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Exposição em São Paulo mostra fotografias da Primeira República

Repro­dução: ims.com.br

Moderna pelo Avesso é o nome da mostra que começa hoje


Pub­li­ca­do em 13/09/2022 — 06:06 Por Elaine Patrí­cia Cruz — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Uma nova exposição em car­taz a par­tir de hoje (13) no Insti­tu­to Mor­eira Salles (IMS), na Aveni­da Paulista, em São Paulo, apre­sen­ta fotos e filmes pouco con­heci­dos, pro­duzi­dos no Brasil entre os anos de 1890 e 1930, no perío­do con­heci­do como Primeira Repúbli­ca. A mostra chama­da Mod­er­na pelo Aves­so: fotografia e cidade, Brasil, 1890–1930, tem entra­da gra­tui­ta e fica em car­taz até 26 de fevereiro de 2023.

Naque­le perío­do, poucos profis­sion­ais e amadores tin­ham câmeras fotográ­fi­cas. Mes­mo assim, a curado­ria da mostra, fei­ta por Heloisa Espa­da com assistên­cia de Beat­riz Matuck, con­seguiu encon­trar um vas­to mate­r­i­al pro­duzi­do em cap­i­tais como Rio de Janeiro, São Paulo, Por­to Ale­gre, Belo Hor­i­zonte, Recife e Belém. As fotos, muitas delas tiradas nas ruas, apre­sen­tam não só ima­gens dessas cap­i­tais se mod­ern­izan­do, mas são tam­bém reg­istros da expan­são da fotografia e do cin­e­ma, duas expressões artís­ti­cas que foram deix­adas de lado na Sem­ana de Arte Mod­er­na de 1922.

“A Sem­ana de 22 não foi sufi­ciente para pen­sar a arte brasileira mod­er­na. Ela foi um even­to impor­tan­tís­si­mo, mas que não falou de tudo. Deixou mui­ta coisa de fora, inclu­sive a fotografia e o cin­e­ma”, disse Heloisa Espa­da. “Os van­guardis­tas ain­da tin­ham muito pre­con­ceito em relação à fotografia na déca­da de 20. A fotografia era vista como um reg­istro mecâni­co e cien­tí­fi­co, não como uma pos­si­bil­i­dade de se refle­tir sobre o mun­do”, acres­cen­tou.

Para a mostra, foram sele­cionadas quase 320 itens que apre­sen­tam, por exem­p­lo, ima­gens da der­ruba­da do Mor­ro do Caste­lo no Rio de Janeiro, a trans­for­mação do Recife Vel­ho, as ressacas no Rio, o Círio de Nazaré em Belém, a fes­ta do Cen­tenário da Inde­pendên­cia e cenas de tra­bal­ho infan­til no cin­e­ma silen­cioso.

A ideia da exposição é bus­car um con­trapon­to entre as ima­gens ofi­ci­ais das refor­mas urbanas, asso­ci­adas à belle époque e à mod­ern­iza­ção da Repúbli­ca, e o que se ten­tou escon­der, destru­ir, apa­gar ou deixar de lado sobre esse perío­do. “A ideia foi traz­er coisas pouco con­heci­das, mis­tu­ran­do fotografia e cin­e­ma e colo­car tam­bém coisas con­heci­das, lado a lado, para a gente poder pen­sar sobre esse perío­do de maneira mais ampla”, afir­mou Heloísa.

“Quan­do se fala em mod­er­no, a primeira coisa que vem à cabeça é algo que é atu­al, que é desen­volvi­do, que rep­re­sen­ta o pro­gres­so. Mas o mod­er­no tam­bém pres­supõe a destru­ição do pas­sa­do. Mod­er­no pelo Aves­so é um pouco a ideia de se pen­sar, por meio da fotografia e um pouco do cin­e­ma, o que sig­nifi­ca essa mod­ernidade no Brasil, que foi um proces­so ambíguo e con­tra­ditório. Ao mes­mo tem­po em que [as fotos] mostram sofisti­cação téc­ni­ca e tec­nológ­i­ca, elas mostram pes­soas descalças nas ruas, uma vida muito precária e uma pop­u­lação que não foi incor­po­ra­da a essa sociedade mod­er­na”, ressaltou a curado­ra.

A seleção para a mostra inclui revis­tas ilustradas, pro­jeções em lanter­na mág­i­ca, estere­oscó­pios e fotografias em difer­entes for­matos, como cartões-postais. Serão exibidos tam­bém filmes silen­ciosos. “A maior parte da fotografia nesse perío­do era ofi­ciosa. O Poder Públi­co no Brasil ime­di­ata­mente notou o poder de per­suasão na fotografia e no cin­e­ma. No caso do cin­e­ma brasileiro, a maior parte da pro­dução da época que sobre­viveu é de filmes encomen­da­dos pelo Poder Públi­co estatal, como os even­tos soci­ais, que eram pas­sa­dos no cin­e­ma antes ou depois dos filmes de ficção. Essa era uma for­ma de demon­stração de poder”, con­tou a curado­ra.

Os mate­ri­ais exibidos provêm do acer­vo do IMS e de mais 28 coleções, entre pri­vadas e insti­tu­cionais, como da Fun­dação Joaquim Nabu­co, Bib­liote­ca Nacional, Museu Paraense Emílio Goel­di e Museu de Por­to Ale­gre Joaquim Felizar­do.

O con­jun­to inclui des­de ima­gens pro­duzi­das por fotó­grafos já recon­heci­dos, como Vin­cen­zo Pas­tore, Alber­to de Sam­paio e Augus­to Mal­ta, até nomes menos con­heci­dos, como Fran­cis­co Rebel­lo, que reg­istrou a vida nas ruas e o Car­naval do Recife nos anos 1920; e Olin­do Belém, autor de uma vista panorâmi­ca de 527 cen­tímet­ros de largu­ra de Belo Hor­i­zonte, fei­ta em 1908.

A seleção tam­bém apre­sen­ta pro­duções cin­e­matográ­fi­cas, como os filmes silen­ciosos Lábios sem bei­jos (1929) e Lim­ite (1931), que trazem clos­es e enquadra­men­tos dis­tor­ci­dos, típi­cos das van­guardas europeias, real­iza­dos por Edgar Brasil, dire­tor de fotografia de ambos.

“Espero que a mostra seja uma maneira de refle­tir­mos sobre essas estru­turas, o que nos faz, aqui no Brasil, estar­mos pre­sos ao pas­sa­do e nun­ca ser­mos esse país do futuro que se prom­e­teu e nun­ca chega”, disse a curado­ra.

Como parte da pro­gra­mação para­lela, a exposição con­tará ain­da com uma série de ativi­dades, como um cur­so sobre lanter­nas mág­i­cas. A pro­gra­mação tam­bém incluirá uma sessão do filme Tor­men­ta, com tril­ha sono­ra ao vivo. Mais infor­mações podem ser obti­das no site do IMS .

Edição: Graça Adju­to

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