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Feira Gastronômica celebra, em Salvador, sabores de Jorge Amado

Pelourinho sedia o Festival Uma Casa de Palavras

Elaine Patri­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 13/12/2024 — 09:08
Sal­vador
Brasília (DF), 13/12/2024 - Jorge Amado. Foto: Fundação Casa de Jorge Amado/Divulgação
Repro­dução: © Fun­dação Casa de Jorge Amado/Divulgação

A gas­trono­mia sem­pre foi parte impor­tante do uni­ver­so do escritor Jorge Ama­do (foto). Em meio a histórias, sem­pre apare­cem os aro­mas, os sabores e as delí­cias da Bahia. Seus per­son­agens são fre­quente­mente retrata­dos preparan­do e apre­cian­do pratos típi­cos baianos como o acara­jé, o vat­apá, as moque­cas e os caru­rus.

Tieta, por exem­p­lo, quan­do voltou a San­tana do Agreste, preparou uma moque­ca deli­ciosa. A moque­ca tam­bém foi a últi­ma refeição de Quin­cas Berro d’Água. Dona Flor gan­ha­va a vida dan­do aulas de culinária para mul­heres. Gabriela, por sua vez, era grande coz­in­heira de bolin­hos típi­cos e acara­jés.

A comi­da, na obra de Jorge Ama­do, é um espaço de comunhão, de rela­ciona­men­tos, de praz­eres, de histórias e de tradições.

“Os per­son­agens, como o papai dizia, são vivos, têm sangue, carne e osso e pre­cisam com­er para se man­ter em pé. Ess­es per­son­agens traduzem exata­mente a importân­cia da comi­da na vida das pes­soas”, disse a escrito­ra Palo­ma Jorge Ama­do, fil­ha de Jorge.

Palo­ma é auto­ra de dois livros que descrevem essa união entre a lit­er­atu­ra e a gas­trono­mia no uni­ver­so ama­di­ano: a comi­da baiana de Jorge Ama­do e As Fru­tas de Jorge Ama­do.

“O papai cos­tu­ma­va diz­er, e eu con­cor­do ple­na­mente com ele, que dar de com­er é o primeiro ato de amor que uma pes­soa recebe. Como a mãe que leva o bebê para o peito e mostra que com­er tem a ver com aconchego, com car­in­ho e com o que existe de mais pro­fun­do”, afir­mou.

Durante suas pesquisas para os livros, Palo­ma se deparou com a per­son­agem Mar­i­ana, da trilo­gia Os Sub­ter­râ­neos da Liber­dade, que abor­da a ditadu­ra mil­i­tar no Brasil. E um tre­cho do livro chamou sua atenção.

“A Mar­i­ana tem um encon­tro com um diri­gente comu­nista, um homem baiano. E aí, depois de con­ver­sarem sobre políti­ca, ele diz para ela: ‘vem cá, você já comeu um vat­apá?’ E ela diz, ‘não, eu nun­ca comi’. Ele diz ‘não é pos­sív­el, você tem que com­er, é uma delí­cia, min­ha mul­her faz’. O papai escreveu esse livro no exílio. Ele mora­va na Tchecoslováquia. Ele já esta­va na Europa há cin­co anos, sem com­er um vat­a­paz­in­ho. Aí eu fiquei pen­san­do, ‘meu Deus, que saudade que papai tin­ha para, nesse momen­to de uma con­ver­sa políti­ca, botar um vat­apá”.

Festival Uma Casa de Palavras

Para ressaltar essa lig­ação de Jorge Ama­do com a gas­trono­mia baiana e tam­bém cel­e­brar a rein­au­gu­ração da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do, que pas­sou por uma refor­ma e reabriu ao públi­co nes­sa quin­ta-feira (12), o Pelour­in­ho está receben­do o Fes­ti­val Uma Casa de Palavras.

A ini­cia­ti­va apre­sen­ta uma pro­gra­mação musi­cal e tam­bém uma feira gas­tronômi­ca, chama­da de Meren­das de Dona Flor e é real­iza­da até este sába­do (14), no Largo do Pelour­in­ho. “São comi­das inspi­radas na obra de Jorge Ama­do”, ressalta Angela Fra­ga, dire­to­ra exec­u­ti­va da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do.

A meta do fes­ti­val é pro­mover a obra de Jorge Ama­do unin­do lit­er­atu­ra, gas­trono­mia e músi­ca e tam­bém estim­u­lar a leitu­ra de livros do maior escritor baiano por meio do pal­adar.

Comidas da Bahia

Algu­mas das delí­cias pre­sentes nos romances de Jorge Ama­do, como o acara­jé, ficam à dis­posição do públi­co nas bar­ra­cas mon­tadas em frente à fun­dação. As comi­das e bebidas são pro­duzi­das e ven­di­das por moradores do Cen­tro Históri­co, val­orizan­do, assim, os saberes e faz­eres da comu­nidade.

Esse é o caso de Dona Dica, 65 anos, que vende seus deli­ciosos acara­jés há 30 anos na frente da fun­dação. Sua bar­raquin­ha está sem­pre cheia. “Jorge Ama­do já comeu no meu out­ro pon­to. Ele comia min­has cocadas. E só gosta­va da bran­ca”, disse ela à Agên­cia Brasil. “E ele dizia que era dia­béti­co. Ele comia escon­di­do da Zélia (Gat­tai, escrito­ra que foi sua com­pan­heira)”, brin­ca ela.

Os acara­jés de Dona Dica são muito elo­gia­dos por aque­les que param em sua bar­raquin­ha. E des­per­tam a curiosi­dade do públi­co sobre qual seria o seu ingre­di­ente secre­to. “O seg­re­do do meu acara­jé é o coração da baiana”, responde ela, sob uma forte gar­gal­ha­da.

O Fes­ti­val Uma Casa de Palavras ter­mi­nará neste sába­do (14) e pro­move tam­bém atrações musi­cais: hoje (13), às 19h, Gerôn­i­mo; e, no sába­do (14), às 16h, é a vez do PUMM-Por Um Mun­do Mel­hor, com uma pro­gra­mação espe­cial para o públi­co infan­til.

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