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Férias: como evitar acidentes com as crianças no período de lazer

Repro­dução: © Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Pais e cuidadores devem redobrar a atenção no período


Pub­li­ca­do em 03/07/2022 — 09:13 Por Lud­mil­la Souza — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Jul­ho chegou e o perío­do de férias esco­lares para as cri­anças e os ado­les­centes tam­bém. Aguarda­da pelos pequenos (e não tão pequenos) pelas numerosas pos­si­bil­i­dades de laz­er, brin­cadeiras e des­can­so, as férias alter­am as roti­nas o que aumen­ta os riscos de pequenos aci­dentes, quedas e trau­mas den­tro e fora de casa. No ambi­ente domés­ti­co, os respon­sáveis pre­cisam cuidar de situ­ações como queimaduras, enve­ne­na­men­to, afoga­men­to, quedas, cortes, sufo­cação e choque elétri­co.

Tan­to den­tro quan­to fora de casa é pre­ciso estar aten­to ao movi­men­to das cri­anças. Os aci­dentes mais comuns nas emergên­cias são pequenos fer­i­men­tos e con­tusões, segun­do o orto­pe­dista pediátri­co, Wil­son Lino Junior, coor­de­nador da orto­pe­dia Pediátri­ca do Hos­pi­tal infan­til Sabará de São Paulo.

“As cri­anças estão sem­pre em movi­men­to e procu­ran­do aven­turas e inter­ação com seus semel­hantes. Deve­mos pen­sar em alguns fatores que podem jus­ti­ficar a maior quan­ti­dade de trau­mas e aci­dentes: a coor­de­nação das cri­anças está em con­stante desen­volvi­men­to, a mar­cha nor­mal só se assemel­ha a de um adul­to aos 6 anos de idade, mudanças cor­po­rais ocor­rem até a fase final de cresci­men­to, próx­i­mo dos 16 anos de idade”.

Segun­do o médi­co, a cri­ança cresce muito ao lon­go de pouco tem­po e a relação com o mun­do que a envolve muda con­stan­te­mente.

“Imag­ine que uma mesa tem a altura padrão de 80cm, uma cri­ança aos 2 anos de idade pode pas­sar por baixo da mesa sem neces­si­tar abaixar e, em menos de um ano, pre­cisa recal­i­brar seus parâmet­ros, pois se não abaixar irá bater a cabeça, um dos trau­mas mais comuns vis­tos nas emergên­cias.”

Após o aci­dente, a ori­en­tação é obser­var a cri­ança. “Des­maios e vômi­tos são sinais de aler­ta com trau­mas de cabeça. Deformi­dades, dor inten­sa nos mem­bros são sinais de fratu­ra. Fer­i­men­tos cor­tantes com san­gra­men­to abun­dante tam­bém devem levar ao pron­to-socor­ro”, enu­mera o médi­co.

“No caso de trau­ma nos mem­bros, recomen­da-se imo­bi­liza­ção pro­visória, nos fer­i­men­tos san­grantes deve-se envolver com toal­ha ou pano limpo e não faz­er gar­rotes e torni­quetes. Nun­ca colo­car sub­stân­cias como café, óleo, pas­ta de dente e out­ros pro­du­tos de cren­dices que podem con­t­a­m­i­nar os fer­i­men­tos, causar infecções graves e difi­cul­tar o trata­men­to”, aler­ta o orto­pe­dista.

Segun­do Lino Junior, os aci­dentes mais fre­quentes cos­tu­mam ocor­rer den­tro de casa, onde os pais, em ger­al, estão mais tran­qui­los por con­sid­er­ar um ambi­ente seguro.

Engasgos

Dia internacional do Brincar celebra a importância das brincadeiras na infância.
Repro­dução: Durante as férias, cri­anças ficam mais expostas a pequenos aci­dentes. Brin­que­dos com peças peque­nas, por exem­p­lo, devem ser evi­ta­dos. — Fabio Rodrigues Pozzebom/Arquivo Agên­cia Brasil

Além dos aci­dentes, há ain­da out­ras situ­ações ines­per­adas, entre elas, o engas­go, que cos­tu­ma ocor­rer com as cri­anças menores de 5 anos, de acor­do com a otor­ri­no­laringol­o­gista Sarami­ra Bohadana, respon­sáv­el pela área Aerodi­ges­ti­vo do Hos­pi­tal infan­til Sabará de São Paulo. 

“A cri­ança na fase oral, nor­mal­mente, põe tudo na boca. Se o obje­to for pequeno, a cri­ança tem risco de aspi­rar ou de deg­lu­tir. Os obje­tos que rep­re­sen­tam mais risco para a cri­ança são as bate­rias. Então os pais devem tomar muito cuida­do para que não ten­ha em casa brin­que­dos com bate­rias peque­nas, porque as bate­rias que não são alcali­nas, em con­ta­to com a mucosa tan­to nasal quan­to a mucosa diges­ti­va,  cor­roem a mucosa e provo­cam per­furação e destru­ição do teci­do e isso é extrema­mente grave, a cri­ança deve ser aten­di­da o mais rápi­do pos­sív­el”, aler­ta a médi­ca.

Ela reforça que não se deve esper­ar para ver se o obje­to sai nas fezes. “A família da cri­ança deve sem­pre procu­rar o pron­to-socor­ro mais próx­i­mo quan­do perce­ber que a cri­ança se engas­gou ou se ela teve algum aci­dente com o cor­po estran­ho e nun­ca esper­ar para ver o que vai acon­te­cer ou se vai elim­i­nar nas fezes”.

Pipoca e amendoim

Difí­cil encon­trar uma cri­ança que não goste de pipoca, mas as menores devem ficar longe do ali­men­to, assim como do amen­doim, pelo alto risco de engas­go, acres­cen­tou a médi­ca

“A ori­en­tação é evi­tar a exposição de amen­doim e de pipoca para cri­ança de 2 a 4 anos, onde o risco de engas­go é maior. Tam­bém tirar brin­que­dos pequenos como legos e brin­que­do com bate­ria nem pen­sar. Então é tirar todo tipo de obje­tos que a cri­ança pode pôr na boca e even­tual­mente aspi­rar”.

A mãe do Luis, a bancária Janaí­na Vieira de Oliveira Grave e Souza, pas­sou por um sus­to quan­do o meni­no, aos 2 anos, engas­gou com amen­doim.

“Ele esta­va com meus sobrin­hos mais vel­hos e eles estavam comen­do amen­doim, o Luís pegou uma porçãoz­in­ha de amen­doim e esta­va brin­can­do com eles e acabou se engas­gan­do. Na hora, ele perdeu o ar um pouco e a gente fez aque­la manobra do engas­go, aque­le deses­pero de pai, né? Vira de pon­ta cabeça, aper­ta a bar­ri­ga, enfia o dedo na gar­gan­ta, enfim, ele vom­i­tou, voltou o ar e ficou tudo bem”, relem­bra.

“Mas à noite a gente acabou levan­do na emergên­cia porque eu fiquei assus­ta­da, fui bus­car na inter­net e vi vários relatos de cri­anças que aspi­raram amen­doim ou coisas pare­ci­das. Na emergên­cia tiraram um raio X e, aparente­mente, esta­va tudo nor­mal”, con­tou Janaí­na.

Durante a madru­ga­da, entre­tan­to, o quadro mudou. “Ele esta­va res­pi­ran­do um pouco mais ofe­gante. Falei com a pedi­atra dele e ela disse que era grave e que dev­e­ria ir em um hos­pi­tal pediátri­co. A médi­ca que aten­deu olhou o mes­mo raio X e falou que o amen­doim esta­va no pul­mão. Ele ficou inter­na­do na UTI qua­tro dias e pre­cisou faz­er uma bron­co­scopia”, con­ta a mãe.

O pro­ced­i­men­to foi rápi­do, mas o meni­no pre­cisou ser aneste­si­a­do. “A douto­ra que aten­deu ele, super­ex­pe­ri­ente, expli­cou como seria o pro­ced­i­men­to pois pode­ria traz­er seque­las, pode­ria demor­ar para localizar o amen­doim, mas no caso dele foi tudo bem. Mas, como mãe, você fica fica deses­per­a­da na hora e se per­gun­ta como que você deixou isso sendo que você cui­da tan­to”.

Hoje com 5 anos, Luís con­tin­ua sem com­er amen­doim. E só está lib­er­a­do para a pipoca quan­do tem adul­to por per­to. “Toda vez que ele come algo que eu acho que pode engas­gar ou pode traz­er algum risco, ele fica sob super­visão. Por exem­p­lo, bolin­ha de choco­late, pipoca que ele ama, ele só come sob super­visão e a gente, às vezes, fica tiran­do casquin­ha, olhan­do ele com­er”.

Objetos perigosos

Segun­do a médi­ca, os prin­ci­pais aci­dentes com engas­gos ocor­rem com pedras de roupa, biju­te­rias, bor­racha, plás­ti­co, pedaço de brin­que­do e comi­da, espe­cial­mente pipoca. As cri­anças podem engas­gar tan­to deg­lutin­do quan­to aspi­ran­do ess­es obje­tos para via aérea.

“Os casos de aspi­ração de obje­tos para via aérea são mais raros, mas o de deg­lu­tição são os mais fre­quentes. Na nos­sa estatís­ti­ca 36% dos casos foram de via diges­ti­va. Enquan­to que 31% foram obje­tos colo­ca­dos na cavi­dade oral e 5% dos casos foram de oro­farine e 27% dos casos são obje­tos colo­ca­dos no ouvi­do”, detal­ha a espe­cial­ista.

Prevenção

Quilombinho – lounge infantil (pintura de rosto, oficinas, brinquedos, cineminha, contação de histórias), no Festival Latinidades (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Repro­dução:  Pais e cuidadores devem deixar os brin­que­dos ao alcance da cri­ança. Remé­dios e pro­du­tos de limpeza devem ficar sem­pre longe dos pequenos. — Mar­cel­lo Casal jr/Arquivo Agên­cia Brasil

Para diminuir a chance de aci­dentes den­tro de casa, o orto­pe­dista do Hos­pi­tal Sabará enu­mera alguns cuida­dos impor­tantes: 

- Colo­car pro­te­tores que evitem o fechamen­to repenti­no de por­tas — situ­ação que pode causar aci­dentes graves, como amputação de pon­tas de dedos das cri­anças.

- Tele­visões e obje­tos mais pesa­dos devem ser fixos, para evi­tar a que­da.

- Deixar os brin­que­dos ao alcance da cri­ança. Remé­dios e pro­du­tos de limpeza devem ficar sem­pre longe do alcance dos pequenos.

- Explicar e mostrar os riscos de um fogão ou forno enquan­to estiv­er coz­in­han­do.

“O mais impor­tante é edu­car a cri­ança para saber manuse­ar obje­tos como copo, tal­heres, car­regar de um jeito que ao der­rubar não se machuque, usar as duas mãos, não cor­rer enquan­to car­rega copos ou pratos etc. Enfim, edu­car é sem­pre mel­hor que impedir a cri­ança de faz­er as coisas do dia a dia. A cri­ança gos­ta de colab­o­rar e de par­tic­i­par de ativi­dades, comece com ativi­dades sim­ples e obje­tos de plás­ti­co e grad­ual­mente aumente a com­plex­i­dade, ela irá apren­der e realizar com destreza cres­cente”, acon­sel­ha o orto­pe­dista pediátri­co.

Emergência

O número 193, do Cor­po de Bombeiros, recebe chama­dos para aci­dentes domés­ti­cos com cri­anças todos os dias. No perío­do das férias esco­lares, entre­tan­to, esse índice aumen­ta sig­ni­fica­ti­va­mente, expli­ca a Tenente Caeth do 1º Gru­pa­men­to dos Bombeiros da cap­i­tal paulista.

“Os prin­ci­pais aci­dentes domés­ti­cos ocor­rem envol­ven­do pisci­nas, pan­elas ao fogo e ener­gia elétri­ca. Ocor­rem por neg­ligên­cia do respon­sáv­el, por isso, a atenção deve ser redo­bra­da quan­to a pro­teção do meio para a cri­ança”, aler­ta.

Para evi­tar os aci­dentes, a tenente Caeth dá as seguintes ori­en­tações:

- Pisci­nas: as cri­anças devem estar sem­pre na com­pan­hia de um adul­to e uti­lizar equipa­men­tos de segu­rança, como boias.

- Pan­elas e fogão: os cabos das pan­elas devem estar volta­dos para den­tro do fogão, para evi­tar que a cri­ança puxe o cabo e se queime ou der­rame água quente. Per­manecer com o fogão desli­ga­do sem­pre que pos­sív­el.

- Ener­gia elétri­ca: Evi­tar o uso de eletrôni­cos, como celu­lar, enquan­to o apar­el­ho car­rega, para evi­tar descar­gas elétri­c­as e explosões.

Com a final­i­dade de reduzir a recor­rên­cia dess­es e de out­ros aci­dentes a cor­po­ração tem o Pro­gra­ma Bombeiro na Esco­la (PBE) em todo o esta­do.

“Assun­tos como ess­es são abor­da­dos de for­ma didáti­ca e lúdi­ca para cri­anças em idade esco­lar, que apren­dem não só a parte rela­ciona­da a pre­venção, mas tam­bém  quais ati­tudes tomar em caso de aci­dentes ou emergên­cias”, diz a tenente.

Ela ori­en­ta ain­da que, em caso de aci­dente, família ou cuidadores liguem de ime­di­a­to, para o Cor­po de Bombeiros. “Em casos como queimaduras, é necessário man­ter o local sob água fria cor­rente e não pas­sar nen­hum pro­du­to quími­co no fer­i­men­to. No caso de afoga­men­tos em pisci­nas, enquan­to lig­ar 193, seguir ori­en­tações via tele­fone, para realizar os pro­ced­i­men­tos até a chega­da da viatu­ra”, desta­ca.

Edição: Lílian Beral­do

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