nolo­gia.

“País­es do Sul glob­al pre­cisam cri­ar coop­er­ação, com fun­dos e recur­sos para que desen­volvam parce­rias. Out­ro pon­to é a trans­fer­ên­cia de tec­nolo­gia para país­es do Sul. Como essas fer­ra­men­tas podem ser usadas de for­ma mais abrangente é a per­gun­ta que pre­cisamos faz­er. Pre­cisamos tro­car ideias”, defende o pro­fes­sor Xiao Youdan, espe­cial­ista em estraté­gias tec­nológ­i­cas que inte­gra a Acad­e­mia Chi­ne­sa de Ciên­cias.

Youdan par­ticipou, nes­ta quin­ta-feira (3), do sem­i­nário Diál­o­go Brasil-Chi­na sobre os Brics e Coop­er­ação Glob­al em Finanças, IA e Tran­sição Verde, real­iza­do em parce­ria entre o Brics Pol­i­cy Cen­ter da Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e o Bei­jing Club for Inter­na­tion­al Dia­logue, como parte da pro­gra­mação ofi­cial do Brics Brasil.

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O pro­fes­sor ressalta que país­es desen­volvi­dos, como os Esta­dos Unidos, são os grandes deten­tores dessa tec­nolo­gia, que é usa­da e ali­men­ta­da tam­bém pelos usuários de país­es em desen­volvi­men­to do Sul glob­al, como o próprio Brasil. “Quan­do usamos aplica­tivos, inse­r­i­mos nos­sos dados e os nos­sos dados estão no sis­tema deles e são usa­dos para o desen­volvi­men­to econômi­co deles”, diz.

O dire­tor do pro­gra­ma de Políti­ca Inter­na­cional do Insti­tu­to Nacional de Estraté­gia Glob­al da Acad­e­mia Chi­ne­sa de Ciên­cias Soci­ais, Zhao Hai, acres­cen­ta que a medi­da em que país­es desen­volvi­dos dom­i­nam cada vez mais a tec­nolo­gia, os demais são alça­dos à condição de pro­du­tores de matérias-pri­mas e têm as pos­si­bil­i­dades do próprio desen­volvi­men­to cada vez mais reduzi­das, aumen­tan­do o abis­mo dig­i­tal entre as nações mais ric­as e as mais pobres.

“País­es desen­volvi­dos detém as fer­ra­men­tas e essa dom­i­nação vai reti­ran­do a pos­si­bil­i­dade daque­les que chegam depois de avançar. Se país­es do Brics não se unirem, nós vamos sofr­er con­se­quên­cias dessa lacu­na que só faz aumen­tar. Pre­cisamos andar rápi­do na coop­er­ação”, diz.

Rep­re­sen­tan­do a África do Sul, a pesquisado­ra do Glob­al Cen­tre for Aca­d­e­m­ic Research de South Val­ley Uni­ver­si­ty, Thelela Ngc­etane-Vika, chamou atenção para as dis­pari­dades cul­tur­ais e socioe­conômi­cas dos país­es que com­põem o blo­co e como isso é tam­bém deci­si­vo no desen­volvi­men­to de novas tec­nolo­gias.

“Um dos desafios na África são as questões da exclusão dig­i­tal. Então, você pode falar sobre IA, mas no con­tex­to de fal­ta de recur­sos e de infraestru­tu­ra, você tem questões de exclusão dig­i­tal. E isso, por si só, remete a questões de desigual­dade”, diz. “A ausên­cia de igual­dade de condições é um prob­le­ma. Porque se min­ha avó, em uma aldeia em algum lugar da África do Sul, não tiv­er aces­so a nen­hu­ma for­ma de tec­nolo­gia, ape­nas ao tele­fone, isso é um prob­le­ma. Então, você pode falar sobre as com­plex­i­dades dos desafios, os riscos, mas, em um nív­el fun­da­men­tal, na África, esta­mos lidan­do com esse tipo de desafio”, ressalta.

Energia sustentável

O sem­i­nário abor­dou tam­bém o papel dos país­es do Brics na tran­sição energéti­ca, ou seja, na tro­ca grad­ual dos com­bustíveis fós­seis, como petróleo e carvão, por fontes mais limpas, que emitem menos gas­es do efeito est­u­fa que provo­cam o aque­c­i­men­to glob­al.

Segun­do a pro­fes­so­ra da PUC-Rio Maria Ele­na Rodriguez, os país­es do Brics têm um papel fun­da­men­tal para a tran­sição energéti­ca. Ess­es país­es, no entan­to, partem de pon­tos muito difer­entes, desta­ca.

“Os país­es do Brics são um grupo bem het­erogê­neo. A gente encon­tra gigantes pro­du­tores de fós­seis e país­es com alta par­tic­i­pação de ren­ováveis”, diz. Dados apre­sen­ta­dos pela pesquisado­ra mostram que, jun­tos, os país­es rep­re­sen­tam 74% do con­sumo glob­al de car­bono e 70% da sua pro­dução; 37% da pro­dução e 36% do con­sumo de gás nat­ur­al; 37% de todo o con­sumo de deriva­dos de petróleo e 42% da pro­dução desse óleo.

Den­tre os país­es do blo­co estão gigantes como a Chi­na, cuja matriz energéti­ca é 61% carvão; a Arábia Sau­di­ta, com 64,2% de petróleo; e a Rús­sia, com 52,3% de gás nat­ur­al. Entre os destaques de uti­liza­ção de ener­gia ren­ováv­el está o Brasil, com 31,7% de ener­gia de bio­mas­sa e a Etiópia, com 87,2% de bio­com­bustíveis e resí­du­os.

Segun­do Rodriguez, a dis­cussão de tran­sição energéti­ca dos Brics exige a adoção de uma per­spec­ti­va que recon­heça as par­tic­u­lar­i­dades históri­c­as, econômi­cas e geopolíti­cas de cada um dos país­es. “Eu acho que isso é impor­tante para chegar a acor­dos de definição, para pen­sar o que uma tran­sição social­mente jus­ta, pen­sar nos tra­bal­hadores, nas comu­nidades, nos ter­ritórios, nos dire­itos ter­ri­to­ri­ais etc”.

A pro­fes­so­ra defende ain­da que o blo­co ten­ha uma “políti­ca de coop­er­ação conc­re­ta”. “Isso que eu acho impor­tante. E não só de finan­cia­men­to, mas tam­bém da tec­nolo­gia, de trans­mis­são de con­hec­i­men­to. Senão, a gente con­tin­ua repro­duzin­do, den­tro dos Brics, os mes­mos dese­qui­líbrios que a gente tem a nív­el glob­al”.

De acor­do com o chefe do depar­ta­men­to de relações inter­na­cionais da Uni­ver­si­dade de Tsinghua, Tang Xiaoyang, a coop­er­ação entre país­es é impor­tante para a Chi­na. “Na ver­dade, não ape­nas o hem­is­fério Sul, mas com as econo­mias avançadas como Europa e Esta­dos Unidos. A Chi­na tam­bém gostaria que eles crescessem jun­tos, porque só assim todos os país­es se ben­e­fi­cia­ri­am uns dos out­ros por meio do comér­cio e do inves­ti­men­to. Caso con­trário, se ape­nas a Chi­na crescesse, ela tam­bém perde­ria força depois de um tem­po”, diz.

Ele acres­cen­ta: “O inves­ti­men­to e o comér­cio chinês com todos os out­ros país­es estrangeiros são incen­ti­va­dos pelo gov­er­no chinês. O gov­er­no chinês entende que não se tra­ta de aju­da, mas sim de coop­er­ação econômi­ca como um negó­cio. Essa é a própria exper­iên­cia de desen­volvi­men­to da Chi­na”.

Brics

O Brics é um blo­co que reúne rep­re­sen­tantes de 11 país­es-mem­bros per­ma­nentes: Brasil, Rús­sia, Índia, Chi­na, África do Sul, Irã, Arábia Sau­di­ta, Egi­to, Etiópia, Emi­ra­dos Árabes Unidos e Indonésia. Tam­bém par­tic­i­pam os país­es-par­ceiros: Belarus, Bolívia, Caza­quistão, Tailân­dia, Cuba, Ugan­da, Malásia, Nigéria, Viet­nã e Uzbeq­ui­stão. Sob a presidên­cia do Brasil, a 17ª Reunião de Cúpu­la do Brics ocorre no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de jul­ho.

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