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Especialistas discutem conservação dos jardins do Sítio Burle Marx

Repro­dução: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Plano de gestão da unidade será entregue no ano que vem à Unesco


Pub­li­ca­do em 29/09/2023 — 08:02 Por Alana Gan­dra – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Inscrito na lista de Patrimônio Mundi­al da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco) em 2021, o Sítio Rober­to Burle Marx (SRBM), situ­a­do na zona oeste do Rio de Janeiro, entre­gará em dezem­bro seu plano de gestão à insti­tu­ição. O plano é amp­lo e está sendo elab­o­ra­do jun­to com o comitê gestor do sítio, com­pos­to por rep­re­sen­tantes da sociedade civ­il, insti­tu­ições públi­cas e enti­dades lig­adas dire­ta ou indi­re­ta­mente ao bem.

A inscrição como Patrimônio Mundi­al da Unesco envolve as coleções artís­ti­ca e botâni­ca do sítio, o con­jun­to arquitetôni­co e tam­bém os jardins feitos pelo pais­ag­ista Rober­to Burle Marx. Den­tro do plano gestor, está sendo elab­o­ra­do o plano de con­ser­vação pro­gra­ma­da dos jardins da unidade. Espe­cial­is­tas estão reunidos no local para o work­shop téc­ni­co Preser­vação dos jardins do SRBM. “Esta­mos deba­ten­do o plano com espe­cial­is­tas das áreas de botâni­ca, biolo­gia, arquite­tu­ra, urban­is­mo, his­to­ri­adores da arte e espe­cial­is­tas em restau­ração de jardim históri­co”, disse à Agên­cia Brasil o coor­de­nador do tra­bal­ho e da área de Pesquisa do sítio, Rafael Zamora­no.

Segun­do Zamora­no, o plano leva em con­sid­er­ação que os jardins são tomba­dos e têm que ter sua com­posição preser­va­da, bem como os arran­jos de plan­tas e obje­tos de arte ali expos­tos, de modo que, daqui a 20 ou 30 anos, “con­tin­ue com a cara que ele tem hoje”. Como se tra­ta de um jardim vivo, é pre­ciso aten­tar para os aspec­tos com­pos­i­tivos, para que ele con­tin­ue sendo o “jardim de Burle Marx”.

O plano de con­ser­vação dos jardins do local será dis­cu­ti­do até esta sex­ta-feira (29), para que seja apre­sen­ta­do à Unesco em 2024 e pub­li­ca­do como doc­u­men­to de refer­ên­cia, além de ter for­ma­to online. A parte ini­cial do tra­bal­ho ref­ere-se ao Jardim 1, que inte­gra o con­jun­to da casa prin­ci­pal do sítio, que era residên­cia do pais­ag­ista.

Gestão

De acor­do com Zamora­no, o plano de gestão incluirá vários aspec­tos, entre os quais, a gestão da coleção botâni­ca e seu inven­tário, a relação com a comu­nidade de hor­tic­ul­tores de Guarat­i­ba e como o sítio pode ser um fator de desen­volvi­men­to para a pop­u­lação local e que retorno o imóv­el traz para a comu­nidade. Out­ra questão diz respeito às políti­cas edu­ca­cionais e ambi­en­tais e à relação com as esco­las. O tra­bal­ho em debate envolve tam­bém o que está sendo feito para con­ser­var os jardins na sua inte­gri­dade estéti­ca e sen­so­r­i­al e inte­gra as ações pre­vis­tas no plano de gestão.

Rafael Zamora­no infor­mou que o plano deve ser entregue à Unesco em março do ano que vem. Já o plano de con­ser­vação dos demais jardins (do Ate­lier e dos Lagos) tem lança­men­to pre­vis­to no segun­do semes­tre de 2024.

A dire­to­ra do sítio, Clau­dia Stori­no, disse à Agên­cia Brasil que a equipe téc­ni­ca já desen­volveu uma metodolo­gia que foi apli­ca­da no jardim prin­ci­pal. A reunião atu­al, que apre­sen­ta o plano pre­lim­i­nar de con­ser­vação a espe­cial­is­tas con­vi­da­dos do Brasil e do exte­ri­or, visa a obter e incor­po­rar sug­estões, ajus­tar o tra­bal­ho da equipe do SRBM e, a par­tir daí, e definir o plano.

Segun­do Clau­dia, se a metodolo­gia for bem-suce­di­da, poderá ser apli­ca­da depois em out­ros jardins históri­cos e em muitos out­ros lugares. “É uma metodolo­gia de enten­der cada jardim, de reg­is­trar e de ten­tar um pouco pre­v­er quais são os riscos e as coisas futuras para as quais a gente pre­cisa se preparar para que esse jardim seja preser­va­do”.

Ela disse que o plano de con­ser­vação dos jardins do Sítio Burle Marx será pub­li­ca­do em 2024 com três vol­umes, sendo um para cada jardim do equipa­men­to.

Sítio

Sítio do Burle Marx, candidato ao título de Patrimônio Mundial da Unesco.
Repro­dução: Residên­cia do pais­ag­ista no sítio con­ser­va obje­tos cole­ciona­dos por ele ao lon­go da vida — Tomaz Silva/Agência Brasil

O Sitio Rober­to Burle Marx é uma pro­priedade de 40,7 hectares, remanes­cente de uma fazen­da do sécu­lo 18, situ­a­da na Estra­da Rober­to Burle Marx1 nº 2019, em Bar­ra de Guarat­i­ba, na cap­i­tal do esta­do do Rio de Janeiro.

A pro­priedade inclui, além de uma extra­ordinária coleção botâni­co-pais­agís­ti­ca, sete edi­fi­cações, cin­co espel­hos d’água e um acer­vo muse­ológi­co de mais de 3 mil itens e con­sti­tui o maior e mais impor­tante reg­istro de memória da vida e obra do artista múlti­p­lo Rober­to Burle Marx, mundial­mente recon­heci­do tan­to por seus pro­je­tos de jardins trop­i­cais quan­to pela exten­sa pro­dução no cam­po das artes visuais, em vari­a­dos meios de expressão: gravuras, seri­grafias, desen­hos, escul­turas, tapeçarias, pin­turas sobre difer­entes suportes, painéis de cerâmi­ca, joias, cenários e fig­uri­nos para teatro, entre out­ros.

Além de obras pro­duzi­das por Burle Marx, estão preser­va­dos no sítio a bib­liote­ca do artista; sua residên­cia com todo o mobil­iário e obje­tos pes­soais; suas coleções de arte sacra, cerâmi­ca pré-colom­biana, con­chas, obje­tos de design e arte pop­u­lar.

A veg­e­tação nati­va da região é out­ro destaque do equipa­men­to e inclui espé­cies per­ten­centes ao manguezal, à restin­ga e à Mata Atlân­ti­ca. As infor­mações são do Insti­tu­to do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co Nacional (Iphan), ao qual está sub­or­di­na­da a unidade.

Memorial

Neste sába­do (30), será lança­do no sítio o pro­je­to Memo­r­i­al Botâni­co Rober­to Burle Marx, 40 anos depois de uma expe­dição real­iza­da pelo pais­ag­ista na Amazô­nia. O even­to é inti­t­u­la­do A Descober­ta da Veg­e­tação Brasileira por Rober­to Burle Marx. O obje­ti­vo do pro­je­to é reunir e sis­tem­ati­zar os reg­istros e as memórias das excursões de cole­ta feitas por Burle Marx ao lon­go de muitos anos, que foram o prin­ci­pal aporte para a con­sti­tu­ição da coleção de plan­tas do sítio.

A expe­dição de Rober­to Burle Marx à Amazô­nia foi real­iza­da entre 27 de setem­bro e 17 de novem­bro de 1983 e con­tou com patrocínio da Varig, então uma das prin­ci­pais com­pan­hias aéreas do Brasil. Foram quase dois meses de viagem, com um roteiro exten­so. Nes­sa época, Burle Marx tin­ha 74 anos e seus colab­o­radores, que hoje coor­de­nam o pro­je­to, tin­ham entre 20 e 30 anos de idade.

Em 53 dias de viagem, foram per­cor­ri­dos 11 mil quilômet­ros de estra­da, 1,8 mil quilômet­ros de rios. Ini­ci­a­do no Rio de Janeiro, o per­cur­so incluiu Cuiabá, Por­to Vel­ho, Man­aus, Boa Vista, Belém e Goiâ­nia, voltan­do daí à cap­i­tal flu­mi­nense. Foram cole­tadas mais de 350 espé­cies botâni­cas difer­entes. Os resul­ta­dos da viagem foram reg­istra­dos em pub­li­cação de cir­cu­lação restri­ta do Con­sel­ho Nacional de Desen­volvi­men­to Cien­tí­fi­co e Tec­nológi­co (CNPq), inti­t­u­la­da Expe­dição Burle Marx à Amazô­nia.

Edição: Nádia Fran­co

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