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Filas marcam retorno da Bienal Internacional do Livro a São Paulo

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Após quatro anos, evento voltou a ser realizado presencialmente


Pub­li­ca­do em 03/07/2022 — 18:48 Por Elaine Patrí­cia Cruz ‑Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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Qua­tro anos depois e uma pan­demia, a Bien­al Inter­na­cional do Livro vol­ta a ser real­iza­da de for­ma pres­en­cial em São Paulo. A 26a edição do even­to teve iní­cio ontem (2) no Expo Cen­ter Norte, na cap­i­tal paulista, e vem geran­do filas gigan­tescas. Neste domin­go (3) enso­lara­do, por exem­p­lo, o públi­co que decid­iu vis­i­tar a Bien­al do Livro reclam­ou de uma espera de até duas horas na fila para poder entrar no local.

O admin­istrador Andre Kauf­mann, 56 anos, foi um dos que estiver­am hoje no Expo Cen­ter Norte e reclam­ou muito da fal­ta de orga­ni­za­ção para entra­da no even­to. Segun­do ele, não exis­ti­am filas especí­fi­cas, por exem­p­lo, para quem já havia adquiri­do o ingres­so com ante­cedên­cia. Ele reclam­ou ain­da de que várias pes­soas que chegaram depois, con­seguiram entrar ao local antes dele. “Acho super impor­tante [um even­to como esse]. Porque é a demon­stração de que todo mun­do con­tin­ua lendo ain­da. Mas podi­am faz­er algu­ma coisa mais sen­sa­ta e orga­ni­za­da. Se ten­ho um ingres­so aqui [que com­prei adi­anta­do], [dev­e­ria entrar em] uma fila. Quem vai com­prar ingres­so, out­ra fila”, falou. “Quem está chegan­do na últi­ma hora não pode atrav­es­sar você que chegou aqui às 10h da man­hã. Isso é fal­ta de respeito”, disse ele, indig­na­do.

A difi­cul­dade na fila tam­bém foi relata­da por Nádia Miran­da, 42 anos. Ela con­tou ter esper­a­do por duas horas para poder entrar na Bien­al. Ape­sar dis­so, ain­da esta­va ani­ma­da para par­tic­i­par do even­to. “É cansati­vo [esper­ar na fila]. Mas acho que, quan­do a gente entra, vale a pena”, disse ela à reportagem da Agên­cia Brasil. No even­to deste ano, ela pre­tende com­prar livros e entrar em con­ta­to com algu­mas autoras. “Acom­pan­ho muito as autoras inde­pen­dentes. Então hoje vim ver algu­mas delas que estão aqui expon­do”, con­tou. Leito­ra voraz, segun­do con­taram suas ami­gas, Nádia reforça a importân­cia da leitu­ra nos dias de hoje. “O mun­do atu­al está muito sujo, mas o mun­do da arte é difer­ente: a gente con­segue via­jar”, disse ela.

A tra­bal­hado­ra da área de saúde, Mar­i­lene Bez­er­ra de Sousa Oliveira, 51 anos, trouxe a família para a Bien­al neste domin­go. Após tam­bém ter pas­sa­do duas horas na fila para entrar ao local, ela esta­va ani­ma­da para par­tic­i­par do even­to pela primeira vez na vida. “Eu não con­hecia, é a min­ha primeira vez aqui. Não con­hecia a Bien­al. Sabia que tin­ha, mas essa é a primeira vez que estou aqui”, con­tou ela à reportagem. Mar­i­lene diz que lê menos do que gostaria, por causa da cor­re­ria do dia a dia. Mas que sua fil­ha lê bas­tante. “Eu leio menos do que min­ha fil­ha. Ela lê dois livros por mês. Eu até lia, mas ago­ra com a cor­re­ria [fica mais difí­cil]”, disse ela.

Do lado de dentro

Den­tro da Bien­al, o que se viu tam­bém foi mui­ta gente, mui­ta aglom­er­ação. Per­cor­rer os corre­dores do Expo Cen­ter Norte não era uma tare­fa sim­ples a ser real­iza­da neste domin­go. Havia filas nos ban­heiros, nos corre­dores e até mes­mo em alguns stands de livrarias. Mas isso não desan­i­mou o públi­co pre­sente. Caso do estu­dante e recep­cionista Mateus Hen­rique San­tos, 17 anos. “É a min­ha primeira vez. E estou aman­do muito”, disse ele, muito ani­ma­do, à Agên­cia Brasil.

Segu­ran­do diver­sas saco­las, reple­tas de livros que acabara de com­prar, ele se mostra­va muito feliz em ter con­heci­do a auto­ra de uma edição que adquir­iu neste domin­go. “Não sei quan­tos livros com­prei. Mas com­prei, por exem­p­lo, Jogador No 1 [Ernest Cline], do filme. Tem tam­bém uma auto­ra que eu nun­ca li nada dela, mas com­prei pela recomen­dação de uma ami­ga. E ela fez uma ded­i­catória para mim no livro As Férias da Min­ha Vida [Clara Savel­li]”, con­tou ele.

Mateus Henrique Santos, 17 anos, visita a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no Expo Center Norte.
Repro­dução: Mateus Hen­rique San­tos, 17 anos, visi­ta a 26ª Bien­al Inter­na­cional do Livro — Rove­na Rosa/Agência Brasil

“Como vou pagar todos ess­es livros que com­prei não sei. Mas com­prei”, disse ele rindo, con­fes­san­do que ain­da iria faz­er mais com­pras. “Ago­ra pre­tendo andar mais. E talvez com­prar mais algu­ma coisa porque meu aniver­sário está chegan­do e a min­ha irmã vai com­prar mais coisa para mim”, falou. Nem mes­mo as filas para pagar pelos livros ou a mul­ti­dão que cir­cula­va pela Bien­al o abalou neste domin­go. “Eu amei. Eu gos­to porque mostra que tem mui­ta gente inter­es­sa­da em ler”, disse ele.

Quem tam­bém não se abalou com a mul­ti­dão pre­sente à Bien­al foi Rita de Cás­sia Leite Batista, 57 anos, que tra­bal­ha na área de edu­cação. “É bacana. É moti­vador saber que tem muitas pes­soas que gostam de ler ain­da. Sem­pre incen­tivei min­has fil­has a ler. Estou bas­tante con­tente porque ontem teve 500 mil pes­soas aqui. E hoje está cheio tam­bém”, falou. Ao lado da fil­ha, ela aproveitou um perío­do de des­can­so para dar uma lida em um dos livros que havia acaba­do de adquirir. “Com­prei alguns livros mas, na ver­dade, eu vim ver meu autor preferi­do que é o William Sanch­es”, disse ela, que aguar­da­va o horário em que o autor faria uma sessão de autó­grafos. “Já peguei a min­ha sen­ha [para o autó­grafo]. Vou dar um abraço nele”, con­tou ela.

Além de sessões de autó­grafos, palestras, ven­da de livros e con­ta­to com autores, a Bien­al deste ano ain­da con­ta com ambi­entes para self­ies, como um que repro­duz a capa do livro Tor­to Ara­do, de Ita­mar Vieira Junior, ou um em que você fin­ge ser uma boneca Bar­bie den­tro de uma caixa. Há ambi­entes tam­bém especí­fi­cos para o públi­co infan­til.

Procu­ra­da pela Agên­cia Brasil, a orga­ni­za­ção da  Bien­al infor­mou que tem a expec­ta­ti­va de rece­ber, até o dia 10 de jul­ho, um públi­co de 600 mil vis­i­tantes. “De acor­do com a Câmara Brasileira do Livro (CBL), real­izado­ra do even­to, o primeiro dia (2) da Bien­al teve grande com­parec­i­men­to do públi­co ávi­do por novi­dades, o que provo­cou filas. De ime­di­a­to, a direção da feira prov­i­den­ciou ajustes na oper­ação, a fim de apri­morar ain­da mais a estru­tu­ra volta­da à vis­i­tação, pri­or­i­tari­a­mente no que­si­to da segu­rança dos vis­i­tantes. Por con­ta desse grande fluxo, a orga­ni­za­ção incor­porou à roti­na do even­to, a par­tir de hoje um aumen­to no efe­ti­vo opera­cional”, diz a nota do even­to.

26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no Expo Center Norte.
Repro­dução: 26ª Bien­al Inter­na­cional do Livro de São Paulo tem livros para os pequenos tam­bém — Rove­na Rosa/Agência Brasil

A Bien­al do Livro de São Paulo acon­tece até o dia 10 de jul­ho. Mais infor­mações podem ser obti­das pelo site do even­to https://www.bienaldolivrosp.com.br/

Edição: Clau­dia Fel­czak

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