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ExpoCannabis mostra potencial de empregabilidade no mercado da planta

Capacidade de geração de vagas de trabalho na área passa de 320 mil

Lety­cia Bond – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 16/11/2024 — 16:52
São Paulo
Pedra (PE) - Uma plantação com 36 mil pés de maconha foi destruída pela Polícia Federal (PF) em Pernambuco no município de Pedra (PE).
Repro­dução: © Divul­gação Polí­cia Fed­er­al

Capaz de ger­ar pelo menos 328 mil empre­gos no Brasil, o mer­ca­do da cannabis ain­da aguar­da reg­u­la­men­tação, esti­ma a Kaya Mind, braço da com­pan­hia Kaya respon­sáv­el pela pro­dução de dados sóli­dos sobre a plan­ta.

Ape­sar da difi­cul­dade  para quan­tificar a con­tribuição do mer­ca­do de cannabis para o setor de tra­bal­ho no país, a importân­cia da plan­ta pode ser mais uma vez con­fir­ma­da em visi­ta à segun­da edição da ExpoCannabis, que ocu­pa até este domin­go (17) um dos pavil­hões do São Paulo Expo, no dis­tri­to de Jabaquara, cap­i­tal paulista.

Na entra­da, após vencer uma lon­ga fila, o vis­i­tante já percebe como é difí­cil escol­her um pon­to do salão para fixar o olhar. Em um arran­jo um tan­to sim­bóli­co, já que talvez esta seja a for­ma de con­vencer os mais resistentes a enx­er­gar a plan­ta além da atmos­fera do diver­ti­men­to, os primeiros stands são da cannabis med­i­c­i­nal.

Em Flo­ri­anópo­lis, Pedro Saba­ci­auskis, que via a avó Edna pio­rar grad­ual­mente com a doença de Parkin­son, con­sta­tou a eficá­cia do óleo de cannabis na aten­u­ação dos sin­tomas da doença neu­rode­gen­er­a­ti­va, a segun­da mais comum desse tipo em todo o mun­do. Na época, foi somente a primeira vitória, pois era necessário impor­tar o medica­men­to, que lev­a­va cer­ca de três meses para chegar, o que o lev­ou a encomen­dar dez fras­cos de uma vez. Cada um cus­ta­va R$ 1,8 mil e dura­va um mês.

E bas­tou uma dose para que o cor­po de Edna deix­as­se de apre­sen­tar a rigidez própria do quadro que desen­volveu. Em 20 min­u­tos, seu sem­blante mudou, assu­min­do a aparên­cia de relax­am­en­to per­di­da havia muito tem­po por causa da doença. “A gente desco­briu uma asso­ci­ação em For­t­aleza, chama­da Abra­cam [Asso­ci­ação Brasileira de Cannabis Med­i­c­i­nal], que vi pelas redes soci­ais. Entrei em con­ta­to e me man­daram um óleo. Fui a um médi­co aqui de São Paulo, ele me ori­en­tou, e a gente deu para a min­ha avó. Aí foi uma sur­pre­sa, porque a mel­ho­ra veio no mes­mo dia.”

“A gente já lev­ou um sus­to aí, mas, depois de 15 dias, ela recu­per­ou os movi­men­tos de sen­tar, lev­an­tar soz­in­ha, de ir até a coz­in­ha, pegar um copo d’água, coisa que era inimag­ináv­el. E, em um mês, ela que­ria faz­er a unha, voltou a viv­er”, lem­brou Saba­ci­auskis, acres­cen­tan­do que a avó voltou a ter condições de con­viv­er com a família, em almoços e out­ras ocasiões.

A exper­iên­cia deu origem à Asso­ci­ação San­ta Cannabis, acol­he pes­soas que procu­ram infor­mações sobre os trata­men­tos com o óleo da cannabis ou que pre­cisam do medica­men­to, incluin­do os que têm baixa ren­da ou estiverem em con­tex­tos de vul­ner­a­bil­i­dade social. “A prefer­ên­cia desse mer­ca­do tem que ser da classe social mais baixa, que foi sem­pre quem foi pre­so pela mes­ma matéria.” Para Saba­ci­auskis, as asso­ci­ações têm um papel muito maior do que somente fornecer remé­dio, que é o de defend­er o inter­esse nacional. “São as asso­ci­ações que têm aber­to cam­in­ho para tornar pos­sív­el a com­pra de est­u­fas e out­ros ele­men­tos impre­scindíveis.”

Out­ro eixo da asso­ci­ação catari­nense é a pesquisa. A San­ta Cannabis aprovei­ta as autor­iza­ções que obteve para lib­er­ar estu­dos e, com essa estraté­gia, atual­mente via­bi­liza 15 pesquisas, muitas das quais, sem tal respal­do, teri­am que recor­rer à Justiça para exi­s­tir. Segun­do Saba­ci­auskis, a asso­ci­ação da qual está à frente já tra­tou 6 mil pes­soas, com 200 CIDs (Clas­si­fi­cação Inter­na­cional de Doenças) difer­entes.

Pedro Saba­ci­auskis enfa­ti­zou que abraçar essa causa requer cor­agem e, ao mes­mo tem­po, firmeza. “É um ato de cor­agem, mas tam­bém de dis­posição. Porque defend­er cannabis no Brasil, seja med­i­c­i­nal ou out­ra, é ato de cor­agem, pois tem muito pre­con­ceito, estig­ma. Se você depende de seu emprego, de sua família, não pode faz­er, senão sofre pressão dess­es lugares. A asso­ci­ação, não, porque con­seguiu jun­tar um time de pes­soas dis­postas a enfrentar isso e o fez basea­da na Con­sti­tu­ição Fed­er­al, pelo dire­ito à saúde, que é uni­ver­sal, o dire­ito de se reunir em asso­ci­ações para mudar leis com as quais não se con­cor­da e o dire­ito de faz­er des­obe­diên­cia civ­il pací­fi­ca e con­tro­la­da.”

A fór­mu­la de Saba­ci­auskis ain­da teve mais um com­po­nente essen­cial para a rede da asso­ci­ação crescer. “A gente perce­beu que tin­ha muito mais medo do que dev­e­ria ter. Quan­do se começa a cuidar das pes­soas, as pes­soas vêm para a luta jun­to e enco­ra­jam a con­tin­uar. Como tin­ha mui­ta gente a ser cuida­da, doente, a gente começou a faz­er o papel que era do gov­er­no.” Ele ressaltou que a San­ta Cannabis gera empre­gos por causa da dis­tribuição dos medica­men­tos, do atendi­men­to aos pacientes, que abrange serviço social, do cul­ti­vo da plan­ta e dos proces­sos far­ma­cêu­ti­cos envolvi­dos, que garan­tem qual­i­dade.

Tecnologia

Out­ro seg­men­to do mun­do canábi­co que absorve profis­sion­ais é o da tec­nolo­gia da infor­mação (TI). A Com­plysoft é uma start­up (empre­sa emer­gente com mod­e­lo de negó­cio em desen­volvi­men­to ou apri­mora­men­to) espe­cial­iza­da em fer­ra­men­tas úteis para o mer­ca­do da cannabis med­i­c­i­nal.

Com sede em João Pes­soa, a com­pan­hia ofer­ece sis­temas como o Com­ply Lega­cy, de geren­ci­a­men­to de doc­u­men­tos e pre­scrições, unif­i­can­do os reg­istros de todas as fas­es do proces­so de pro­dução e obtenção da cannabis. Por meio dele, é pos­sív­el, por exem­p­lo, armazenar e con­sul­tar testes lab­o­ra­to­ri­ais para con­t­role de qual­i­dade. Out­ra opção são os sis­temas que unifi­cam os instru­men­tos lig­a­dos aos pacientes, como What­sApp e e‑mail.

Entre os clientes, estão asso­ci­ações canábi­cas, clíni­cas espe­cial­izadas, impor­ta­do­ras e far­má­cias de manip­u­lação. O profis­sion­al Miza­el Men­donça Cabral con­ta que ele e seu par­ceiro de tra­bal­ho André Vas­con­ce­los inte­gravam o setor de TI da Asso­ci­ação Brasileira de Apoio Cannabis Esper­ança (Abrace Esper­ança). Lá, Cabral enten­deu que pode­ria usar seu con­hec­i­men­to para aju­dar out­ras asso­ci­ações a apri­morar os atendi­men­tos.

Um dos expos­i­tores do even­to, ele disse que o ramo não é incip­i­ente, já é um mer­ca­do de tra­bal­ho em expan­são em país­es como o Uruguai, o primeiro a legalizar a macon­ha, e o Paraguai. “Rece­ber o con­vite para par­tic­i­par da asso­ci­ação foi um chama­do para mim. Sem­pre digo que é uma mis­são espir­i­tu­al. A gente está devol­ven­do a plan­ta à nos­sa nação, porque é uma plan­ta de cura. Entrei em 2014, para aju­dar essa asso­ci­ação, e enten­do que é uma mis­são de vida”, con­fi­den­cia o paraibano.

A história de Vas­con­ce­los foi difer­ente. Ele mora­va na Cal­ifór­nia quan­do rece­beu a sen­ha para ingres­sar no uni­ver­so canábi­co. Antes de se tornar ger­ente de pro­je­tos na Com­plysoft, presta­va assistên­cia na área de TI. Quan­to ao grau de difi­cul­dade para recru­tar profis­sion­ais da área, Vas­con­ce­los disse que ain­da há per­calços, geral­mente rela­ciona­dos ao tabu e ao pre­con­ceito em relação à plan­ta, ger­a­dos por descon­hec­i­men­to fe suas pro­priedades e múlti­p­los usos. “Mas vejo isso como um obstácu­lo que não está longe de a gente vencer”, resum­iu.

Central de empregos

Na sex­ta-feira, um dos stands mais badal­a­dos da ExpoCannabis foi o da Cannabis Empre­gos, pio­neira no Brasil. O por­tal anun­cia vagas de está­gio, de tra­bal­ho tem­porário, para free­lancers (autônomos), remo­tos, vol­un­tari­a­do e em regime pres­en­cial, de home office (tra­bal­ho a dis­tân­cia, em casa) e híbri­do.

A empre­sa tam­bém ofer­ece capac­i­tação e men­to­ria para can­didatos e empre­gadores, qual­i­f­i­can­do pes­soas que dese­jam apren­der sobre lid­er­ança no mer­ca­do canábi­co e a faz­er net­work­ing (rede de con­tatos profis­sion­ais). Um dos aspec­tos impor­tantes em qual­quer seg­men­to e que tam­bém é cobra­do dos profis­sion­ais que atu­am com a cannabis é o domínio de tendên­cias e políti­cas públi­cas. A com­pan­hia, por isso, aux­il­ia no desen­ho de planos de car­reira.

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