...
sábado ,18 janeiro 2025
Home / Saúde / Excesso de videoconferências afeta a saúde mental

Excesso de videoconferências afeta a saúde mental

 

Repro­dução: Agên­cia Brasil / EBC

 

Encontros virtuais produzem uma espécie de “fadiga do zoom”


Publicado em 26/12/2020 — 12:32 Por Alana Gandra — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

No con­tex­to da pan­demia do novo coro­n­avírus (covid-19) e do iso­la­men­to impos­to para con­ter a dis­sem­i­nação da covid-19, aumen­tou o uso das platafor­mas online de video­con­fer­ên­cia como for­ma de man­ter o con­ta­to social entre as pes­soas. Mas o exces­so de encon­tros vir­tu­ais acabou pro­duzin­do uma espé­cie de “fadi­ga do zoom”, segun­do iden­ti­fi­cou a Asso­ci­ação Brasileira de Psiquia­tria (ABP).

Para mostrar o impacto das video­con­fer­ên­cias na saúde men­tal dos brasileiros, a ABP real­i­zou a primeira pesquisa sobre o tema no perío­do de 14 de agos­to a 21 de novem­bro. A sondagem rev­ela a ele­vação das queixas de pacientes sobre o exces­so de tra­bal­ho por video­con­fer­ên­cias nos últi­mos cin­co meses, rece­bidas por 56,1% dos psiquia­tras asso­ci­a­dos da ABP entre­vis­ta­dos.

“Os pacientes relataram que a “fadi­ga do zoom” é um fato na vida delas, que elas de fato aumen­taram o tra­bal­ho via tele­con­fer­ên­cia e adoe­ce­r­am, pre­cis­aram de aju­da”, disse à Agên­cia Brasil o pres­i­dente da ABP, Anto­nio Ger­al­do da Sil­va.

O lev­an­ta­men­to foi feito jun­to aos psiquia­tras asso­ci­a­dos da ABP que aten­dem no Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS), no sis­tema pri­va­do e suple­men­tar, e mostrou tam­bém que 63,3% deles perce­ber­am um aumen­to de pre­scrição de psi­cotrópi­cos (remé­dios con­tro­la­dos) para tratar pes­soas que tin­ham a queixa de exces­so de tra­bal­ho por video­con­fer­ên­cia. Os médi­cos asso­ci­a­dos da ABP notaram ain­da a ele­vação de 70,1% da neces­si­dade de pre­screverem psi­coter­apia para seus pacientes tam­bém com essa fadi­ga.

Fato novo

“É uma situ­ação nova, é um fato novo. Mas esta­mos perceben­do que há um cansaço das pes­soas em usar a video­con­fer­ên­cia, porque ela reti­ra de você toda pri­vaci­dade, aumen­ta sua car­ga de tra­bal­ho e sua car­ga de des­can­so fica com­pro­meti­da e isso é, real­mente, adoe­ce­dor”, disse Sil­va.

De acor­do com o pres­i­dente da ABP, as pes­soas pas­saram a tra­bal­har em casa e os horários rotineiros foram rompi­dos. “Os chefes pas­saram a enten­der que as pes­soas estão disponíveis 24 horas”. No tele­tra­bal­ho, muitas vezes, as pes­soas entram em uma video­con­fer­ên­cia às 8h e saem somente ao meio-dia”, disse Sil­va. “Hou­ve uma per­da dos lim­ites rela­cionais”.

Na avali­ação do pres­i­dente da ABP, o cuida­do com a saúde men­tal da pop­u­lação deve ser abrangente e dire­ciona­do a todos para haver uma mudança de pen­sa­men­to e com­por­ta­men­to. Enfa­ti­zou que as pre­ocu­pações com a onda de con­se­quên­cias à saúde men­tal derivadas da pan­demia per­manecem com tendên­cia ascen­dente.

Segun­do Sil­va, a agen­da da saúde men­tal “é urgente e será um dos pilares para o bom enfrenta­men­to às demais con­se­quên­cias trazi­das pela pan­demia. A saúde men­tal é a chave para enfrentar­mos o cenário atu­al e seus des­do­bra­men­tos”.

A ABP esti­ma que há 50 mil­hões de pes­soas com algum tipo de doença men­tal no Brasil. O país englo­ba o maior número de pes­soas com casos de transtornos de ansiedade do mun­do. São cer­ca de 19 mil­hões de casos, que cor­re­spon­dem a 9% da pop­u­lação. Além dis­so, o Brasil ocu­pa o segun­do lugar no mun­do e o primeiro na Améri­ca Lati­na em pes­soas com quadros depres­sivos.

Filtro

Na avali­ação do psiquia­tra Jorge Jaber, da Asso­ci­ação de Psiquia­tria do Esta­do do Rio de Janeiro (Aperj), o exces­so de infor­mações pode provo­car um cer­to cansaço men­tal. Ele recomen­da que as pes­soas uti­lizem um fil­tro, uma seleção das fontes, bus­can­do insti­tu­ições tradi­cionais para obter con­hec­i­men­to ou tirar dúvi­das.

Sobre pre­scrição de remé­dios, Jaber vê uma tendên­cia comum nos pacientes psiquiátri­cos de con­seguir mais receitas do que seria necessário. Neste momen­to de pan­demia, ele atribui esse movi­men­to a três fatores: o cus­to muitas vezes inacessív­el das con­sul­tas; a redução da capaci­dade do atendi­men­to públi­co aos pacientes psiquiátri­cos; e o receio do paciente de não ter o remé­dio à mão, em um momen­to de crise.

Edição: Fer­nan­do Fra­ga

Agên­cia Brasil / EBC 


Você pode Gostar de:

Entenda o que é o vírus respiratório responsável por surto na China

hMPV causa infecção do trato respiratório superior, o resfriado comum Paula Labois­sière – Repórter da …