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Evento no Rio conscientiza sobre direitos das pessoas LGBTQIA+

Repro­dução: © Fabio Rodrigues-Pozze­bom/ Agên­cia Brasil

Abertura será nesta segunda-feira na Universidade Estácio Tom Jobim


Pub­li­ca­do em 26/06/2023 — 06:44 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O Insti­tu­to Yduqs pro­move, nes­ta segun­da-feira (26), o even­to Lugar de Fala, no for­ma­to pres­en­cial e online, em cel­e­bração ao Mês do Orgul­ho LGBTQIA+. Aber­to ao públi­co e gra­tu­ito, o even­to será real­iza­do a par­tir das 9h30, no cam­pus da Uni­ver­si­dade Está­cio Tom Jobim, na Bar­ra da Tiju­ca, zona oeste do Rio de Janeiro.

Não é necessária inscrição prévia para par­tic­i­par pres­en­cial­mente. O sem­i­nário tam­bém será trans­mi­ti­do ao vivo pelo canal do Youtube da uni­ver­si­dade.

A pro­pos­ta é com­bat­er o pre­con­ceito e con­tribuir com a con­sci­en­ti­za­ção sobre os dire­itos da comu­nidade LGBTQIA+ em difer­entes painéis que abor­darão temas como vio­lên­cia, man­i­fes­tações, empre­ga­bil­i­dade e empreende­doris­mo, dire­ito e políti­cas públi­cas.

A pres­i­dente do Insti­tu­to Yduqs, Cláu­dia Romano, disse à Agên­cia Brasil, que a real­iza­ção de ações em prol da descon­strução de pre­con­ceitos é fun­da­men­tal para se avançar no sen­ti­do de uma rep­re­sen­ta­tivi­dade inclu­si­va da comu­nidade LGBTQIA+ na sociedade brasileira, e que os debates pro­gra­ma­dos facili­tam a pro­moção de um ambi­ente com mais equidade, inclusão e respeito.

“A gente sabe que é um cam­in­ho lon­go. Por isso, o Insti­tu­to Yducs investe em ini­cia­ti­vas para acel­er­ar esse movi­men­to, para que o pre­con­ceito não ten­ha pro­tag­o­nis­mo na nos­sa sociedade”, disse Cláu­dia Romano. O Lugar de Fala reúne vozes nacionais, estu­diosos, líderes e autori­dades. “A gente acred­i­ta que terá um impacto enorme e sem­pre é uma hon­ra con­tribuir para essa agen­da, em âmbito nacional”, disse.

Igualdade

A con­sul­to­ra de Diver­si­dade do Yduqs, Giowana Cam­brone, avaliou que o even­to tem o papel fun­da­men­tal de pro­mover a con­sci­en­ti­za­ção, sen­si­bi­liza­ção e pro­moção da igual­dade. “A nos­sa ideia é ofer­e­cer um espaço seguro e inclu­si­vo para dis­cussões aber­tas sobre as questões que envolvem pes­soas LGBTQIA+ a par­tir de suas exper­iên­cias e vivên­cias”, disse à Agên­cia Brasil.

Ela acred­i­ta que essa platafor­ma de com­par­til­hamen­to de vivên­cias e exper­iên­cias pode aju­dar a descon­stru­ir estereóti­pos, com­bat­er pre­con­ceitos e pro­mover a respeito, além de cel­e­brar a diver­si­dade.

Para Giowana Cam­brone, a con­sci­en­ti­za­ção da sociedade pas­sa, nec­es­sari­a­mente, pelo diál­o­go aber­to e claro e pela pro­dução de infor­mações que pos­sam destacar a importân­cia do respeito, da empa­tia e da aceitação. “Óbvio que a gente pre­cisa vencer o desafio de driblar o pre­con­ceito e o rea­cionar­is­mo pre­sente na sociedade para que as sementes da infor­mação pos­sam flo­rescer. É pre­ciso com­preen­der que não pre­cisa ser uma pes­soa LGBTQIA+ para lutar con­tra a LGBT­Fo­bia”, disse.

A con­sul­to­ra asse­gurou ser fun­da­men­tal que na família, nas esco­las e no meio empre­sar­i­al seja con­struí­do um ambi­ente acol­he­dor. Isso pas­sa pela aceitação da diver­si­dade, pelo respeito às difer­entes sex­u­al­i­dades, pelo com­bate ao bul­ly­ing e à dis­crim­i­nação nos diver­sos espaços, e pela aber­tu­ra de diál­o­go. “No ambi­ente esco­lar e empre­sar­i­al, é muito impor­tante con­hecer as especi­fi­ci­dades de pes­soas LGBTQIA+, pro­mover a edu­cação para a diver­si­dade e imple­men­tar políti­cas e recomen­dações claras sobre práti­cas antidis­crim­i­natórias”, defend­eu.

Giowana disse que o Brasil é um dos país­es que mais vio­len­tam e matam pes­soas LGBTQIA+ no mun­do. “A vio­lên­cia físi­ca é o que nós vemos, porque tem uma mate­ri­al­i­dade dessas práti­cas. No entan­to, pre­cisamos com­bat­er as práti­cas menos visíveis de vio­lên­cias sim­bóli­cas, ver­bais, que for­t­ale­cem a lóg­i­ca per­ver­sa de que é per­mi­ti­do praticar piadas LGBT­fóbi­cas, expor as pes­soas a situ­ações con­strange­do­ras ou humil­hantes. Para isso, é necessário edu­car para a diver­si­dade e ocor­rer uma mudança cul­tur­al pro­fun­da na sociedade”.

Estudo

Segun­do estu­do real­iza­do pelo pro­je­to inter­na­cional Trans Mud­er Mon­i­tor­ing, que mon­i­to­ra assas­si­natos de pes­soas trans, o Brasil reg­istrou 1.741 mortes de pes­soas trans de 2008 e setem­bro de 2022, rep­re­sen­tan­do 37,5% do total de 4.639 mortes em todo o mun­do. A Améri­ca Lati­na e o Caribe respon­dem por 68% dos casos noti­fi­ca­dos. De acor­do com a Asso­ci­ação Nacional de Trav­es­tis e Tran­sex­u­ais (Antra), o Brasil lid­era o rank­ing mundi­al de vio­lên­cia con­tra pes­soas trans, com 131 assas­si­natos no ano pas­sa­do.

A real­iza­ção do Lugar de Fala no Mês do Orgul­ho LGBTQIA+ está alin­ha­da com o Obje­ti­vo de Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el (ODS) 16, da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas (ONU), que bus­ca pro­mover sociedades pací­fi­cas e inclu­si­vas, garan­ti­n­do aces­so à justiça e con­struções insti­tu­cionais respon­sáveis.

Reflexão

O coor­de­nador de Diver­si­dade Sex­u­al da Prefeitu­ra do Rio de Janeiro, Car­los Tufves­son, desta­cou, à Agên­cia Brasil, que o Mês do Orgul­ho LGBTQIA+ foi pen­sa­do para ser uma reflexão sobre a cidada­nia LGBT no mun­do inteiro. Lamen­tou que a comu­nidade LGBT seja apa­ga­da con­stan­te­mente do sis­tema.

“Isso é uma coisa que temos que começar a repen­sar. Porque nós somos cidadãos iguais em dire­itos e deveres. Então, neste mês, temos que lem­brar que somos a úni­ca mino­ria que ain­da é expul­sa de casa por ser­mos quem somos. Porque todas as out­ras mino­rias encon­tram acol­hi­men­to em casa, como os negros e as pes­soas que sofrem perseguição reli­giosa. Nós, não!”.

Ele lem­brou que esse pre­con­ceito faz com que as pes­soas saiam da esco­la e ten­ham a empre­ga­bil­i­dade prej­u­di­ca­da. Essa é uma real­i­dade com a qual as pes­soas LGBTs lidam con­stan­te­mente, asse­gurou. “É impor­tante que a gente pos­sa falar, para que as pes­soas saibam que isso está acon­te­cen­do no Brasil hoje”.

Car­los Tufves­son disse que o pre­con­ceito e a perseguição impos­tos aos LGBTs está fazen­do aumen­tar o número de suicí­dios de jovens LGBTs que não se sen­tem cidadãos como os demais, com dire­ito à saúde, à edu­cação, por exem­p­lo, que são dire­itos con­sti­tu­cionais.

Segun­do Tufves­son, a série de even­tos alu­sivos ao Mês do Orgul­ho LGBT é impor­tante para cri­ar na sociedade a reflexão sobre essa real­i­dade. Tufves­son disse que o número de agressões físi­cas con­tra pes­soas LGBTs aumen­tou, ultra­pas­san­do as agressões ver­bais por crimes de ódio. E ques­tio­nou que país que quer­e­mos e esta­mos con­stru­in­do? “É o país da vio­lên­cia, de aten­tar­mos con­tra o difer­ente?”, indagou.

Para ele, a diver­si­dade de opiniões é mais rica do que todo mun­do que con­cor­da entre si, porque são debati­dos vários pon­tos de vista. “Eu estou sem­pre apren­den­do com pes­soas que pen­sam difer­ente de mim”.

“Lugar de fala é isso, é para a gente falar sobre o que está ocor­ren­do, abrir espaço na mídia. Isso é muito impor­tante para que as pes­soas saibam de fato o que está haven­do. Ninguém pre­cisa ser LGBT para lutar con­tra a LGBT­fo­bia”, disse, fazen­do coro à Giowana Cam­brone. “Bas­ta ser um cidadão. Não é pre­ciso ser negro para lutar con­tra o racis­mo, nem é pre­ciso ser mul­her pra lutar con­tra o machis­mo”, exem­pli­fi­cou. “A gente pre­cisa que­brar ess­es estereóti­pos”.

Políticas públicas

O coor­de­nador de Diver­si­dade Sex­u­al do Rio de Janeiro lamen­tou que ain­da sejam necessárias políti­cas públi­cas para apoiar a comu­nidade LGBT. Ele disse que coor­de­nado­ria está fazen­do pro­je­to de com­ple­men­tação do ensi­no fun­da­men­tal para pes­soas LGBTs que foram eva­di­das das esco­las em função do bul­ly­ing que sofr­eram. Hoje, essas pes­soas encon­tram prob­le­mas para se inserirem no mer­ca­do for­mal de tra­bal­ho. “A sociedade descon­hece essa real­i­dade”, disse Car­los Tufves­son .

A for­matu­ra da primeira tur­ma, com 30 pes­soas, será em setem­bro próx­i­mo. Em 2024, a intenção é esten­der a com­ple­men­tação para o ensi­no médio tam­bém. “Essas pes­soas mere­cem mais chances na vida”, disse Car­los Tufves­son.

Out­ro pro­je­to da prefeitu­ra, o Garu­pa, tem oito agentes trans, que fazem bus­ca ati­va de pes­soas trans e tam­bém het­eros­sex­u­ais para cadas­trar na Clíni­ca da Família, na assistên­cia social, em todos os pro­je­tos que o gov­er­no ofer­ece a cidadãos que são de descon­hec­i­men­to dessa comu­nidade.

“Eles vivem à margem desse con­hec­i­men­to”, disse Car­los Tufves­son.

O nome Garu­pa foi dado ao pro­je­to “porque a gente pega na mão e leva”, expli­cou. O coor­de­nador de Diver­si­dade Sex­u­al par­tic­i­pa do Lugar de Fala, às 15h, em mesa que debaterá Políti­cas Públi­cas para Pes­soas LGBTQIA+.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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