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Fechamento da Télam prejudicaria direito de argentinos à informação

Repro­dução: © tÉLAM

Presidente Javier Milei prometeu acabar com veículo público de 78 anos


Pub­li­ca­do em 02/03/2024 — 17:17 Por Luiz Cláu­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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A decisão do pres­i­dente argenti­no Javier Milei de encer­rar as ativi­dades da Agên­cia de Notí­cias públi­ca Télam, que foi fun­da­da em 1945, deve ger­ar impactos ao dire­ito à infor­mação por parte da pop­u­lação daque­le País. Essa é uma avali­ação de enti­dades lig­adas à comu­ni­cação.

Na noite de sex­ta (1º), na aber­tu­ra das sessões do Con­gres­so Nacional, Javier Mil­er afir­mou que seu gov­er­no vai “fechar a agên­cia Télam” com o argu­men­to de ter sido “uti­liza­da nas últi­mas décadas como agên­cia de pro­pa­gan­da kirch­ner­ista”. 

Na avali­ação do dire­tor do escritório da “Repórteres Sem Fron­teiras” para a Améri­ca Lati­na, o jor­nal­ista brasileiro Artur Romeu, o fechamen­to da prin­ci­pal agên­cia de notí­cias (de quase 80 anos de história) é “lamen­táv­el” e um “desre­speito” com a sociedade argenti­na. “A comu­ni­cação públi­ca é um aspec­to essen­cial do dire­ito ao aces­so de infor­mação, na medi­da em que for­t­alece o plu­ral­is­mo no hor­i­zonte midiáti­co, que na Argenti­na é his­tori­ca­mente mar­ca­do por uma alta con­cen­tração”.

Para Romeu, a decisão impacta, por exem­p­lo, na pre­sença que as difer­entes regiões têm na agen­da midiáti­ca nacional. Ele argu­men­ta que as infor­mações que são veic­u­ladas pelo País e tam­bém para o exte­ri­or são lim­i­tadas à cap­i­tal Buenos Aires. “A Télam e a Radio Nacional são os úni­cos meios públi­cos com cor­re­spon­dentes em todas as provín­cias do país”, expli­cou.

“For­t­alece desin­for­mação”   

A pres­i­dente da Fed­er­ação Nacional dos Jor­nal­is­tas brasileiros (Fenaj), Sami­ra de Cas­tro, avalia que a decisão de Milei é “pre­ocu­pante” ao aten­tar “con­tra o dire­ito de aces­so à infor­mação da pop­u­lação naque­le país”. Para a jor­nal­ista brasileira, o fechamen­to da Télam faz parte de uma estraté­gia políti­ca de “for­t­ale­cer sis­temas de comu­ni­cação desin­for­ma­tivos para faz­er prevale­cer a nar­ra­ti­va da extrema dire­i­ta ultra­l­ib­er­al”.

Brasília (DF) 26/10/2023 Comissão de Comunicação da Câmara realiza audiência pública sobre a importância da formação superior para o exercício do jornalismo. ( Samira de Castro Cunha, presidenta da FENAJ). Foto Lula Marques/ Agência Brasil
Repro­dução: Sami­ra de Cas­tro Cun­ha, pres­i­den­ta da FENAJ. Foto Lula Marques/ Agên­cia Brasil

A decisão de Milei sobre o sis­tema de comu­ni­cação públi­co e comu­nitário na Argenti­na, na avali­ação da pres­i­dente da Fenaj, tem relação com a visão de que a agên­cia de comu­ni­cação é públi­ca e não estatal. “Os gov­er­nos ultra­l­ib­erais tratam o serviço públi­co como gas­to do Esta­do. Querem man­ter ape­nas o mín­i­mo, inclu­sive cor­tan­do em áreas soci­ais”.

Ela entende que ataques à comu­ni­cação públi­ca tam­bém ocor­reram no Brasil nos últi­mos gov­er­nos de Michel Temer e Jair Bol­sonaro, por exem­p­lo, com redução de fun­cionários, fim do Con­sel­ho Curador da Empre­sa Brasil de Comu­ni­cação (EBC) e inclusão da empre­sa na lista de pri­va­ti­za­ções.

“Dev­e­ria garan­tir autono­mia”

Para Artur Romeu, da Repórteres Sem Fron­teiras, é necessário avaliar que desafios na comu­ni­cação públi­ca dev­e­ri­am provo­car a cri­ação de mecan­is­mos de mel­ho­rias, como o for­t­alec­i­men­to de medi­das para garan­tir autono­mia edi­to­r­i­al em relação ao Poder Exec­u­ti­vo e a ampli­ação do orça­men­to para mod­ern­iza­ção de equipa­men­tos.

Na Argenti­na, neste sába­do, o Sindi­ca­to de Impren­sa de Buenos Aires (SiPre­BA) repu­diou o anún­cio de encer­ra­men­to da Agên­cia Nacional de Notí­cias Télam em vista da “qual­i­dade e profis­sion­al­is­mo” do serviço presta­do aos argenti­nos. “Rat­i­fi­camos nos­so com­pro­mis­so de defend­er seu papel social e seus tra­bal­hadores”, afir­mou o sindi­ca­to em comu­ni­ca­do.

Edição: Vini­cius Lis­boa

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