...
domingo ,9 fevereiro 2025
Home / Animais, Aves, Peixes / Filhotes gêmeos de anta são descobertos pela 1ª vez na natureza

Filhotes gêmeos de anta são descobertos pela 1ª vez na natureza

credito_gabriel_marchi_1

Repro­dução: © Gabriel Marchi

Descoberta foi feita em reserva de São Miguel Arcanjo (SP)


Pub­li­ca­do em 26/04/2021 — 07:30 Por Heloísa Cristal­do — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

Dois fil­hotes gêmeos de anta (Tapirus ter­restris) foram reg­istra­dos pela primeira na história em seu habi­tat nat­ur­al. A descober­ta da espé­cie, ameaça­da de extinção, acon­te­ceu na Reser­va Par­tic­u­lar do Patrimônio Nat­ur­al (RPPN) Trá­pa­ga, em São Miguel Arcan­jo (SP).

Ini­cial­mente, os ani­mais foram vis­tos por um grupo de cin­co pesquisadores do Pro­gra­ma Grandes Mamífer­os da Ser­ra do Mar, em dezem­bro do ano pas­sa­do, por meio de um vídeo que reg­istrou as antas gêmeas por um equipa­men­to fotográ­fi­co insta­l­a­do na reser­va. A con­fir­mação só foi pos­sív­el em janeiro deste ano, depois de out­ros reg­istros em imagem e obser­vação dire­ta, ou seja, ven­do os ani­mais pres­en­cial­mente.

“[A con­fir­mação dos ani­mais gêmeos foi pos­sív­el] primeiro pela idade: os três indi­ví­du­os são niti­da­mente uma fêmea adul­ta e dois jovens. Ao lon­go do mon­i­tora­men­to, pudemos obser­var que os jovens pas­savam boa parte do tem­po com a fêmea adul­ta. Segun­do: pelo tem­po de ges­tação da anta (13 meses) e taman­ho igual dos dois jovens, é impos­sív­el que sejam fil­hos de ger­ações difer­entes”, expli­cou a coor­de­nado­ra exec­u­ti­va do Pro­gra­ma Grandes Mamífer­os da Ser­ra do Mar, Mar­i­ana Lan­dis.

A pesquisado­ra expli­cou ain­da que, quan­do nascem, os fil­hotes depen­dem da mãe por um lon­go perío­do até começarem a se dis­tan­ciar dela, o que ocorre a par­tir dos 15 meses de idade. Ess­es ani­mais ain­da per­manecem nas ime­di­ações até começar a explo­rar locais mais dis­tantes e esta­b­ele­cer seu próprio ter­ritório.

“Nós iden­ti­fi­camos essa unidade famil­iar nesse perío­do em que eles ain­da estavam muito próx­i­mos da mãe, sain­do algu­mas vezes para explo­rar o ter­ritório. Esse tipo de diag­nós­ti­co é pos­sív­el com base no amp­lo con­hec­i­men­to que as pesquisas ecológ­i­cas e com­por­ta­men­tais trazem”, acres­cen­tou Mar­i­ana.

Para asse­gu­rar que se trata­va de ani­mais gêmeos, os pesquisadores uti­lizaram mar­cas nat­u­rais para iden­ti­ficar cada indi­ví­duo. Um dos fil­hotes, por exem­p­lo, tem um pequeno corte na orel­ha, o out­ro tem uma pro­tu­berân­cia no nar­iz. Out­ras car­ac­terís­ti­cas aju­dam nes­sa iden­ti­fi­cação: for­ma­to e taman­ho de cau­da, cor do pelo, for­ma­to cor­po­ral, taman­ho e for­ma­to da gen­itália, taman­ho de cabeça, pre­sença de pin­tas bran­cas nas per­nas e bar­ri­ga, cica­trizes.

De acor­do com o Insti­tu­to Man­acá, os fil­hotes já têm cer­ca de um ano e meio. A sur­pre­sa para os espe­cial­is­tas é que, evo­lu­ti­va­mente, a anta tem o cor­po prepara­do para ger­ar ape­nas um fil­hote. Emb­o­ra as antas da espé­cie Tapirus ter­restris sejam os maiores mamífer­os ter­restres da fau­na sil­vestre da Améri­ca Lati­na, as fêmeas só ger­am um fil­hote por ges­tação, que nasce com cer­ca de seis qui­los, após 13 meses.

Segun­do os pesquisadores, na Mata Atlân­ti­ca, bio­ma onde ocor­reu o reg­istro, é um grande desafio um fil­hote de anta resi­s­tir diante do ciclo da própria natureza. Entre os fatores estão a ameaça humana, o des­mata­men­to, os atro­pela­men­tos, as perseguições de cães domés­ti­cos e as ativi­dades de caça.

Ape­sar da descober­ta de antas gêmeas em habi­tat nat­ur­al, o reg­istro não é inédi­to em cativeiro no Brasil. Ness­es locais, os ani­mais têm o suporte de profis­sion­ais para garan­tir o suces­so do nasci­men­to e desen­volvi­men­to dos fil­hotes.

Sensibilização

A descober­ta é fru­to do tra­bal­ho de mon­i­tora­men­to real­iza­do na reser­va, que pro­move a obser­vação de antas na natureza, geran­do a sen­si­bi­liza­ção com a espé­cie. Essa é uma das frentes de atu­ação do Pro­gra­ma Grandes Mamífer­os da Ser­ra do Mar, que tem o apoio da Fun­dação Grupo Boticário de Pro­teção à Natureza, WWF-Brasil e ban­co ABN AMRO.

O pro­gra­ma é um dos maiores mon­i­tora­men­tos de mamífer­os de grande porte no bio­ma Mata Atlân­ti­ca e o primeiro em larga escala real­iza­do nes­sa região, com o prin­ci­pal obje­ti­vo de ger­ar dados para sub­sidiar planos de con­ser­vação da anta (Tapirus ter­restris), do queix­a­da (Tayas­su pecari) e da onça-pin­ta­da (Pan­thera onca). O mon­i­tora­men­to é feito em larga escala. São 17 mil km² de atu­ação nos esta­dos de São Paulo e do Paraná – uma área equiv­a­lente a 11 cidades paulis­tas.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Fim de semana tem calor intenso e blocos de rua no Rio

Temperatura máxima prevista é de 36ºC e a mínima, de 20ºC Rafael Car­doso — Repórter …