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Familiares e amigos se despedem do cineasta Cacá Diegues

Ele morreu em decorrência de complicações de uma cirurgia

Ana Cristi­na Cam­pos – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 15/02/2025 — 16:18
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – O cineasta Cacá Diegues, que morreu aos 84 anos, é velado na Academia Brasileira de Letras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Famil­iares e ami­gos der­am o últi­mo adeus ao cineas­ta e acadêmi­co Cacá Diegues, em velório na tarde deste sába­do (15), na Acad­e­mia Brasileira de Letras, no cen­tro do Rio de Janeiro.

Cacá Diegues mor­reu nes­sa sex­ta-feira (14) aos 84 anos, na cap­i­tal flu­mi­nense, em decor­rên­cia de com­pli­cações cau­sadas por uma cirur­gia. Ele será cre­ma­do no Cemitério do Caju.

Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – Gilberto Gil no velório do cineasta Cacá Diegues, na Academia Brasileira de Letras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – Gilber­to Gil no velório do cineas­ta Cacá Diegues, na Acad­e­mia Brasileira de Letras. Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

O can­tor, com­pos­i­tor e imor­tal da ABL Gilber­to Gil com­pare­ceu ao velório e disse que a obra de Cacá foi con­struí­da com muito tal­en­to, com­pro­mis­so, inter­pre­tação e a rein­ter­pre­tação per­ma­nente do sig­nifi­ca­do do país.

“Um homem doce, tran­qui­lo, isso tam­bém pesa em tem­pos de hoje, isso é um val­or extra­ordinário. É uma pes­soa que deixa mui­ta saudade. Fiz vários tra­bal­hos com ele. Eu esta­va aca­ban­do ago­ra o últi­mo filme dele, aca­ban­do de faz­er a tril­ha sono­ra do Deus é Brasileiro número 2. Ele não con­seguiu ter­mi­nar e espero que alguém ter­mine. A músi­ca ficou pronta. Tive­mos muitas colab­o­rações”, disse Gil.

A cineas­ta e fil­ha de Cacá, Isabel Diegues, con­tou que o pai é uma figu­ra que des­de o começo de sua vida, fil­ho de sociól­o­go pesquisador do fol­clore brasileiro, alagoano, é amante do Brasil.

“Ele fez da vida dele uma grande imer­são nesse uni­ver­so e ao mes­mo tem­po tan­to de descober­tas para ele mes­mo quan­to de desven­dar no sen­ti­do de lançar luz sobre aspec­tos da cul­tura brasileira que tan­tas vezes a gente, enquan­to sociedade, não que­ria ver”, disse Isabel.

Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – Isabel Diegues no velório do pai, o cineasta Cacá Diegues, na Academia Brasileira de Letras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – Isabel Diegues no velório do pai, o cineas­ta Cacá Diegues. Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Ela acres­cen­tou a importân­cia de Cacá para a cul­tura brasileira é imen­sa.

“Ele fin­cou pé em pro­mover, pen­sar, inven­tar uma cul­tura para o Brasil, uma cul­tura orig­i­nal, mis­tu­ra­da, da ale­gria. Ele dizia ‘não adi­anta democ­ra­cia sem opor­tu­nidade’. Além de um grande artista, ele é um grande pen­sador do Brasil, da cul­tura brasileira. Ele fil­mou, escreveu e edi­tou até o últi­mo dia da sua vida. Temos um filme dele para lançar”, con­tou.

Cacá Diegues deixa esposa, teve três fil­hos (a caçu­la Flo­ra Diegues mor­reu em 2019) e qua­tro netos.

Para a cineas­ta e roteirista Car­la Camu­rati, Cacá era um dos grandes cineas­tas do país, não só com tudo o que ele fil­mou, mas era tam­bém uma pes­soa extra­ordinária e com­pan­heira.

“Ele deixa um lega­do de uma visão do Brasil muito inter­es­sante, pro­fun­da e mág­i­ca. O olhar do Cacá sobre o Brasil foi um olhar que con­seguia ver a mis­tu­ra, a ale­gria, a lou­cu­ra. Ele deixa para nós um espel­ho muito lin­do do que é o povo brasileiro”, disse a cineas­ta.

Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – A atriz Cláudia Abreu no velório do cineasta Cacá Diegues, na Academia Brasileira de Letras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – A atriz Cláu­dia Abreu no velório do cineas­ta Cacá Diegues. Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

A atriz Cláu­dia Abreu fez seu primeiro filme com o cineas­ta em Tieta. “Ele é uma das pes­soas da cul­tura mais impor­tantes no sen­ti­do de que foi uma pes­soa fun­da­men­tal para o cin­e­ma. Um pen­sador do Brasil, um apaixon­a­do pelo Brasil, sem­pre ante­na­do com os movi­men­tos cul­tur­ais. Um farol e um incen­ti­vador de novas ger­ações e de novos tal­en­tos”.

Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – A atriz Mariana Ximenes no velório do cineasta Cacá Diegues, na Academia Brasileira de Letras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ) 15/02/2025 – A atriz Mar­i­ana Ximenes no velório do cineas­ta Cacá Diegues. Foto: Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

A atriz Mar­i­ana Ximenes tam­bém foi prestar sua hom­e­nagem. Ela tra­bal­hou com Cacá no filme O Grande Cir­co Mís­ti­co. “Ele foi um alagoano que ama­va a vida e repro­duzia esse amor no cin­e­ma dele. Ele era apaixon­a­do pelo Brasil e por pes­soas. Ele é um poeta das ima­gens”.

Biografia

Um dos pre­cur­sores do movi­men­to artís­ti­co Cin­e­ma Novo, Car­los Diegues nasceu em 19 de maio de 1940, em Maceió, e mudou-se para o Rio de Janeiro, com a família, aos seis anos de idade.

Começou no cin­e­ma quan­do ain­da esta­va no Diretório Estu­dan­til da Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca do Rio (PUC-Rio), onde fun­dou um cineclube e pas­sou a faz­er pro­duções cin­e­matográ­fi­cas amado­ras, jun­to com cole­gas como Arnal­do Jabor.

O cineclube foi um dos núcleos de fun­dação do Cin­e­ma Novo, movi­men­to inspi­ra­do pelo neor­re­al­is­mo ital­iano e pela Nou­velle Vague france­sa, e mar­ca­do pelas críti­cas políti­cas e soci­ais, prin­ci­pal­mente durante a ditadu­ra mil­i­tar.

Entre suas pro­duções den­tro do movi­men­to, desta­cam-se Gan­ga Zum­ba (1964), A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969).

Em 1969, deixou o Brasil e foi morar na Europa, por ter par­tic­i­pa­do da resistên­cia int­elec­tu­al e políti­ca à ditadu­ra. Ao retornar, na déca­da de 70, dirigiu Quan­do o Car­naval Chegar (1972), Joan­na France­sa (1973), Xica da Sil­va (1976), Chu­vas de Verão (1978) e Bye Bye, Brasil (1980).

No perío­do de retoma­da do cin­e­ma brasileiro, lançou Tieta do Agreste (1996), Orfeu (1999) e Deus é Brasileiro (2002). O Grande Cir­co Mís­ti­co (2018) foi seu últi­mo lança­men­to como dire­tor.

Ao lon­go da car­reira, con­quis­tou prêmios em inúmeros fes­ti­vais nacionais e inter­na­cionais. Em 2018, foi eleito para a Acad­e­mia Brasileira de Letras na vaga de Nel­son Pereira dos San­tos.

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