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Festival de dança internacional ocupa CCBB e espaços abertos no Rio

Repro­dução:  @Divulgação

Um dos espetáculos é inspirado em fotos de Sebastião Salgado


Pub­li­ca­do em 03/08/2023 — 07:52 Por Bruno de Fre­itas Moura — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A par­tir des­ta quin­ta-feira (3) até domin­go (6), 26 com­pan­hias de dança com artis­tas brasileiros e estrangeiros – de pelo menos seis país­es – mostram suas core­ografias em espetácu­los no Cen­tro Cul­tur­al Ban­co do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro e em espaços públi­cos da cidade. É o 21º fes­ti­val Dança em Trân­si­to que, até 14 de out­ubro, pas­sará por 33 cidades das cin­co regiões do país. É um dos maiores fes­ti­vais inter­na­cionais de dança con­tem­porânea do país.

A Qabalum Com­pa­ny, de Pam­plona, na Espan­ha, abre o fes­ti­val às 18h, no salão do CCBB. A maio­r­ia das apre­sen­tações é de graça. Há cobrança de ingres­sos (R$ 30 a inteira) ape­nas para as que acon­te­cem no teatro do CCBB. Há artis­tas tam­bém da Bél­gi­ca, França, Repúbli­ca Tcheca e do Uruguai.

Um dos destaques do fes­ti­val é o espetácu­lo Café Não É Só uma Xícara, do Grupo Tápias. Os dançari­nos vão levar para o públi­co uma core­ografia inspi­ra­da em um tra­bal­ho do fotó­grafo Sebastião Sal­ga­do – recon­heci­do inter­na­cional­mente por expor temas soci­ais e ambi­en­tais por meio das fotografias.

A baila­r­i­na e coreó­grafa Flávia Tápias assi­na a direção artís­ti­ca do espetácu­lo. Ela expli­ca que a inspi­ração em Sebastião Sal­ga­do surgiu de um livro do fotó­grafo sobre fazen­das de café.

“Eu me apaixonei pelas fotografias e por todas as pes­soas que estavam naque­las fotos. Eu via muitas histórias den­tro das fotografias. Com essas histórias cri­adas, eu acho que o espetácu­lo tomou novos rumos”, disse à Agên­cia Brasil Flávia, que tam­bém é ide­al­izado­ra do fes­ti­val.

Foto e movimento

A coreó­grafa con­ta que enx­er­ga “movi­men­to” nas fotografias de Sal­ga­do, car­ac­terís­ti­ca que é refleti­da logo do começo da per­for­mance dos bailar­i­nos. “Eu começo com um trem, que era onde o café era trans­porta­do. Essa fotografia que me inspirou nesse trem é de uma sen­ho­ra muito idosa, ela tem muitas mar­cas no ros­to, mar­cas da idade. Para mim, são cam­in­hos, tra­je­tos. Então eu desen­hei uns tra­je­tos do trem para esse iní­cio do espetácu­lo. Os bailar­i­nos entram sem­pre de um lado do pal­co e saem pelo out­ro. Então tem sem­pre uma questão do ir. Essa idosa me trouxe a questão da vida, que a vida sem­pre vai, não tem vol­ta. Tem cic­los, mas não tem vol­ta. Você nasce, cresce e envel­hece”, con­ta Flávia.

A sim­bolo­gia encon­tra­da numa xícara de café, expli­ca a baila­r­i­na, foi a inspi­ração para o nome Café Não É Só uma Xícara.

“Café não é só uma xícara. Café é história, memória, cheiro de casa quentin­ha, o iní­cio do dia, uma reunião de tra­bal­ho. Café é um lugar, um pro­du­to que gera encon­tros. Café é vício, ener­gia. Se você pega a história do Brasil e a história do café, elas vão ali juntin­has”, diz.

Intercâmbio

Este ano, o Dança em Trân­si­to teve apre­sen­tações no exte­ri­or, den­tro de um pro­je­to de inter­câm­bio de bailar­i­nos. Em jun­ho, brasileiros estiver­am em Pra­ga, cap­i­tal da Repúbli­ca Tcheca. Ago­ra, tchecos estão no Rio de Janeiro para as apre­sen­tações. Artis­tas ucra­ni­anos refu­gia­dos por causa da invasão rus­sa tam­bém par­tic­i­pam do inter­câm­bio. “A arte é um lugar de sal­vação, de cura, de trans­for­mação, e acho que está dan­do rumo para eles”, avalia Flávia Tápias.

Rio de Janeiro (RJ) - Festival
Repro­dução: Fes­ti­val Dança em Trân­si­to tem apre­sen­tações até domin­go (6) no Rio — Divul­gação

Fora do CCBB, o fes­ti­val tem atrações no domin­go em espaços aber­tos, no cen­tro do Rio, que cos­tu­mam ser lugares de pas­seio aos fins de sem­ana: na Praça Mauá, em frente ao Museu do Aman­hã, e no Largo da Can­delária, prati­ca­mente em frente ao CCBB.

Democratização

A ide­al­izado­ra do Dança em Trân­si­to expli­ca que o fes­ti­val apos­ta na itin­erân­cia para pro­mover e democ­ra­ti­zar a expressão artís­ti­ca, vis­i­tan­do de cidades grandes a peque­nas local­i­dades, inclu­sive pop­u­lação ribeir­in­ha, por exem­p­lo.

“A gente leva o artista para onde não tem opor­tu­nidade, não tem arte, não tem dança, onde é muito difí­cil aces­so”, diz Flávia, lem­bran­do que, em alguns casos, os dançari­nos têm que pegar até bar­co. A coreó­grafa vê uma tro­ca rica para o públi­co e artis­tas. “Um artista de Nova Fribur­go [região ser­rana do Rio de Janeiro] foi para São Luís, Maran­hão, e criou um espetácu­lo inspi­ra­do na man­i­fes­tação do tam­bor de crioula, e essa core­ografia vai se apre­sen­tar aqui no Rio”, con­ta, fazen­do refer­ên­cia à dança de origem africana prat­i­ca­da no Maran­hão por descen­dentes de negros escrav­iza­dos.

O fes­ti­val é apre­sen­ta­do pelo Min­istério da Cul­tura, por meio da Lei de Incen­ti­vo à Cul­tura, e con­ta com patrocínio mas­ter do Insti­tu­to Cul­tur­al Vale e patrocínio da Volk­swa­gen Cam­in­hões e Ônibus e Engie Brasil Ener­gia.

A pro­gra­mação com­ple­ta do fes­ti­val pode ser aces­sa­da aqui.

Edição: Juliana Andrade

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