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Festival do Rio mostra força e a diversidade do cinema nacional

Evento exibiu mais de 300 filmes ao longo de dez dias

Anna Kari­na de Car­val­ho — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 13/10/2025 — 08:17
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 02/10/2025 – Abertura da 27° edição do Festival do Rio, no cinema Odeon. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

O Cine Odeon, no cen­tro do Rio, foi pal­co de uma noite de con­sagração neste domin­go (12). O encer­ra­men­to da 27ª edição do Fes­ti­val do Rio, foi apre­sen­ta­do pelos atores Clay­ton Nasci­men­to e Luisa Arraes e con­tou com o retorno dos prêmios do voto pop­u­lar.

O even­to reuniu artis­tas, pro­du­tores e ciné­fi­los em uma cel­e­bração que con­fir­mou a força e a diver­si­dade do cin­e­ma brasileiro. Ao lon­go de dez dias, o fes­ti­val exibiu em cli­ma de mara­tona, mais de 300 filmes e atraiu cer­ca de 140 mil pes­soas que lotaram as salas de cin­e­ma e diver­sos filmes pas­saram pelo tapete ver­mel­ho da fes­ta, mar­can­do um recorde de públi­co e con­sol­i­dan­do-se como um dos prin­ci­pais encon­tros audio­vi­suais da Améri­ca Lati­na.

A dire­to­ra do fes­ti­val, Ilda San­ti­a­go, comem­o­rou a vital­i­dade des­ta edição: “O Fes­ti­val do Rio segue como um espaço essen­cial para o cin­e­ma brasileiro e para o encon­tro entre real­izadores e plateia. É uma fes­ta da diver­si­dade de olhares e vozes do audio­vi­su­al”, afir­mou.

Neste ano, em que o país ain­da cel­e­bra o Oscar de Ain­da Estou Aqui, o cin­e­ma nacional foi o grande pro­tag­o­nista. Das pro­duções exibidas, 120 eram brasileiras, dis­tribuí­das entre mostras com­pet­i­ti­vas, estreias e ret­ro­spec­ti­vas.

Na prin­ci­pal mostra com­pet­i­ti­va do even­to, o Troféu Reden­tor de Mel­hor Lon­ga de Ficção foi para Peque­nas Criat­uras, da brasiliense Anne Pin­heiro Guimarães. A dire­to­ra, ain­da emo­ciona­da após o anún­cio, falou à Agên­cia Brasil sobre o sig­nifi­ca­do da con­quista.

“Foi muito emo­cio­nante. Eu ain­da estou me acos­tu­man­do com a ideia. Esse prêmio é da equipe toda. O filme nasceu há mais de dez anos, quan­do me tornei mãe e come­cei a revis­i­tar memórias da infân­cia e da min­ha mãe. É uma obra sobre mater­nidade, saudade e o tem­po.”

O lon­ga, que teve estreia mundi­al no fes­ti­val, será lança­do nos cin­e­mas no primeiro semes­tre de 2026, com dis­tribuição da Filmes do Estação.

A dis­tribuido­ra Adri­ana Rattes cele­brou o impacto pos­i­ti­vo da recepção do públi­co: “A reação nas sessões foi um óti­mo ter­mômetro. Peque­nas Criat­uras chegou disc­re­ta­mente e con­quis­tou o públi­co. É uma hon­ra dis­tribuir um filme tão del­i­ca­do e potente.”

Apolo marca estreia de Tainá Müller na direção

O prêmio de Mel­hor Doc­u­men­tário foi para Apo­lo, dirigi­do por Tainá Müller e Ísis Bro­ken. Em sua estreia atrás das câmeras, Tainá comem­o­rou o recon­hec­i­men­to: “É uma emoção imen­sa e uma val­i­dação muito impor­tante. Apo­lo fala sobre diver­si­dade e sobre dar voz a quem é mar­gin­al­iza­do. Gan­har esse prêmio no Dia das Cri­anças tem um sim­bolis­mo muito forte.”

A atriz, con­heci­da por papéis mar­cantes em séries e nov­e­las, desta­cou ain­da o dese­jo de ampli­ar sua tra­jetória como auto­ra e real­izado­ra: “Sem­pre quis ter uma voz mais autoral. Esse prêmio reforça que podemos ocu­par out­ros espaços den­tro do audio­vi­su­al.”

O lon­ga Ato Noturno, de Mar­cio Reolon e Fil­ipe Matzem­bach­er, foi um dos grandes vence­dores da noite, como o Mel­hor Filme Brasileiro no Prêmio Félix e Mel­hor Roteiro na Pre­mière Brasil.

Klara Cas­tan­ho foi elei­ta Mel­hor Atriz por #SalveRosa, enquan­to Gabriel Faryas rece­beu o prêmio de Mel­hor Ator por Ato Noturno.

Entre os doc­u­men­tários, Cheiro de Diesel, de Natasha Neri e Gizele Mar­tins, rece­beu o Prêmio Espe­cial do Júri e o Voto Pop­u­lar.

Lean­dra Leal e Ângela Leal foram hom­e­nageadas com o Prêmio Espe­cial do Júri por Nada a Faz­er. “Este filme é uma declar­ação de amor à min­ha mãe e à fé que ten­ho na arte como trans­for­mação”, disse Lean­dra no pal­co.

A emoção tam­bém mar­cou o dis­cur­so da atriz Ana Flavia Cav­al­can­ti, vence­do­ra de Mel­hor Atriz na mostra Novos Rumos por Cri­adas: “Min­ha mãe fez mui­ta fax­i­na para eu estar aqui. Este prêmio é dela tam­bém.”

A diver­si­dade foi out­ro pon­to de destaque. Diva Men­ner, pre­mi­a­da como Mel­hor Atriz Coad­ju­vante por Ruas da Glória, afir­mou: “Sou uma trav­es­ti pre­ta e dedi­co este prêmio às min­has ances­trais que não tiver­am as mes­mas opor­tu­nidades.”

A pre­sença fem­i­ni­na se fez sen­tir em prati­ca­mente todas as cat­e­go­rias. Dire­toras como Anne Pin­heiro Guimarães, Suzan­na Lira (#SalveRosa), Mini Ker­ti (Dona Onete – Meu Coração Neste Pedac­in­ho Aqui) e Cín­tia Domit Bit­tar (Vir­tu­osas) reafir­maram a potên­cia das nar­ra­ti­vas con­duzi­das por mul­heres. Suzan­na Lira, que venceu o Voto Pop­u­lar de Mel­hor Lon­ga de Ficção, lem­brou a tra­jetória de resistên­cia.

“Há 15 anos gan­hei o voto pop­u­lar com Pos­i­ti­vas e isso mudou min­ha vida. Ver o públi­co nova­mente abraçan­do o cin­e­ma brasileiro é uma feli­ci­dade imen­sa.”

Nos basti­dores, o cli­ma era de cel­e­bração. A asses­so­ra de impren­sa Anna Luiza Müller, que acom­pan­hou pro­duções des­de a retoma­da do cin­e­ma nacional nos anos 1990, desta­cou o entu­si­as­mo ren­o­va­do: “A ener­gia em torno dos filmes brasileiros tem sido impres­sio­n­ante. O desafio ago­ra é garan­tir con­tinuidade e ampli­ar o alcance do nos­so cin­e­ma.”

O ator Viní­cius de Oliveira, rev­e­la­do em Cen­tral do Brasil, voltou ao fes­ti­val com o lon­ga inter­na­cional Quase Deser­to, roda­do em Detroit. “É emo­cio­nante estar aqui tan­tos anos depois, com o mes­mo amor pelo cin­e­ma brasileiro”, afir­mou.

Filmes estrangeiros

Além da mostra nacional, o fes­ti­val ampliou hor­i­zontes com novas cat­e­go­rias de voto pop­u­lar para filmes estrangeiros. O Prêmio Félix Inter­na­cional con­sagrou A Sap­a­tona Galác­ti­ca (Les­bian Space Princess), das aus­tralianas Leela Vargh­ese e Emma Hough-Hobbs, enquan­to o brasileiro Allan Ribeiro lev­ou Mel­hor Doc­u­men­tário por Copaca­bana, 4 de Maio.

Com sessões esgo­tadas, debates e encon­tros de mer­ca­do no RioMar­ket, o Fes­ti­val do Rio reafir­mou seu papel como espaço de resistên­cia e de encon­tro entre ger­ações do audio­vi­su­al.

Para Walkiria Bar­bosa, uma das dire­toras do even­to, “O Fes­ti­val é mais do que uma vit­rine — é um espaço de resistên­cia, de encon­tro e de cel­e­bração da arte.”

Entre vet­er­a­nos e novos tal­en­tos, a 27ª edição do Fes­ti­val do Rio coroou o cin­e­ma nacional e reafir­mou sua vocação: cel­e­brar a plu­ral­i­dade, a cria­tivi­dade e a força trans­for­mado­ra do cin­e­ma brasileiro.

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