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Evento itinerante Bienal Black Brazil Art ocupa espaços no Rio

Repro­dução: © Bru­ca Manigua

Exposições ocupam diversos espaços da cidade a partir do dia 27


Publicado em 24/03/2024 — 10:34 Por Alana Gandra — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O Rio de Janeiro recebe, no próx­i­mo dia 27, a 3ª Bien­al Black Brazil Art, exposição itin­er­ante gra­tui­ta que nasceu no sul do país e ago­ra chega à cap­i­tal flu­mi­nense, reunin­do artis­tas emer­gentes. “É uma bien­al para home­ns e mul­heres, negros e bran­cos. Não é só de mul­heres negras, emb­o­ra o nos­so acer­vo maior seja de mul­heres”, afir­mou à Agên­cia Brasil a ide­al­izado­ra da bien­al e uma das curado­ras dessa edição, Patri­cia Brito.

A aber­tu­ra da Bien­al Black será no dia 27, às 19h, no Teatro Gon­za­guin­ha, região cen­tral da cidade. O even­to com­preende um cir­cuito de exposições. “A gente mapeou espaços e equipa­men­tos cul­tur­ais munic­i­pais na cidade do Rio e, por fim, fomos con­vi­da­dos tam­bém para um equipa­men­to públi­co em Niterói, região met­ro­pol­i­tana do Rio. A Bien­al chega no Rio de Janeiro para faz­er uma ocu­pação em alguns espaços públi­cos”

Rio de Janeiro - Bienal Black Brazil Art. - A Rainha Quilomba, a Espada de Ogum, e o Pedido de Justiça (2023), desenho - artista Elson Junior (BA) - Arte: Elson Junior
Repro­dução: Rain­ha Quilom­ba, a Espa­da de Ogum, e o Pedi­do de Justiça (2023), desen­ho — artista Elson Junior (BA) — Arte: Elson Junior

As ativi­dades se divi­dem entre o Cen­tro Munic­i­pal de Artes Hélio Oiti­ci­ca, Cen­tro de Artes Calouste Gul­benkian, Cen­tro Cul­tur­al dos Cor­reios, Cidade das Artes, Espaço Cul­tur­al Cor­reios e Museu da História e da Cul­tura Afro-brasileira (Muh­cab). Tem atrações pro­gra­madas para ocor­rer tam­bém no Museu do Sam­ba e Museu da Maré. Durante a aber­tu­ra, haverá divul­gação dos artis­tas pre­mi­a­dos e apre­sen­tação de tra­bal­hos artís­ti­cos de pré-estreia.

As exposições reúnem mais de 270 tra­bal­hos de 225 artis­tas de todo o país e do exte­ri­or, divi­di­dos nos espaços da cidade e com pro­gra­mação vir­tu­al. O even­to se esten­derá até 16 de jun­ho e inclui pro­gra­mação exten­sa, que pode ser con­feri­da no site bienalblack.com.br. Cada espaço cul­tur­al tem datas de aber­tu­ra para vis­i­tação e encer­ra­men­to difer­entes.

Eixos temáticos

Cada espaço expos­i­ti­vo tem um eixo temáti­co, que é norteador do diál­o­go, expôs Patri­cia. “Cada pes­soa que entrar nesse local expos­i­ti­vo vai tomar con­hec­i­men­to, através de um tex­to explica­ti­vo, de qual é a temáti­ca. No Cen­tro Hélio Oiti­ci­ca, por exem­p­lo, o eixo expos­i­ti­vo é lin­has insur­gentes. Todos os tra­bal­hos sele­ciona­dos para o local têm a ver com a nar­ra­ti­va da insurgên­cia, da resistên­cia. Então, cada espaço tem o seu eixo artís­ti­co”. Haverá tam­bém ativi­dades diur­nas, com per­for­mances, apre­sen­tações musi­cais. Uma delas será no dia 27, na sala de pro­jeções do Cen­tro Cul­tur­al Cor­reios, quan­do haverá a primeira con­ver­sa com artis­tas às 15h, tam­bém com entra­da fran­ca.

Patri­cia Brito reit­er­ou que a ideia da Bien­al Black é ocu­par os espaços públi­cos e provo­car a dis­cussão entre que tipo de obra e de artista ess­es espaços sele­cionam para mostrar à pop­u­lação. “Como eu tra­go no recorte cura­to­r­i­al e de tra­bal­ho a questão do gênero e da raça, a dis­cussão que eu tra­go para dialog­ar com os artis­tas negros e não negros é a ocu­pação por gênero e por raça. A grosso modo, se a gente vai a um museu ou gale­ria, a gente está ven­do um per­fil exclu­si­vo do artista colo­nial dom­i­nan­do essa cena artís­ti­ca. O papel da Bien­al é mostrar out­ra real­i­dade, uma pro­dução que tem no Brasil, que não é fei­ta só pelos col­o­nizadores, mas pelos col­o­niza­dos tam­bém. Essa é uma das razões da itin­erân­cia do even­to”.

Pelo fato de ser itin­er­ante, a Bien­al Black começou no Rio Grande do Sul, per­cor­reu todas as cap­i­tais do Sul do país, foi para o uni­ver­so dig­i­tal durante a pan­demia da covid-19 e, este ano, os orga­ni­zadores resolver­am assumir o pro­tag­o­nis­mo na cidade do Rio de Janeiro. A escol­ha se baseou, prin­ci­pal­mente, pela temáti­ca trazi­da de fluxo e con­trafluxo de pes­soas, que é muito forte na cap­i­tal flu­mi­nense, através da imi­gração de nortis­tas e nordes­ti­nos, e trazen­do tam­bém a dis­cussão sobre os prob­le­mas rep­re­sen­ta­tivos, iden­titários e raci­ais. Ter o Rio de Janeiro como sede des­ta edição reforça ain­da a importân­cia da cidade como um polo de difusão cul­tur­al e artís­ti­ca. A atração deste ano foi con­struí­da a par­tir de cin­co eixos expos­i­tivos: Lin­has Insur­gentes, Redes de Trans­mis­são, Práti­cas Ger­ado­ras, (RE)imaginando o Cubo Pre­to e Memórias (trans)locadas, geran­do respostas artís­ti­cas que vari­am des­de relatos pes­soais até med­i­tações poéti­cas.

Curadores

A ter­ceira edição da Bien­al Black Brazil Art con­tou com a colab­o­ração de qua­tro curadores con­vi­da­dos: Clau­dia Man­del Katz (Cos­ta Rica), Edwin Velasquez (Por­to Rico), Julio Pereyra (Uruguay) e Vini­cius (Ale­man­ha). Segun­do expli­cou Patri­cia Brito, o pen­sa­men­to foi esta­b­ele­cer um ambi­ente propí­cio para explo­ração e reflexão sobre migração, desigual­dades sistêmi­cas de gênero, nar­ra­ti­vas tran­scul­tur­ais e iden­ti­dades em flux­os.

“Todos desen­volvem tra­bal­hos em seus país­es iden­ti­fi­ca­dos com as pre­mis­sas do Insti­tu­to Black Brazil Art, “que é a val­oriza­ção da cul­tura afro, no sen­ti­do afro­di­aspóri­ca, afro­cariben­ha, afro­l­ati­no-amer­i­cana. Mes­mo o Uruguai, que tem um recorte racial muito pequeno, a gente traz porque existe toda uma cul­tura negra no país”, esclare­ceu Patri­cia. Há tam­bém intenção de dis­cu­tir pro­dução artís­ti­ca do Sul Glob­al e cri­ar refer­ên­cias próprias da região e não refer­ên­cias europeias.

A 3ª Bien­al Black tem orga­ni­za­ção e pro­dução do Insti­tu­to Black Brazil Art e finan­cia­men­to por meio da Lei Fed­er­al de Incen­ti­vo à Cul­tura (Lei Rouanet). O patrocínio é do Grupo Car­refour Brasil, com apoio da prefeitu­ra do Rio de Janeiro, por meio da Sec­re­taria Munic­i­pal da Cul­tura.

Edição: Aline Leal

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