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Especialistas sugerem vacinação nas escolas para aumentar adesão

Repro­dução: © Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

Imunizantes com histórico de bom alcance estão com baixa adesão


Pub­li­ca­do em 27/09/2023 — 07:08 Por Viní­cius Lis­boa — Rio de Janeiro

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A difi­cul­dade de aumen­tar a cober­tu­ra vaci­nal de ado­les­centes tem lev­a­do espe­cial­is­tas a sug­erir que uma solução efi­caz para aumen­tar a imu­niza­ção desse públi­co pode ser levar a vaci­na até ele, no espaço em que estão com mais fre­quên­cia: a esco­la. A pro­pos­ta gan­ha força no momen­to em que imu­nizantes com históri­co de atin­girem metas do Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções (PNI) estão com baixas cober­turas. 

A chefe de saúde do Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef) no Brasil, Luciana Phe­bo, defende a vaci­nação nas esco­las como uma for­ma de acel­er­ar a retoma­da das cober­turas vaci­nais, que pre­cisam ser recu­per­adas antes que doenças con­tro­ladas por elas voltem a incidir no país, como a par­al­isia infan­til.

“Out­ros setores como a edu­cação devem tra­bal­har jun­to com o SUS e o Pro­gra­ma Nacional de Imu­niza­ções. Se as esco­las não atu­arem jun­to, nós não vamos con­seguir dar essa acel­er­ação”, afir­ma Luciana Phe­bo. Para a espe­cial­ista, atu­ação vai além de vaci­nar nas unidades de ensi­no, “fazen­do vaci­nação nas esco­las, cam­pan­has de vaci­nação, edu­cação em saúde, trazen­do para a esco­la essa temáti­ca da saúde como impor­tante para se cuidar, do autocuida­do dos pais e mães, o cuida­do com as cri­anças peque­nas. A vaci­nação é uma questão legal. A cri­ança tem o dire­ito a ser pro­te­gi­da”.

Estratégia disponível

Vaci­nar nas esco­las já faz parte dos planos do Min­istério da Saúde para enfrentar as baixas cober­turas vaci­nais. A estraté­gia de mul­ti­vaci­nação ado­ta­da no Ama­zonas e no Acre des­de jun­ho, por exem­p­lo, pre­vê essa ação entre as pos­si­bil­i­dades de vaci­nação fora dos pos­tos de saúde.

A vaci­nação de cri­anças e ado­les­centes nas esco­las deve incluir o apoio de profis­sion­ais de saúde da atenção primária, para leitu­ra de cader­ne­ta de vaci­nação, a vaci­nação pro­pri­a­mente dita, e o  reg­istro de dos­es apli­cadas no Sis­tema de Infor­mação Ofi­cial do Min­istério da Saúde. O públi­co pri­or­itário para essa ação são as cri­anças e os ado­les­centes de 9 a 15 anos de idade, e as vaci­nas ofer­e­ci­das são dT, Febre Amarela, HPV, Trí­plice Viral, Hepatite B, Menin­gite ACWY e Covid-19.

O Min­istério da Saúde ori­en­ta ain­da que a vaci­nação esco­lar deve ser pre­ce­di­da de ação pedagóg­i­ca e de divul­gação volta­da aos estu­dantes sobre a importân­cia da vaci­nação. Caso o respon­sáv­el não queira autor­izar a vaci­nação da cri­ança ou ado­les­cente, ele dev­erá ser ori­en­ta­do a assi­nar e encam­in­har à esco­la o “Ter­mo de Recusa de Vaci­nação”.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, um pro­gra­ma de vaci­nação nas esco­las foi lança­do no últi­mo dia 15, com a pos­si­bil­i­dade de imu­niza­ção nas esco­las públi­cas e par­tic­u­lares. O secretário munic­i­pal de saúde, Daniel Soranz, desta­cou a imu­niza­ção con­tra o HPV entre as que pre­cisam chegar aos ado­les­centes. A vaci­na garante maior pro­teção se for apli­ca­da antes do iní­cio da vida sex­u­al e o vírus con­tra o qual ela pro­tege é o maior cau­sador de câncer de colo de útero, além de estar asso­ci­a­do a tumores malig­nos no pênis, ânus e gar­gan­ta.

“A vaci­na pri­or­itária é a vaci­na do HPV, porque é uma vaci­na que sal­va vidas no lon­go pra­zo, pre­venin­do o câncer de colo de útero e out­ros cânceres”, expli­cou o secretário. “A gente pre­tende aplicar todas as vaci­nas do cal­endário. A expec­ta­ti­va é que a gente vacine ou pelo menos con­fi­ra a cader­ne­ta de 600 mil cri­anças nesse proces­so”.

Em um mês do pro­gra­ma, a Sec­re­taria Munic­i­pal de Saúde apli­cou 28 mil dos­es em mais de 1,2 mil esco­las da cidade. Somente con­tra o HPV, mais de 11,5 mil ado­les­centes foram pro­te­gi­dos.

Promotora da saúde

A dire­to­ra da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções, Isabela Bal­lalai, con­ta que tra­bal­hou em vaci­nação nas esco­las ao lon­go de sua car­reira e afir­ma que as exper­iên­cias e estu­dos sobre o tema mostram que essa é uma estraté­gia necessária.

“Em 1993, fiz min­ha primeira cam­pan­ha vaci­nal em esco­las, e, sem dúvi­da nen­hu­ma, a lit­er­atu­ra, a min­ha práti­ca, a práti­ca do Min­istério da Saúde, mostram o quan­to isso é impor­tante. Essa estraté­gia ain­da é usa­da no Brasil como uma for­ma de aces­so, prin­ci­pal­mente para ado­les­centes. Se não levar, eles não vão ao pos­to, então, é muito impor­tante”.

Além de abrir as por­tas para a vaci­nação, ela defende que as esco­las podem con­tribuir como pro­mo­to­ra da saúde, com a edu­cação em saúde. “A esco­la pode con­tribuir muito com a con­fi­ança na vaci­nação, com a lem­brança das próx­i­mas dos­es, colo­can­do esse tema, que é con­sid­er­a­do trans­ver­sal pelo Min­istério da Edu­cação, no seu plane­ja­men­to pedagógi­co. Saúde e edu­cação pre­cisam andar jun­tas”.

A importân­cia e as facil­i­dades trazi­das pela vaci­nação nas esco­las tam­bém são recon­heci­das por parte das mães brasileiras. Uma pesquisa real­iza­da com duas mil mães no ano pas­sa­do chegou a um per­centu­al de 76% que con­sid­er­am a esco­la como o lugar ide­al para a vaci­nação infan­til. O estu­do foi real­iza­do pela far­ma­cêu­ti­ca Pfiz­er e pelo Insti­tu­to Loco­mo­ti­va e divul­ga­do em abril deste ano. As respostas indicam que as mães gostari­am de ser aju­dadas pela esco­la a man­ter o cal­endário vaci­nal em dia.

Oito em cada dez mães con­cor­daram com a frase “seria muito práti­co se a vaci­nação do/da meu/minha filho/filha pudesse ocor­rer den­tro da esco­la”, e, para 85%, “se hou­vesse a pos­si­bil­i­dade de a vaci­nação ocor­rer na esco­la a cober­tu­ra vaci­nal infan­til pode­ria ser maior”.

O ques­tionário apli­ca­do nas cin­co regiões do país tam­bém mostrou que 81% das entre­vis­tadas ficari­am seguras com a vaci­nação den­tro da esco­la se soubessem que ela seria real­iza­da por profis­sion­ais de saúde qual­i­fi­ca­dos. Segun­do a pesquisa 91% das mães afir­mam que provavel­mente autor­izari­am os fil­hos a rece­ber as dos­es na esco­la.

Edição: Aline Leal

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