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Evento de tecnologia no Recife reúne mais de 80 mil pessoas até sábado

“Não se faz inovação sem povo”, diz presidente do Porto Digital

Luiz Clau­dio Fer­reira — Envi­a­do espe­cial*
Pub­li­ca­do em 07/11/2024 — 08:23
Recife
Brasília (DF) 07/11/2024 - Evento de tecnologia no Recife reúne mais de 80 mil pessoas até sábado. Foto: Vicktor Veitosa/Festival REC’n’Play/Divulgação
Repro­dução: © Vick­tor Veitosa/Festival REC’n’Play/Divulgação

O estu­dante per­nam­bu­cano Jack­son Sil­va, de 18 anos, do ter­ceiro ano do ensi­no médio, está ansioso na preparação para a segun­da pro­va do Exame Nacional do Ensi­no Médio (Enem) no próx­i­mo domin­go (10). Além de estu­dar, resolveu se inspi­rar. Ele pre­tende, no final da aula da esco­la públi­ca em que estu­da, saber mais da área que dese­ja cur­sar: tec­nolo­gia da infor­mação. E tam­bém se diver­tir um pouco como gamer. O cenário dessa inspi­ração é o local em que está acos­tu­ma­do a cur­tir o car­naval em fevereiro. Des­ta vez, porém, é out­ra folia. O tradi­cional bair­ro do Recife Anti­go recebe, até sába­do (9), uma pro­gra­mação com mais de 600 ativi­dades gra­tu­itas em even­to de tec­nolo­gia chama­do de Fes­ti­val REC’n’Play, que chega à sua sex­ta edição, com o tema “O futuro nos conec­ta”.

Os orga­ni­zadores esti­mam que mais de 80 mil pes­soas devem se inscr­ev­er para par­tic­i­par do encon­tro. Somadas, são mais de 1,5 mil horas de ativi­dades voltadas para ino­vação, negó­cios, cul­tura e entreten­i­men­to, com cer­ca de mil palestrantes e debate­dores em pelo menos 70 espaços da local­i­dade.

Con­fi­ra aqui a pro­gra­mação do even­to.

Entre os real­izadores do fes­ti­val está o Por­to Dig­i­tal, uma ini­cia­ti­va que nasceu há 24 anos e que via­bi­li­zou a orga­ni­za­ção de 415 empre­sas (em ger­al star­tups), que hoje empregam 18,4 mil pes­soas, que pro­duzem prin­ci­pal­mente soft­ware. Segun­do o pres­i­dente do Por­to Dig­i­tal, o pro­fes­sor Pierre Luce­na, da Uni­ver­si­dade Fed­er­al de Per­nam­bu­co (UFPE), os pro­du­tos real­iza­dos têm impacto social dire­to, inclu­sive em comu­nidades per­iféri­c­as do esta­do. “Não se faz ino­vação sem povo e sem a per­ife­ria”, con­sid­era. Ele citou o pro­gra­ma de fomen­to denom­i­na­do “Embar­que Dig­i­tal”, parce­ria com a prefeitu­ra da cap­i­tal, que via­bi­liza o bene­fí­cio de 600 bol­sas para que pes­soas em vul­ner­a­bil­i­dade pos­sam estu­dar tec­nolo­gia.

Brasília (DF) 07/11/2024 - Evento de tecnologia no Recife reúne mais de 80 mil pessoas até sábado. Foto: Vicktor Veitosa/Festival REC’n’Play/Divulgação
Repro­dução: Fes­ti­val de tec­nolo­gia no Recife reúne mais de 80 mil pes­soas até sába­do. Foto Vick­tor Veitosa/Festival REC’n’Play/Divulgação

Segun­do ele, o REC’n’Play  tem o obje­ti­vo aprox­i­mar o públi­co de temas como tec­nolo­gia, ino­vação, econo­mia cria­ti­va e empreende­doris­mo. Nes­ta edição, as ativi­dades são divi­di­das nos eixos temáti­cos das cidades e sociedade, econo­mia cria­ti­va, negó­cios e tec­nolo­gia. No primeiro dia do even­to, filas se for­maram para par­tic­i­par das are­nas de gamers e de robôs. Espaços para desen­volvi­men­tos de negó­cios tam­bém foram aces­sa­dos.

Logo que foi insta­l­a­do no cen­tro do Recife (a região que era evi­ta­da pelos pon­tos de dro­gas e fur­tos), o pro­je­to pas­sou a atrair novo cenário de par­tic­i­pação pop­u­lar. “O Por­to Dig­i­tal tem dois propósi­tos: o primeiro é faz­er o restau­ro do teci­do urbano cen­tral no bair­ro do Recife. E o segun­do, o de ser esse pro­je­to ger­ador de emprego e ren­da.

“É possível transformar”

De acor­do com o pro­fes­sor Sil­vio Meira, eméri­to da UFPE, empreende­dor na área de engen­haria de soft­ware e um dos fun­dadores do Por­to Dig­i­tal, a ini­cia­ti­va do even­to bus­ca ren­o­var e redesen­har per­spec­ti­vas para as pes­soas no cen­tro históri­co do Recife. “Começamos (em 2000) com cin­co empre­sas e 46 pes­soas. Hoje, são quase 20 mil pes­soas tra­bal­han­do e cer­ca de R$ 6 bil­hões de fat­u­ra­men­to. É pos­sív­el trans­for­mar os cen­tros das cidades, mas é pre­ciso resil­iên­cia e deter­mi­nação”, afir­ma.

Para Meira, a ini­cia­ti­va aju­dou a alter­ar o cenário urbano no lugar mais pre­cioso da cidade. “A gente pre­cisou faz­er um con­jun­to de oper­ações para pro­mover a ino­vação, por meio do Por­to Dig­i­tal, para reviv­er a cidade. É isso que você está ven­do aí no meio da rua”.

Desafios

Ape­sar dos avanços, con­forme Pierre Luce­na, as novas empre­sas de tec­nolo­gia têm uma série de desafios. Ele con­sid­era que um dos prin­ci­pais é a for­mação de tra­bal­hadores. Out­ro é a atu­ação por um mod­e­lo de negó­cio ade­qua­do para a for­mação de mer­ca­do

Brasília (DF) 07/11/2024 - Presidente do Porto Digital, o professor Pierre Lucena. Evento de tecnologia no Recife reúne mais de 80 mil pessoas até sábado. Foto: Pierre Lucena./Arquivo pessoal
Repro­dução: Brasília — Pres­i­dente do Por­to Dig­i­tal, o pro­fes­sor Pierre Luce­na. Foto Pierre Lucena/Arquivo pes­soal

Diante do mer­ca­do em expan­são, Luce­na entende que não há dúvi­da de que, nos próx­i­mos anos, o setor per­maneça em cresci­men­to, inclu­sive ten­do em vista a neces­si­dade de per­ma­nente atu­al­iza­ção dos profis­sion­ais, como é o caso das dinâmi­cas de ação das empre­sas de inteligên­cia arti­fi­cial. “Para o próprio mer­ca­do de tec­nolo­gia, um dos grandes desafios que a gente tem ago­ra é treinar cap­i­tal humano”, diz.

Projeto nacional

Ele iden­ti­fi­ca a neces­si­dade de mais insti­tu­ições de ensi­no supe­ri­or e tam­bém de  téc­ni­cas e profis­sion­al­izantes para ofer­e­cerem mais vagas. “Nos cur­sos pres­en­ci­ais no Brasil todo, só 29 mil pes­soas são for­madas em cur­sos de tec­nolo­gia da infor­mação por ano. O cur­so de dire­ito for­ma mais de 110 mil. Esse é um prob­le­ma fun­da­men­tal: a ausên­cia de um pro­je­to nacional de for­mação para a área”, disse Pierre Luce­na.

Ele lem­bra que em país­es como a Índia e Por­tu­gal aulas de pro­gra­mação são tra­bal­hadas des­de a infân­cia. O pro­fes­sor con­sid­era que se tra­ta de um promis­sor cam­po de tra­bal­ho e pesquisa para quem dese­jar ingres­sar no cur­so. Para Luce­na os cam­pos das platafor­mas de inteligên­cia arti­fi­cial ou mes­mo de segu­rança cibernéti­ca podem ser promis­sores para o futuro da tec­nolo­gia.

*O repórter via­jou a con­vite do Por­to Dig­i­tal

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