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Famílias de Marielle e Anderson confiam na solução dos assassinatos

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Mãe da vereadora e viúva do motorista destacam avanços com delação


Pub­li­ca­do em 28/07/2023 — 19:37 Por Cristi­na Indio do Brasil – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Os fatos rev­e­la­dos pela Polí­cia Fed­er­al (PF) e pelo Min­istério Públi­co do Rio de Janeiro (MPRJ), na segun­da-feira (24), ref­er­entes à delação do ex-poli­cial mil­i­tar Élcio de Queiroz sobre os assas­si­natos da vereado­ra Marielle Fran­co e do motorista Ander­son Gomes, no dia 14 de março de 2018, deixaram a advo­ga­da Marinete da Sil­va, mãe de Marielle, mais con­fi­ante na con­tinuidade das inves­ti­gações e na pos­si­bil­i­dade de se desven­dar quem orde­nou a exe­cução do crime e qual foi o moti­vo.

“Estou com uma expec­ta­ti­va muito grande. Foi um avanço. E acho que é pos­sív­el ter mais detal­h­es, com essa afir­ma­ti­va de que real­mente o Ron­nie Lessa foi o execu­tor, com os requintes de cru­el­dade com que o par­ceiro dele fala. Esta­mos viven­do um novo momen­to, e vale muito a pena con­tin­uar acred­i­tan­do, como sem­pre acred­itei. Eu nun­ca pen­sei que não poderíamos chegar aos man­dantes”, afir­mou Marinete, em entre­vista à Agên­cia Brasil.

RIO DE JANEIRO (RJ), 24/07/2023 – A advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco durante ato que lelembra os 30 anos da Chacina da Candelária, no centro da capital fluminese. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Repro­dução: A advo­ga­da Marinete da Sil­va, mãe da vereado­ra assas­si­na­da Marielle Fran­co — Tomaz Silva/Agência Brasil

Mes­mo con­sideran­do que ain­da tem muitos detal­h­es para serem rev­e­la­dos, a advo­ga­da disse que a esper­ança da família na solução do crime é muito grande. “Estou muito ansiosa, com mui­ta esper­ança, e a família tem feito isso, ten­ho dado esse voto de con­fi­ança e tam­bém per­se­ver­a­do muito que vai acon­te­cer, sim. Esse pas­so foi super­im­por­tante, e vale muito a pena ficar­mos aten­tos e mais con­fi­antes.”

“A bar­bari­dade que eles come­ter­am pre­cisa ter essa reparação toda e nós vamos con­seguir saber o porquê e quem man­dou matar Marielle e Ander­son”, ressaltou.

A viú­va de Ander­son, Agatha Arnaus Reis, tam­bém espera que, final­mente, o crime seja solu­ciona­do por com­ple­to, respon­den­do inclu­sive às per­gun­tas que ain­da estão no ar sobre quem encomen­dou as exe­cuções e o porquê. Ela acred­i­ta que com base nas infor­mações con­ti­das na parte da delação man­ti­da em sig­i­lo, a PF e o MP pos­sam apro­fun­dar as inves­ti­gações para chegar a quem man­dou exe­cu­tar o crime e o moti­vo. “Eu torço para que sim. Eu sei tudo que o Élcio disse tem que ser primeiro con­fir­ma­do, em todo um tra­bal­ho da inves­ti­gação, mas eu torço que sim. Tam­bém não ten­ho aces­so a tudo, mas estou com mui­ta expec­ta­ti­va de que con­si­ga com as infor­mações que ele já deu o MP e a Polí­cia con­si­ga chegar ao man­dante,” disse à Agên­cia Brasil.

Rio de Janeiro (RJ), 14/03/2023 - Agatha Amaus, viúva de Anderson Gomes, durante Missa de 5 anos por Marielle e Anderson, na igreja Nossa Senhora do Parto, centro da cidade. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Repro­dução: Agatha Amaus, durante a mis­sa pelos 5 anos da morte de seu mari­do Ander­son e Marielle Fran­co — Tânia Rêgo/Agência Brasil

A viú­va de Ander­son, Agatha Arnaus, con­fes­sou que já não tin­ha esper­ança de haver avanço nas inves­ti­gações, mas ressaltou que, com a delação de Élcio de Queiroz, sur­gi­ram infor­mações novas impor­tantes para o proces­so. “Se não tivesse havi­do a delação, a gente não teria mais um cam­in­ho a seguir. Vier­am infor­mações novas, e já esta­va tan­to tem­po para­do mes­mo, era a sen­sação que eu tin­ha. Já não tin­ha de onde tirar nada, então, acho que veio a luz no fim do túnel”, afir­mou.

Segun­do Agatha, a descrição do pas­so a pas­so do plane­ja­men­to e da exe­cução do crime apre­sen­ta­do pelo grupo da PF e do MPRJ mostra que a delação foi com­pro­va­da. “Só o fato dele [Élcio] se colo­car, assu­min­do que esta­va dirigin­do [o Cobalt pra­ta de onde foram dis­para­dos os tiros] e que esta­va lá é super­im­por­tante. A gente não tin­ha isso no pre­to no bran­co. É uma con­fis­são dele. Não sei se a gente con­seguiria pro­va tão con­tun­dente quan­to essa. Nos últi­mos tem­pos, foi a situ­ação mais impor­tante do proces­so”, enfa­ti­zou.

Para Marinete da Sil­va, a cri­ação de um grupo na Super­in­tendên­cia da Polí­cia Fed­er­al do Rio de Janeiro, que atua em con­jun­to com o Min­istério Públi­co estad­ual, reforçou as inves­ti­gações, emb­o­ra a PF estivesse pre­sente durante todo o proces­so des­de a ocor­rên­cia do crime. “A gente sem­pre cam­in­hou com a Polí­cia Fed­er­al, não inten­sa­mente como está ago­ra, com um grupo solo, como está no pro­je­to da Marielle. Já tin­ha parce­ria com a Polí­cia Fed­er­al, mas não como está hoje, com um grupo para tra­bal­har só o proces­so da min­ha fil­ha. É difer­ente, por deter­mi­nação do min­istro [da Justiça e Segu­rança Públi­ca, Flávio Dino]. É com este olhar difer­ente do gov­er­no que a gente está viven­do, ten­ho uma expec­ta­ti­va e mui­ta esper­ança de que a gente chegue, sim, aos man­dantes”, afir­mou.

Marinete disse que o tra­bal­ho já está dan­do resul­ta­do e que vale a pena con­fi­ar e acred­i­tar. “A con­fi­ança no que está sendo feito é fun­da­men­tal. Não é fácil. É um proces­so emblemáti­co, um proces­so que já tem cin­co anos e qua­tro meses. É claro que muitas provas, e muitas coisas a gente já não recu­pera, mas o cam­in­ho é este. Que alguém fale algu­ma coisa, e o primeiro pas­so foi dado. Um dos caras, envolvi­do total­mente, já falou algu­ma coisa, e que a gente con­si­ga algo pos­i­ti­vo”, acres­cen­tou.

Segun­do Agatha, foi a ação mais efe­ti­va da Polí­cia Fed­er­al que provo­cou os avanços. Ela lem­brou que, ante­ri­or­mente, a PF já havia par­tic­i­pa­do das inves­ti­gações e disse que não sabe se a moti­vação de Élcio de Queiroz para prestar as infor­mações foi a pre­sença mais forte desse grupo. “Qual­quer esforço, qual­quer apoio que a gente ten­ha na inves­ti­gação é bem-vin­do. O com­bo deste ano de Polí­cia Fed­er­al, Min­istério da Justiça, min­istro [Flávio] Dino, foi um com­bo favoráv­el para que essas coisas rolassem, assim.”

Agatha ressaltou que, se alguém tin­ha dúvi­da de que foram eles, não tem mais. O fun­da­men­tal é exata­mente isso. O plane­ja­men­to, o men­tor, teve alguém que finan­ciou, porque não tem out­ra coisa para a gente achar que alguém tem ódio e cometa algu­ma coisa daque­le tipo, só porque teve rai­va ou não gos­ta. Não tem isso. Então, o mais impor­tante no primeiro pas­so foi saber que foram eles mes­mos”, com­ple­tou Marinete da Sil­va.

Anistia Internacional

A diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, durante lançamento da ação
Repro­dução: A dire­to­ra exec­u­ti­va da Anis­tia Inter­na­cional no Brasil, Jure­ma Wer­neck — Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

Para a dire­to­ra exec­u­ti­va da Anis­tia Inter­na­cional Brasil, Jure­ma Wer­neck, a morte de Marielle deixou muitos lega­dos e out­ros ain­da podem sur­gir. Um deles é destacar, mais uma vez, o quan­to o Brasil é perigoso para gente que luta por justiça, por dig­nidade e por igual­dade. “Marielle era uma ativista des­de os 15 anos de idade. Foi mor­ta no cen­tro da cidade, próx­i­mo ao Cen­tro de Coman­do e Con­t­role da Segu­rança Públi­ca do Rio de Janeiro. Foi mor­ta um mês depois de ter-se ini­ci­a­do a inter­venção no Rio de Janeiro, sob a lid­er­ança do gen­er­al Bra­ga Neto. Ela foi mor­ta em um dos país­es mais perigosos do mun­do. O assas­si­na­to dela chamou atenção do mun­do para o quan­to é perigoso ser ativista no Brasil e tam­bém o quan­to é perigoso ser uma mul­her negra de favela e ser tam­bém uma mul­her lés­bi­ca. Tudo isso jun­to é ilu­mi­na­do com o assas­si­na­to de Marielle”, afir­mou Jure­ma, em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Na visão de Jure­ma, o assas­si­na­to de Marielle foi uma ten­ta­ti­va de silen­ciar uma luta por dire­itos humanos, mas isso os crim­i­nosos não con­seguiram. “Isso tam­bém chama a atenção para o lega­do dela. Quan­do ela foi bru­tal­mente assas­si­na­da, out­ras mul­heres negras se lev­an­taram e se colo­caram como sementes de Marielle. A gente tem nos par­la­men­tos munic­i­pais, nos par­la­men­tos estad­u­ais e no par­la­men­to fed­er­al, várias mul­heres negras, lés­bi­cas, trans, mul­heres que assumi­ram para si a reivin­di­cação e o papel que Marielle não pôde cumprir até o final. Este tam­bém é um lega­do, e é um lega­do de abrir a cloa­ca do crime orga­ni­za­do no Rio de Janeiro, a cloa­ca da omis­são do gov­er­no do esta­do, a cloa­ca da omis­são do Min­istério Públi­co”, reforçou.

De acor­do com a dire­to­ra da Anis­tia Inter­na­cional, ficou evi­dente tam­bém a par­tic­i­pação de agentes do Esta­do, como o poli­cial apon­ta­do por ter vaza­do infor­mação a Ron­nie Lessa sobre uma oper­ação que seria fei­ta pela polí­cia, além do ex-bombeiro Maxwell Simões Cor­rêa, par­ceiro de Lessa. “Crime orga­ni­za­do é isso. Milí­cia é isso. Agentes públi­cos que se orga­ni­zam para come­ti­men­to do crime usan­do recur­sos do Esta­do. Marielle foi assi­na­da, segun­do a denún­cia do Élcio de Queiroz, por uma sub­me­tral­hado­ra per­ten­cente ao Batal­hão de Oper­ações Espe­ci­ais, a chama­da tropa de elite do Rio de Janeiro. É tudo muito grave”, acres­cen­tou.

Quan­to à vio­lên­cia, infe­liz­mente, nada mudou para os defen­sores de dire­itos humanos no Brasil, que con­tin­uaram sendo mor­tos des­de a morte de Marielle, desta­cou a ativista. Jure­ma lem­brou os assas­si­natos de Paulo Pauli­no Gua­ja­jara, líder da Ter­ra Indí­ge­na Araribóia, no Maran­hão, em 2019; de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, líder indí­ge­na de Rondô­nia, em 2020; do ambi­en­tal­ista José Gomes, o Zé do Lago, sua com­pan­heira Már­cia Nunes Lis­boa e sua entea­da Joane Nunes Lis­boa, em São Félix do Xin­gu, no Pará, em 2022, além dos do indi­genista Bruno Pereira e do jor­nal­ista britâni­co Dom Phillips, no Vale do Javari, no Ama­zonas, tam­bém em 2022.

“Só estou citan­do casos de reper­cussão. Todas essas pes­soas foram assas­si­nadas depois de Marielle, e o Esta­do brasileiro não fez nada para pro­te­ger a vida delas. Se fez, não foi o sufi­ciente, ou infe­liz­mente nada mudou, mas é pre­ciso que mude. Nós, da Anis­tia Inter­na­cional, vamos con­tin­uar mobi­liza­dos para que um dia real­mente mude”, com­ple­tou.

Fatos novos

Sobre a divul­gação de partes da delação de Élcio de Queiroz, Jure­ma afir­mou que sem­pre que se aprox­i­ma de uma data redon­da, surgem fatos novos sobre os assas­si­natos de Marielle e Ander­son. “Para o pon­to de vista da Anis­tia Inter­na­cional, o que foi apre­sen­ta­do ago­ra, como antes, não é sufi­ciente. O que eles apre­sen­taram é que Ron­nie Lessa, Élcio de Queiroz, Maxwell e Edmil­son Macalé estavam envolvi­dos neste crime. Isso já se sabia antes. Eles apre­sen­taram tam­bém a infor­mação de que ela foi mor­ta com arma­men­to per­ten­cente à polí­cia. Isso já se apon­ta­va tam­bém, só não se sabia a quem per­ten­cia a arma. Antes se acred­i­ta­va que era da Polí­cia Civ­il, ago­ra, segun­do Élcio de Queiroz, indi­ca-se que era da Polí­cia Mil­i­tar e, mais do que isso, do Batal­hão de Oper­ações Espe­ci­ais”, afir­mou.

Ape­sar de enfa­ti­zar que algu­mas infor­mações rev­e­ladas ago­ra já eram con­heci­das, Jure­ma Wer­neck disse esper­ar que sur­jam novi­dades no que ain­da está sob sig­i­lo. “Eles estão dizen­do que foi uma toca­ia, um crime prepara­do com mui­ta ante­cedên­cia. Acho que, em sã con­sciên­cia, ninguém imag­i­nou que foi uma decisão de últi­ma hora exe­cu­tar um crime tão bem orga­ni­za­do, a gente não sabia quan­to tem­po lev­ou, mas podia imag­i­nar que a preparação lev­ou um tem­po razoáv­el. Tam­bém sabíamos que os execu­tores eram pes­soas vin­cu­ladas às milí­cias a agentes do esta­do, poli­ci­ais, ex-poli­ci­ais, bombeiros ou ex-bombeiros. Até aí não tem novi­dade, espero que naque­las infor­mações que per­manecem em sig­i­lo, ali sim, ten­ha algu­ma infor­mação nova”, con­cluiu.

Jure­ma Wer­neck disse que ain­da há per­gun­tas sem respostas. Afir­mam que a inves­ti­gação pas­sa para out­ro pata­mar, mas ain­da há muitas per­gun­tas sem respostas, obser­vou a ativista, que diz esper­ar esclarec­i­men­tos sobre questões sobre, por exem­p­lo, como uma arma do Bope foi parar na mão de Ron­nie Lessa; como a munição da Polí­cia Fed­er­al ter­mi­nou no cor­po de Marielle e de Ander­son. “Como é que, depois desse tem­po todo, com tan­tos nomes indi­ca­dos, alguns deles ain­da estão no serviço ati­vo como servi­dores do Esta­do. Por que a Polí­cia Civ­il, que é afi­nal de con­tas a encar­rega­da desse inquéri­to orig­i­nal­mente, depois de qua­tro anos, não apre­sen­tou nen­hu­ma novi­dade, e a Polí­cia Fed­er­al, começan­do a tra­bal­har depois da posse do novo super­in­ten­dente do Rio, já apre­sen­tou algu­mas infor­mações e já se moveu?”, ques­tio­nou.

A ativista acres­cen­tou que hou­ve denún­cias de pro­mo­toras do Min­istério Públi­co, que atu­aram ante­ri­or­mente nas inves­ti­gações, sobre inter­fer­ên­cia inde­v­i­da no proces­so. “Que inter­fer­ên­cia é essa? Até hoje, ninguém disse. Por que o Min­istério Públi­co demo­ra tan­to e [por que] mudou tan­to de mão essa inves­ti­gação? Por que o Min­istério Públi­co per­manece sem faz­er o con­t­role exter­no da ativi­dade poli­cial, uma vez que as próprias notí­cias dizem que há servi­dores ativos, ain­da tra­bal­han­do, que são parte dessa engrenagem de pro­dução de morte?”

“Há tan­tas per­gun­tas sem respostas. Espero que, de fato, seja um novo pata­mar, mas é pre­ciso que as autori­dades apre­sen­tem as novi­dades reais para que pos­samos saber. A Anis­tia Inter­na­cional, des­de o princí­pio, vem advo­gan­do a con­sti­tu­ição de uma comis­são exter­na de espe­cial­is­tas, com gente que, olhan­do para as inves­ti­gações, pos­sa falar com pro­priedade se as coisas estão sendo feitas cor­re­ta­mente”, ressaltou.

A dire­to­ra da Anis­tia Inter­na­cional lem­brou que Marielle com­ple­taria 44 anos nes­ta quin­ta-feira (27). “Uma data muito triste. Falo com nó na gar­gan­ta. Fico imag­i­nan­do a dor das famílias, dos pais, da fil­ha, da irmã, das sobrin­has, da viú­va. Fico imag­i­nan­do a dor da viú­va de Ander­son tam­bém, ten­do que remem­o­rar tudo isso. É pre­ciso que essa dor se trans­forme em soluções. É isso que se espera: soluções, respostas e mudanças. A gente espera que o Rio de Janeiro e o Brasil mudem de fato”, con­cluiu Jure­ma.

Respostas

Em respos­ta à Agên­cia Brasil, que pediu um posi­ciona­men­to sobre as declar­ações de Jure­ma Wer­neck, a Sec­re­taria de Esta­do de Polí­cia Civ­il (Sepol) infor­mou que con­tin­ua inves­ti­gan­do o caso e tro­can­do infor­mações com os demais órgãos envolvi­dos nas apu­rações. “A par­tic­i­pação da Polí­cia Fed­er­al agre­ga força e con­hec­i­men­to ao tra­bal­ho inves­tiga­ti­vo”, disse a Sepol.

“Vale ressaltar que a delação cor­roborou o acer­to inves­tiga­ti­vo da Polí­cia Civ­il e acres­cen­tou novos e rel­e­vantes dados da exe­cução, rep­re­sen­tan­do mais um impor­tante pas­so para se chegar ao man­dante e à moti­vação do crime. A delação apre­sen­ta­da neste momen­to foi fei­ta por um dos inves­ti­ga­dos pre­sos pela Polí­cia Civ­il”, acres­cen­tou a sec­re­taria.

Já o Min­istério Públi­co do Rio de Janeiro desta­cou sua ded­i­cação ao caso e os avanços obti­dos ao lon­go dos últi­mos anos após a denún­cia dos execu­tores do crime. O MPRJ infor­mou que, em março de 2021, foi cri­a­da uma força-tare­fa especí­fi­ca para o caso, con­sid­er­a­da pri­or­i­dade pela Procu­rado­ria-Ger­al de Justiça, com sub­sti­tu­ições pon­tu­ais de pro­mo­tores, a pedi­do. “Ao lon­go daque­le ano, a força-tare­fa obteve con­quis­tas como: uma nova con­de­nação de Ron­nie Lessa e de sua esposa, por lavagem de din­heiro, a par­tir de provas que demon­stravam a incom­pat­i­bil­i­dade de ren­da declar­a­da; recor­reu para aumen­tar as penas de Ron­nie Lessa e de out­ros qua­tro con­de­na­dos no proces­so sobre a obstrução das inves­ti­gações do caso; e obteve acor­do judi­cial com o Face­book para disponi­bi­lizar dados para a inves­ti­gação.”

No final de 2022, o MPRJ obteve, jun­to ao STJ, decisão que obri­ga­va o Google a fornecer dados sobre que­bras de sig­i­lo telemáti­co deter­mi­nadas pela Justiça, com reit­er­a­dos pedi­dos de mul­ta pelo atra­so no fornec­i­men­to das infor­mações, com apre­sen­tação de recur­sos em instân­cias supe­ri­ores. “Tam­bém obteve a con­de­nação de Ron­nie Lessa a 13 anos de prisão por comér­cio ile­gal de armas e oper­ações con­tra orga­ni­za­ções crim­i­nosas envol­ven­do mili­cianos e a cúpu­la do [jogo do] bicho, que tin­ham lig­ações com o acu­sa­do.”

De acor­do com o Min­istério Públi­co, nos últi­mos dois anos, o tra­bal­ho volta­do à iden­ti­fi­cação dos man­dantes reuniu provas e con­tou com diver­sas diligên­cias, além dos avanços men­ciona­dos ante­ri­or­mente.

“Lem­bramos que a inves­ti­gação con­ta com o acom­pan­hamen­to das famílias das víti­mas, rece­bidas peri­odica­mente no MPRJ para ciên­cia dos esforços real­iza­dos pela insti­tu­ição para a elu­ci­dação do crime. O momen­to é de con­strução de uma coop­er­ação que vem se mostran­do exi­tosa para que todos os obje­tivos das inves­ti­gações sejam alcança­dos, não haven­do qual­quer tipo de inter­fer­ên­cia no âmbito do Min­istério Públi­co”, desta­cou a insti­tu­ição.

Edição: Nádia Fran­co

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