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Exposição bienal apresenta 130 obras no museu de arte da USP

Evento gratuito começa neste sábado e vai até janeiro de 2025

Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­da em 05/10/2024 — 12:30
São Paulo
São Paulo-04/10/2024 Vistas da exposição 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAC USP. Fotos: Estúdio em Obra
© BRUNO LEAO

A cap­i­tal paulista recebe, a par­tir deste sába­do (5), o 38º Panora­ma da Arte Brasileira: Mil graus, exposição bien­al real­iza­da pelo Museu de Arte Mod­er­na de São Paulo (MAM).

Esta edição terá mais de 130 obras, sendo 79 inédi­tas, de 34 artis­tas e cole­tivos de 16 esta­dos brasileiros. Por con­ta da refor­ma na mar­quise do Par­que Ibi­ra­puera, neste ano a mostra será exibi­da no Museu de Arte Con­tem­porânea da USP, com entra­da gra­tui­ta.

A mostra abor­da questões ecológ­i­cas, históri­c­as, sociopolíti­cas, tec­nológ­i­cas e espir­i­tu­ais, e uti­lizam tan­to tec­nolo­gia avança­da quan­to mate­ri­ais orgâni­cos, como o bar­ro. Segun­do a curado­ria, o títu­lo Mil graus evo­ca a ideia de um calor-lim­ite, em que tudo der­rete, des­man­cha e se trans­for­ma, fazen­do refer­ên­cia às condições climáti­cas e metafísi­cas de proces­sos de trans­mu­tação.

A pesquisa cura­to­r­i­al par­tiu de cin­co eixos temáti­cos: ecolo­gia ger­al, ter­ritórios orig­inários, chum­bo trop­i­cal, cor­po-apar­el­hagem e trans­es e trav­es­sias.

Em ecolo­gia ger­al são desta­cadas noções ecológ­i­cas e práti­cas ambi­en­tais ampli­adas. Já em ter­ritórios orig­inários, estão nar­ra­ti­vas e vivên­cias de povos orig­inários, quilom­bo­las e out­ros mod­os de vida fora da matriz uni­formizante do cap­i­tal, que refletem visões alter­na­ti­vas sobre a atu­al con­jun­tu­ra do país.

Chum­bo trop­i­cal traz leituras críti­cas que sub­vertem imag­inários e rep­re­sen­tações do Brasil e colo­ca em xeque aspec­tos cen­trais da iden­ti­dade nacional. De acor­do com a curado­ria, cor­po-apar­el­hagem é a lin­ha que bus­ca evi­den­ciar inter­venções exper­i­men­tais e reflexões sobre a con­tínua trans­mu­tação cor­pórea dos seres e das coisas, enquan­to trans­es e trav­es­sias abor­da con­hec­i­men­tos tran­scen­den­tais, práti­cas espir­i­tu­ais e exper­iên­cias que canal­izam os mis­térios vitais.

Um dos curadores des­ta edição, Ger­mano Dushá, con­tou à Agên­cia Brasil que o títu­lo Mil graus e a ideia de um calor lim­ite, de um quente abso­lu­to, é uma ficção usa­da como uma chave con­ceitu­al.

“Para que a gente pos­sa abor­dar situ­ações lim­ites, condições extremas, proces­sos dinâmi­cos lig­a­dos à trans­for­mação rad­i­cal, à trans­mu­tação como um des­ti­no ime­di­a­to e incon­tornáv­el, como aque­la coisa que tem que acon­te­cer, tem que mudar. Quan­do a gente fala de uma tem­per­atu­ra máx­i­ma, a gente está falan­do do calor, do fogo, e isso aparece na exposição, mas não é só sobre isso”, disse. Além dele, o even­to con­tou com a curado­ria de Thi­a­go de Paula Souza e Ari­ana Nuala.

Para Dushá, essa trans­mu­tação pode apare­cer de difer­entes mod­os. “Pode estar na matéria, pode estar no social, no políti­co e tam­bém no intangív­el, no espir­i­tu­al, no cam­po da alma. A gente está muito mais pre­ocu­pa­do com a ener­gia, é uma ener­gia que a gente aqui está chaman­do de mil graus, essa ener­gia trans­for­mado­ra e de trans­mu­tação”, disse Dushá.

O curador ressalta que mil graus é uma expressão muito pop­u­lar em con­tex­tos urbanos do Brasil. “Tan­to pode ser algo óti­mo, algo incrív­el, algo muito bom, você fala assim: nos­sa, isso é mil graus, isso é muito bom. Como tam­bém uma situ­ação ten­sa, uma situ­ação inten­sa: cara, vamos nes­sa porque tá mil graus. Essa ambigu­idade inter­es­sa muito a gente.”

Dushá afir­ma que a exposição traz uma série de pon­tos críti­cos e lin­has de pen­sa­men­to, ness­es cin­co eixos. “O primeiro está rela­ciona­do com questões ecológ­i­cas, o segun­do com questões de iden­ti­dade políti­ca, dis­cussões políti­cas e momen­tos de ten­são e den­si­dade políti­ca no Brasil. O ter­ceiro está rela­ciona­do com ter­ritórios orig­inários, com o que a gente pode enten­der desse lugar, antes de a gente dar um nome para ele, que se con­ven­cio­nou chamar Brasil. Tem ain­da um sobre questões cor­póreas, sobre questões de trans­for­mação do cor­po, na época que a gente está viven­do, e isso tam­bém vai abar­car hib­ridis­mo, questões intere­spé­cies, pós humanas, trans humanas e por fim questões espir­i­tu­ais”, disse.

Artistas e obras

São Paulo-04/10/2024 Vistas da exposição 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAC USP. Fotos: Estúdio em Obra
Repro­dução: São Paulo-04/10/2024 Vis­tas da exposição 38º Panora­ma da Arte Brasileira: Mil graus, do Museu de Arte Mod­er­na de São Paulo, no MAC USP. Fotos: Estú­dio em Obra — BRUNO LEAO

Entre os artis­tas des­ta edição, estão Maria Lira Mar­ques — que leva uma série com mais de dez desen­hos sobre pedras — e Mar­lene Almei­da, que apre­sen­ta duas obras: Der­rame (2024), uma insta­lação inédi­ta fei­ta com recortes de algo­dão cru tingi­dos com pig­men­tos orig­i­na­dos do basalto e rocha vul­câni­ca, e Tem­po voraz II (2012), uma reflexão sobre questões exis­ten­ci­ais diante da fugaci­dade da vida.

O povo Akroá Gamel­la, em colab­o­ração com Gê Viana e Thi­a­go Mar­tins de Melo, par­tic­i­pa como cole­ti­vo Rop Cateh – Alma pin­ta­da em Ter­ra de Encan­taria dos Akroá Gamel­la, exibindo um grande painel mul­ti­mí­dia que expres­sa a iden­ti­dade e espir­i­tu­al­i­dade artic­u­ladas pela comu­nidade.

O artista Paulo Nimer Pjo­ta apre­sen­ta uma obra inédi­ta, em cin­co telas, em que cria um mar de chamas atrav­es­sa­do por raios de sol difu­sos, onde ani­mais e seres fan­tás­ti­cos se mis­tu­ram a lendas e ele­men­tos da natureza-mor­ta de difer­entes cul­turas.

Tam­bém inédi­to, um reg­istro doc­u­men­tal do cen­tro espir­i­tu­al e das obras de Dona Romana, líder espir­i­tu­al da Ser­ra de Nativi­dade, uma das cidades mais anti­gas do Tocan­tins, será exibido em larga escala no cam­po expos­i­ti­vo.

Gabriel Mas­san apre­sen­ta um novo des­do­bra­men­to de sua obra Baile do ter­ror (2022–2024), na qual traça um para­le­lo entre a escal­a­da de ten­sões e vio­lên­cias em âmbito glob­al e os trau­mas da chama­da guer­ra às dro­gas no eixo Rio-São Paulo.

Ess­es são alguns dos artis­tas e das obras que o públi­co encon­trará nes­ta edição do Panora­ma da Arte Brasileira, que ficará em car­taz até 26 janeiro de 2025.

A 38º Panora­ma da Arte Brasileira: Mil graus ficará em car­taz no térreo e no ter­ceiro andar do Museu de Arte Con­tem­porânea da Uni­ver­si­dade de São Paulo. O endereço é Aveni­da Pedro Álvares Cabral, 1301, e o horário de fun­ciona­men­to é de terça a domin­go, das 10h às 21h.

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