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Especialistas pedem mais vacinação contra aumento da dengue no verão

Situação é preocupante, diz presidente da SBI, Alberto Chebabo

Cristi­na Indio do Brasil — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 21/11/2024 — 15:15
Rio de Janeiro
São Paulo 11/04/2024 Prefeitura amplia a vacinação contra a Dengue, serão 471 UBS e AMAs, para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Fotos da vacinaçao na UBS do Cambuci. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil
Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

A expec­ta­ti­va de aumen­to nos casos de dengue no próx­i­mo verão é “bas­tante pre­ocu­pante”. A afir­mação é do pres­i­dente da Sociedade Brasileira de Infec­tolo­gia (SBI), Alber­to Chebabo. Segun­do o médi­co, a dengue é uma doença sur­preen­dente, que vem sendo com­bat­i­da des­de a déca­da de 80 com pou­cas vitórias. Chebabo defend­eu que é pre­ciso ampli­ar a apli­cação de vaci­nas con­tra a doença para per­mi­tir a pro­teção de um número maior de pes­soas.

“A gente sabe que vai ser um verão quente e chu­voso. Já está assim e a gente ain­da não chegou no verão, mas a dengue já começa a apare­cer na pri­mav­era de for­ma inten­sa. Então, a gente tem uma pre­ocu­pação grande em relação a essa tem­po­ra­da. A gente espera que a adesão à vaci­na con­tra a dengue seja ampli­a­da e que a gente con­si­ga vaci­nar uma parte maior da pop­u­lação, pro­te­gen­do um número maior de pes­soas. Esta é uma doença que traz bas­tante danos à sociedade, não só em ter­mos de mortes como a gente tem vis­to recen­te­mente, mas em ter­mos de absen­teís­mo, sofri­men­to mes­mo, de inter­nação, então, é uma doença que não é sim­ples. Mes­mo os que pas­sam por ela, dizem que nun­ca mais querem pas­sar por ela”, con­tou.

O médi­co foi um dos par­tic­i­pantes da cole­ti­va de apre­sen­tação da pesquisa inédi­ta sobre o impacto da desin­for­mação e das Fake News sobre a dengue, real­iza­da pela empre­sa multi­na­cional de pesquisa e con­sul­to­ria de mer­ca­do Ipsos e encomen­da­da pela bio­far­ma­cêu­ti­ca Take­da, com a colab­o­ração da SBI. Foram entre­vis­tadas 2 mil pes­soas para enten­der as per­cepções sobre a dengue, a vaci­nação em ger­al e sobre a doença.

“A gente sabe que uma das prin­ci­pais for­mas é através da vaci­nação e espera que o Min­istério da Saúde jun­to com a Take­da, con­si­ga ampli­ar a ofer­ta de vaci­nas pra gente pro­te­ger um número maior de pes­soas, ampli­ar as nos­sas faixas etárias de vaci­nação, as cidades ben­e­fi­ci­adas com o pro­gra­ma”, com­ple­tou.

Tam­bém na apre­sen­tação, o vice-pres­i­dente da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções (SBIm) e pres­i­dente do Depar­ta­men­to de Imu­niza­ções da Sociedade Brasileira de Pedi­a­tria (SBP), Rena­to Kfouri, defend­eu mais capac­i­tação de profis­sion­ais de saúde para facil­i­tar a comu­ni­cação com pes­soas descon­fi­adas que se recusam a se vaci­nar. A gente tem feito várias ações de enfrenta­men­to à hes­i­tação vaci­nal. Temos várias na Sociedade Brasileira de Pedi­a­tria, de Infec­tolo­gia, de Imu­niza­ções, de gibis com a tur­ma do Mau­rí­cio de Souza, even­tos pres­en­ci­ais, parce­rias com o Insti­tu­to Questão de Ciên­cia para enten­der este fenô­meno social em relação a con­fi­ança nas vaci­nas. É um papel de todos”, apon­tou.

O médi­co infec­tol­o­gista acres­cen­tou que a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) começa como enfrenta­men­to da hes­i­tação a estraté­gia con­heci­da como 5 letras C “mel­ho­rar a con­fi­ança na vaci­na e na estratég­i­ca públi­ca de colo­car a vaci­nação em práti­ca; a com­placên­cia, que é a per­cepção do risco, pre­cisamos tra­bal­har mostran­do os riscos da doença; a con­veniên­cia que é o aces­so e as vaci­nas pre­cisam estar disponíveis; a comu­ni­cação com papel fun­da­men­tal da impren­sa e o últi­mo o con­tex­to que muitas vezes pre­cisa ser par­tic­u­lar­iza­do como no aces­so em regiões remo­tas, de pan­demia, políti­cos, às vezes reli­giosos de um povo local­iza­do”, obser­vou.

Pesquisa

Um fato pos­i­ti­vo no estu­do é que mes­mo diante da epi­demia da doença no Brasil neste ano, 88% dos entre­vis­ta­dos dis­ser­am que veem a vaci­na con­tra a dengue uma medi­da efi­caz de pre­venção.

Dengue: a realidade de uma epidemia - Caminhos da Reportagem. O instituto Butantan está desenvolvendo a primeira vacina contra a dengue totalmente Brasileira. O Brasil já registrou mais de um milhão e meio de casos de dengue este ano e mais de mil óbitos até abril deste ano. Em 2024, bateremos o recorde de casos de dengue desde o início da série histórica, em 1990. Foto: Frame/TV Brasil
Repro­dução: Dengue: a real­i­dade de uma epi­demia, por Frame/TV Brasil

“Para elas, inclu­sive a maior parte de notas muito altas para importân­cia de exi­s­tir uma vaci­na con­tra a dengue no sis­tema públi­co de saúde. Essa é uma infor­mação muito impor­tante porque ela nos diz o quan­to a pop­u­lação entende a importân­cia da disponi­bi­liza­ção da vaci­na con­tra a dengue no sis­tema públi­co”, indi­cou a anal­ista de Pesquisa de Mer­ca­do da área de Health­care na Ipsos, Juliana Sieg­mann.

Mes­mo com este per­centu­al ele­va­do de con­fi­ança nas vaci­nas, o estu­do indi­cou que a divul­gação de Fake News, prin­ci­pal­mente, em redes soci­ais, rep­re­sen­ta impacto dire­to nas decisões sobre a vaci­nação em ger­al. Entre os par­tic­i­pantes da pesquisa, 41% relataram ter rece­bido infor­mações fal­sas sobre vaci­nas neste tipo de meio de comu­ni­cação. Além dis­so, quase 30% já deixaram de se vaci­nar ou recomen­daram que out­ros não se vaci­nassem dev­i­do a dúvi­das sobre segu­rança e eficá­cia. Ain­da con­forme o estu­do, 10% decidi­ram não se vaci­nar por causa de infor­mações rece­bidas online ou de ami­gos e par­entes. Emb­o­ra não ten­ham muda­do de opinião, 17% ficaram em dúvi­da por causa das infor­mações rece­bidas.

Resultados

Como resul­ta­dos mais favoráveis da vaci­nação, 91% prestam atenção nas cam­pan­has, 90% acred­i­tam que as vaci­nas em ger­al trazem bene­fí­cios e 95% dizem ver­i­ficar a veraci­dade das infor­mações sobre vaci­nas. Na avali­ação dos sen­ti­men­tos des­per­ta­dos pelas infor­mações nas redes soci­ais sobre vaci­nas em ger­al, 77% falaram que elas troux­er­am sen­sações pos­i­ti­vas, como con­fi­ança (42%), tran­quil­i­dade (38%) e otimis­mo (33%). Pelo menos metade (50%) dos entre­vis­ta­dos se inter­es­sou pelo tema. Em movi­men­to con­trário, 23% se sen­ti­ram neg­a­ti­va­mente impacta­dos e relataram ansiedade (16%), descon­fi­ança (15%), medo (10%) e con­fusão (9%).

As prin­ci­pais fontes de infor­mação sobre vaci­nas e dengue são a TV (59%), as redes soci­ais (49%) e os pos­tos de saúde (47%). As Fake News mais comuns em relação à dengue são sobre a eficá­cia da vaci­na, a gravi­dade da doença, as curas mila­grosas e as infor­mações incor­re­tas sobre for­mas de con­tá­gio.

O estu­do da Ipsos apon­tou tam­bém que cer­ca de 10% dos pesquisa­dos são descrentes em relação às vaci­nas em ger­al, sendo mais propen­sos a acred­i­tar em fal­sas notí­cias. Nesse grupo, mais da metade tem idade aci­ma de 55 anos, leve pre­dom­inân­cia mas­culi­na e maior pre­sença nas class­es C, D e E. Emb­o­ra 77% ten­ham tido con­ta­to com a doença, 27% não con­sid­er­am a dengue grave ou não sabem.

“Essa pesquisa traz dados muito impor­tantes para todos nós, para a nos­sa atu­ação tan­to indi­vid­ual­mente, quan­to da própria sociedade, para balizar as nos­sas ações sem­pre no intu­ito de mel­ho­rar a for­ma da gente se comu­nicar, enten­der quais são os desafios que a gente tem nes­sa comu­ni­cação e dire­cionar a nos­sa comu­ni­cação para com­bat­er prin­ci­pal­mente as notí­cias fal­sas, as notí­cias fal­sas em relação a vaci­na de for­ma ger­al e, especi­fi­ca­mente, em relação à vaci­na con­tra a dengue”, comen­tou Chebabo.

Ain­da para aumen­tar o poder de con­venci­men­to da neces­si­dade da vaci­nação, Chebabo desta­cou que é pre­ciso tirar a vaci­na do dis­cur­so políti­co. “A doença atinge a todos quem é de um lado ou de out­ro, quem torce para um time ou out­ro de fute­bol. Todos são atingi­dos da mes­ma maneira inde­pen­dente das suas con­vicções, sejam reli­giosas, sejam políti­cas, sejam em tor­ci­da de algum time de fute­bol. É um tra­bal­ho que temos ten­ta­do faz­er, prin­ci­pal­mente, na vaci­na, tirar do dis­cur­so políti­co. A gente viu todo o mal que a gente teve no ques­tion­a­men­to em relação à vaci­na da covid-19, que resp­in­gou no pro­gra­ma e na que­da de cober­tu­ra de todas as vaci­nas”, afir­mou.

A dire­to­ra médi­ca da Take­da, Vivian Lee, lem­brou que o Brasil é o primeiro país a inte­grar a vaci­na con­tra a dengue em um pro­gra­ma nacional de imu­niza­ção, que ocor­reu em 21 de dezem­bro de 2023. “Causa para a gente muito orgul­ho de faz­er parte dessa história”, disse, acres­cen­tan­do que a Take­da tem estu­dos para a pro­dução da vaci­na da dengue que levaram até 15 anos. “Isso já rebate e esclarece uma Fake News de que a vaci­na foi desen­volvi­da muito rap­i­da­mente”, com­ple­tou.

Divulgação

A cam­pan­ha #Sem Som­bra de Dengue. Depende de você, que já está sendo exibi­da em veícu­los de comu­ni­cação, será divul­ga­da no Dia Nacional de Com­bate à Dengue, no próx­i­mo sába­do (23), quan­do haverá pro­jeções em vários locais do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Sal­vador.

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