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Festival no Rio traz protagonismo preto na gastronomia

Repro­dução: Benê Ricar­do foi a primeira mul­her negra com for­mação profis­sion­al em gas­trono­mia no Brasil Foto: Fes­ti­val Gastronomia/Divulgação

Evento gratuito ocorre no sábado (25) e no domingo (26)


Pub­li­ca­do em 25/11/2023 — 08:21 Por Cristi­na Indio do Brasil — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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O Fes­ti­val Gas­trono­mia Pre­ta será real­iza­do neste final de sem­ana no Cen­tro Cul­tur­al Ban­co do Brasil (CCBB), e na Praça da Pira Olímpi­ca, no cen­tro do Rio.

No even­to gra­tu­ito, o públi­co vai poder aproveitar as bar­raquin­has de profis­sion­ais de restau­rantes e expos­i­tores de arte­sana­to. Tudo feito por pes­soas pre­tas, par­das ou afro-indí­ge­nas.

Uma das novi­dades será a entre­ga do Prêmio Gas­trono­mia Pre­ta, cri­a­do em 2022. No ano pas­sa­do, a pre­mi­ação foi restri­ta ao Rio de Janeiro. Este ano tornou-se nacional e será entregue a 27 profis­sion­ais de diver­sos esta­dos, como São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, San­ta Cata­ri­na e o Dis­tri­to Fed­er­al. Serão pre­mi­a­dos meren­deiros, con­feit­eiros e empreende­dores soci­ais.

Rio de Janeiro (RJ) 24/11/2023 - Breno Cruz professor e idealizador do Festival Gastronomia Preta.Foto: Lipe Borges/Divulgação
Repro­dução: Breno Cruz, ide­al­izador do Fes­ti­val Gas­trono­mia Pre­ta. Foto: Lipe Borges/Divulgação

O pesquisador e ide­al­izador do fes­ti­val, Breno Cruz, con­heci­do como Pre­to Gourmet, expli­cou que o even­to vai cel­e­brar a potên­cia e suces­so do povo pre­to na gas­trono­mia.

“As pes­soas acham que é sobre comi­da de África, sobre comi­da diaspóri­ca, não. Infe­liz­mente, a mídia espe­cial­iza­da até o ano pas­sa­do não olha­va para a gente. Quan­do eu come­cei com o prêmio em 2022, a gente começou a ser nota­do. Este ano, com a pro­pos­ta de tornar a ideia de movi­men­to da gas­trono­mia pre­ta mais plur­al e que tam­bém abar­casse o todo, pen­sei no Fes­ti­val de Gas­trono­mia Pre­ta”, disse Breno Cruz em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Mineiro de Viçosa, ele chegou ao Rio, em 2004, para um mestra­do em Admin­is­tração Públi­ca na Esco­la Brasileira de Admin­is­tração Públi­ca e de Empre­sas (Ebape). Breno decid­iu mudar a tra­jetória profis­sion­al.

Com pós-doutora­do em Comu­ni­cação pela Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (UERJ) e pro­fes­sor do bachare­la­do em Gas­trono­mia da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ), Breno Cruz tem nos seus hor­i­zontes trans­for­mar a vida de pes­soas pre­tas e par­das na gas­trono­mia. Cruz real­iza pesquisas sobre avali­ação de restau­rantes e proces­sos de gestão social­mente respon­sáveis.

Homenagens

Um dos hom­e­nagea­d­os no even­to será o som­me­li­er José Hon­o­ra­to, na cat­e­go­ria Min­ha História.

Hon­o­ra­to perdeu a visão aos 19 anos, momen­to em que começou a se inter­es­sar por vin­hos. “Como ele não podia ver, desen­volveu os out­ros sen­ti­dos. Depois, con­seguiu faz­er um trans­plante e voltou a enx­er­gar”, con­ta Breno Cruz.

Out­ra hom­e­nagem será na cat­e­go­ria Nos­sa História.

Pretonomia

No estande Pretono­mia, serão apre­sen­ta­dos pratos e comi­das feitas pelos alunos do cur­so de exten­são na UFRJ.

Coor­de­na­do por Cruz, 21 alunos par­tic­i­param das aulas entre 19 de setem­bro e 5 de out­ubro. Todo o din­heiro arrecada­do com as ven­das será repas­sa­do para os estu­dantes. “Como eu com­pon­ho mino­rias tam­bém, sei da importân­cia do proces­so de edu­cação na trans­for­mação de um ser humano”, disse o coor­de­nador.

Segun­do Cruz, dois par­tic­i­pantes foram con­trata­dos após o cur­so.

Cozinha de Benê Ricardo

Em uma coz­in­ha mon­ta­da no CCBB, chefs e coz­in­heiros irão faz­er preparações na Coz­in­ha show Benê Ricar­do, uma hom­e­nagem à pio­neira da gas­trono­mia brasileira e primeira mul­her brasileira e pre­ta a rece­ber diplo­ma de chef de coz­in­ha no Brasil em 1981, tor­nan­do-se sinôn­i­mo de resistên­cia e inspi­ração. Ela mor­reu em 2018.

“A gente está falan­do ago­ra de insumos e ali­men­tos orgâni­cos na gas­trono­mia e Benê Ricar­do, des­de a déca­da de 80, fala­va sobre a importân­cia do pro­du­to nacional e da nos­sa diver­si­dade”, con­tou Breno Cruz.

Rio de Janeiro (RJ) 24/11/2023 - Benê Ricardo foi a primeira cozinheira com formação profissional no Brasil e morreu sem ter o devido reconhecimentoFoto: Festival Gastronomia/Divulgação
Repro­dução: Benê Ricar­do foi a primeira mul­her negra com for­mação profis­sion­al em gas­trono­mia no Brasil Foto: Fes­ti­val Gastronomia/Divulgação

Os inscritos poderão par­tic­i­par de oito aulas, com dire­ito a degus­tar os pratos dos profis­sion­ais, como os do chef Paulo Rocha, espe­cial­ista em alta con­feitaria france­sa e um dos grandes nomes da con­feitaria brasileira. Neste sába­do (25), o chef vai preparar rabana­da com creme inglês e sorvete de creme.

Nasci­do em quilom­bo em Cha­pa­da do Norte, em Minas Gerais, Paulo Rocha chegou aos13 anos em São Paulo.  O primeiro emprego, aos 16 anos, foi em uma con­feitaria, quan­do decid­iu seguir a car­reira. Hoje, é chef con­feit­eiro no restau­rante do francês Erick Jacquin, além de ter rece­bido vários prêmios. A con­feit­eira de Paulo Rocha traz os saberes culinários da avó, da mãe e das tias.

“Depois que eu saí da Cha­pa­da, no Vale do Jequit­in­hon­ha, e vim para cá, sei a real­i­dade que os jovens de lá enfrentam e a fal­ta de per­spec­ti­va que têm. Eu pos­so ser a refer­ên­cia e mostrar para eles que mes­mo sendo de lá é pos­sív­el sair e con­seguir suces­so”, disse Paulo Rocha.

Debates

A pro­gra­mação traz ain­da o Ciclo de debates Mus­sum, para dis­cussão de raça, diver­si­dade e gas­trono­mia. O encon­tro faz tam­bém uma hom­e­nagem ao artista, que foi resistên­cia e van­guar­da na TV brasileira nas décadas de 80 e 90.

 

Rio de Janeiro (RJ) 24/11/2023 - Edson Leite chefe que desenvolve o projeto Gastronomia PeriféricaFoto: Festival Gastronomia/Divulgação
Repro­dução: Edson Leite, chef que desen­volve o pro­je­to Gas­trono­mia Per­iféri­ca Foto: Fes­ti­val Gastronomia/Divulgação

Haverá ain­da debate sobre questões ambi­en­tais, soci­ais e de gov­er­nança. “A ideia é que a gente provoque o setor de mer­ca­do gas­tronômi­co para falar o que a gente já faz ances­tral­mente inclu­sive no ambi­en­tal, social e na gov­er­nança”, afir­mou Edson Leite, citan­do pro­je­tos de restau­rantes esco­las para a for­mação de profis­sion­ais nas per­ife­rias.

Já o espaço Ọmọ, mon­ta­do na área inter­na do CCBB, ofer­e­cerá diver­são ás cri­anças por  por meio do res­gate de jogos africanos. Estão pre­vis­tas apre­sen­tações musi­cais, no pal­co mon­ta­do na Praça da Pira Olímpi­ca, de inte­grantes da esco­la de sam­ba Bei­ja Flor de Nilópo­lis, do Grupo Arru­da e da can­to­ra, com­pos­i­to­ra, can­to­ra e poe­t­i­za Jés­si­ca Ayô.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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