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Estudantes da Unicamp homenageiam corpos negros usados em estudos

Repro­dução: © Thomaz Marostegan/Unicamp

Professora diz que ação traz ao debate papel do negro na universidade


Pub­li­ca­do em 08/04/2022 — 07:34 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

A 59ª tur­ma de med­i­c­i­na da Uni­ver­si­dade Estad­ual de Camp­inas (Uni­camp) e o Cole­ti­vo Quilom­bo Ubun­tu hom­e­nageiam, nes­ta sex­ta-feira (8), no Teatro de Are­na da insti­tu­ição, cadáveres negros usa­dos para estu­dos no Lab­o­ratório de Anato­mia.

Ini­cia­ti­va dos estu­dantes negros da tur­ma, a hom­e­nagem é apoia­da pela Dire­to­ria Exec­u­ti­va de Dire­itos Humanos (DeDH) da insti­tu­ição e pelo Cen­tro Acadêmi­co Adol­fo Lutz, que reúne estu­dantes de med­i­c­i­na. No even­to, será inau­gu­ra­da uma pla­ca, que dev­erá pos­te­ri­or­mente ser afix­a­da no Lab­o­ratório de Anato­mia do Insti­tu­to de Biolo­gia (IB).

A dire­to­ra exec­u­ti­va de Dire­itos Humanos da Uni­camp, pro­fes­so­ra Sil­via Maria San­ti­a­go, afir­mou que a ação traz à dis­cussão o papel do negro na uni­ver­si­dade. “Negro é aque­le que con­strói as pare­des ou que depois limpa os espaços, ou aque­le que está na mesa fria de uma sala de anato­mia? Ou o lugar do negro pode ser o lugar do estu­dante, o lugar do pesquisador, o lugar do docente, o lugar do téc­ni­co espe­cial­iza­do?”, ques­tio­nou.

“Nós esta­mos rev­er­en­cian­do esse anôn­i­mo cadáver da anato­mia patológ­i­ca, o negro, mas apon­tan­do para a frente, que é a defe­sa de que o negro pos­sa ocu­par um lugar de destaque den­tro das uni­ver­si­dades”, disse. Os cadáveres usa­dos no lab­o­ratório da insti­tu­ição são, em sua maio­r­ia, de pes­soas negras. Em ger­al, segun­do Sil­via, os cor­pos des­ti­na­dos a estu­dos cor­re­spon­dem a pes­soas con­sid­er­adas indi­gentes.

A pro­fes­so­ra con­tou que essa tur­ma de med­i­c­i­na des­per­tou para a questão dos cadáveres negros do lab­o­ratório no ano pas­sa­do, primeiro ano na uni­ver­si­dade, durante aula sobre éti­ca médi­ca, em que Sil­via falou sobre racis­mo na uni­ver­si­dade e na sociedade. “Foi chocante para o estu­dante negro, quan­do começou os seus estu­dos na anato­mia, perce­ber que a maior parte dos cadáveres era de negros, então eles ques­tionaram por que a maio­r­ia tem que ser de cor­pos negros.”

Neste ano, surgiu a pro­pos­ta da hom­e­nagem, ini­cia­ti­va dos estu­dantes negros da tur­ma, que con­tou com o apoio dos cole­gas, pro­fes­sores e da uni­ver­si­dade. Estão pre­vis­tas ain­da para o even­to apre­sen­tações musi­cais de Fabi­ana Coz­za, can­to­ra e doutoran­da pelo Insti­tu­to de Artes (IA); Ilessi, can­to­ra, com­pos­i­to­ra e doutoran­da pelo IA; Dou­glas Alon­so, per­cus­sion­ista e pro­fes­sor, e Marília Cor­rêa, can­to­ra e com­pos­i­to­ra.

Edição: Graça Adju­to

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