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Favela do Moinho faz festa para lembrar dez anos da derrubada de muro

Repro­dução: © Paulo Pinto/Agência Brasil

Estrutura dificultava retirada de pessoas do local, palco de incêndios


Pub­li­ca­do em 26/08/2023 — 13:31 Por Daniel Mel­lo – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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A Favela do Moin­ho, na região cen­tral paulis­tana, cel­e­bra neste sába­do (26) os dez anos da der­ruba­da do muro que cer­ca­va a comu­nidade. A bar­reira, segun­do lau­do do Cor­po de Bombeiros emi­ti­do à época, difi­cul­ta­va a evac­uação do local em caso de incên­dio. Diante das difi­cul­dades em con­seguir que a prefeitu­ra removesse o muro, os moradores resolver­am por tudo abaixo por con­ta própria.

“A gente con­seguiu todos os lau­dos, os alvarás, para der­ruba­da do muro. E a gente mostrou que o poder não fazia e a gente podia faz­er”, relem­bra a líder comu­nitária Alessan­dra Moja, que vive há 30 anos na comu­nidade. “A comu­nidade viu que a força está no povo, não está no poder”, enfa­ti­za sobre como a ação reforçou o sen­so de união das famílias que vivem na favela.

À época, o moin­ho tin­ha pas­sa­do por grandes incên­dios que havi­am destruí­do cen­te­nas de residên­cias. Em 2011, 1,2 mil pes­soas ficaram desabri­gadas dev­i­do ao fogo e duas pes­soas mor­reram. No ano seguinte, em 2012, pelo menos uma morte foi reg­istra­da e mais 300 pes­soas perder­am suas casas.

Assim, em 2013, a comu­nidade resolveu lib­er­ar a mar­retadas as rotas de fuga da favela. “Des­de então, retomamos a metade do ter­reno que nos foi usurpa­do, cen­te­nas de famílias con­struíram seus lares, fize­mos um cine clube, cap­inamos e assen­ta­mos as vielas por onde nos­sas cri­anças cor­rem e brin­cam”, diz o chama­do para a fes­ta de comem­o­ração da ação.

Resistência

Além de enfrentar os incên­dios, as famílias do Moin­ho vêm, ao lon­go dos anos, resistin­do às ten­ta­ti­vas do Poder Públi­co de des­ocu­par a área. Em 2017, a prefeitu­ra de São Paulo chegou a acusar a comu­nidade de fornecer dro­gas para a Cra­colân­dia, aglom­er­ação de pes­soas em situ­ação de rua que usam dro­gas, a cer­ca de 2 quilômet­ros do local. O pro­je­to anun­ci­a­do na ocasião, no entan­to, não teve con­tinuidade.

Nem mes­mo a pos­si­bil­i­dade de ser aten­di­da por um pro­gra­ma habita­cional faria Alessan­dra deixar o lugar onde criou a fil­ha, que hoje tem 25 anos. “Um aparta­men­to não paga uma história de 30 anos”, resume a reci­clado­ra sobre os sen­ti­men­tos que têm em relação à comu­nidade.

Cinema e música

Para con­tar essa tra­jetória será exibido o doc­u­men­tário Muro da Ver­gonha, do cole­ti­vo Fabcine. Artis­tas da comu­nidade tam­bém farão apre­sen­tações a par­tir das 17h deste sába­do.

Edição: Denise Griesinger

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