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Flordelis é condenada a 50 anos de prisão por assassinato do marido

Repro­dução: © BRUNNO DANTAS-TJRJ

Ex-deputada foi considerada responsável por planejar o homicídio


Pub­li­ca­do em 13/11/2022 — 12:19 Por Viní­cius Lis­boa — Rio de Janeiro

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A ex-dep­uta­da fed­er­al Flordelis dos San­tos foi con­de­na­da hoje (13) a 50 anos e 28 dias de prisão, em regime ini­cial­mente fecha­do, pelo assas­si­na­to do ex-mari­do, o pas­tor Ander­son do Car­mo. O crime ocor­reu em jun­ho de 2019, na casa da família, em Niterói, na região met­ro­pol­i­tana do Rio de Janeiro.

O Tri­bunal do Júri de Niterói con­sider­ou a ex-dep­uta­da cul­pa­da pelo homicí­dio tripla­mente qual­i­fi­ca­do, que rece­beu os agra­vantes de moti­vo tor­pe, emprego de meio cru­el e recur­so que impos­si­bil­i­tou a defe­sa da víti­ma. Ander­son foi mor­to a tiros ao chegar em casa de car­ro, na noite do dia 16 de jun­ho.

O crime teria sido moti­va­do porque a víti­ma man­tinha rig­oroso con­t­role das finanças famil­iares e admin­is­tra­va os con­fli­tos de for­ma rígi­da, não per­mitin­do trata­men­to priv­i­le­gia­do às pes­soas mais próx­i­mas da ex-dep­uta­da em detri­men­to de out­ros mem­bros da família, que soma­va mais de 50 fil­hos, entre biológi­cos, ado­tivos e afe­tivos.

O Min­istério Públi­co do Esta­do do Rio de Janeiro apon­tou Flordelis como a respon­sáv­el por plane­jar o homicí­dio do então mari­do, con­ven­cen­do o execu­tor dire­to e os demais acu­sa­dos a par­tic­i­parem do crime, pen­sa­do para pare­cer um latrocínio. As inves­ti­gações indicaram que a ex-dep­uta­da finan­ciou a com­pra da arma usa­da e avi­sou sobre a chega­da da víti­ma no local em que foi exe­cu­ta­do a tiros.

Além do homí­cidio con­suma­do, Flordelis foi con­de­na­da pelas ten­ta­ti­vas ante­ri­ores de matar o mari­do, adi­cio­nan­do veneno em sua comi­da e bebi­da ao menos seis vezes. Nesse caso, o crime foi homicí­dio dupla­mente qual­i­fi­ca­do.

O caso envolve ain­da con­de­nações por asso­ci­ação crim­i­nosa arma­da e dois usos de doc­u­men­to ide­o­logi­ca­mente fal­so, uma car­ta em que um dos fil­hos apon­ta um cul­pa­do sabida­mente fal­so pelo homicí­dio.

Em nota, a defe­sa da ex-dep­uta­da afir­ma que a con­de­nação ocor­reu “ape­sar de não haver provas” e garan­tiu que recor­rerá da sen­tença.

“Enten­do que a con­de­nação foi inde­v­i­da, eis que cer­ta­mente se deu pela pressão da opinião públi­ca for­ma­da des­de o deli­to. Con­sideran­do que ocor­reram diver­sas nul­i­dades abso­lu­tas no decor­rer do jul­ga­men­to, infor­mo que recor­rerei da sen­tença, bus­can­do que ocor­ra, futu­ra­mente, um jul­ga­men­to jus­to”, disse a defe­sa, que acres­cen­tou estar muito sat­is­fei­ta com a absolvição de out­ros acu­sa­dos.

Julgamento

O jul­ga­men­to da ex-dep­uta­da e out­ros acu­sa­dos começou na últi­ma segun­da-feira e se esten­deu por sete dias, con­duzi­do pela juíza Nearis dos San­tos Car­val­ho Arce, tit­u­lar da 3ª Vara Crim­i­nal da Comar­ca de Niterói. A sessão final, em que foi pro­feri­da a sen­tença, durou 21 horas, e atrav­es­sou a madru­ga­da de domin­go.

Ini­cial­mente, havia a expec­ta­ti­va de que o jul­ga­men­to se encer­rasse em três dias, mas os lon­gos depoi­men­tos, tumul­tos e atra­sos no iní­cio de algu­mas sessões esten­der­am essa pre­visão. Além dis­so, em momen­tos dis­tin­tos, Flordelis e uma de suas fil­has que tam­bém esta­va no ban­co dos réus pas­saram mal e deman­daram par­al­isações para atendi­men­to médi­co.

A fil­ha de Flordelis, Simone dos San­tos Rodrigues, tam­bém foi con­de­na­da a 31 anos, qua­tro meses e 20 dias de reclusão, em regime ini­cial­mente fecha­do, por homicí­dio tripla­mente qual­i­fi­ca­do con­suma­do, ten­ta­ti­va de homicí­dio qual­i­fi­ca­do priv­i­le­gia­do e asso­ci­ação crim­i­nosa arma­da.
Já os fil­hos André Luiz de Oliveira e Marzy Teix­eira da Sil­va foram absolvi­dos, assim como a neta Rayane dos San­tos Oliveira. Rayane é fil­ha ado­ti­va de André e Simone, que não têm laços san­guí­neos ape­sar de serem ambos fil­hos de Flordelis — Simone é fil­ha biológ­i­ca, e André, fil­ho afe­ti­vo.

Can­to­ra gospel e pas­to­ra em seu próprio min­istério, Flordelis se elegeu dep­uta­da fed­er­al em 2018 pelo Par­tido Social Democráti­co (PSD) com grande apoio dos fiéis, tor­na­do-se a mul­her mais vota­da no esta­do do Rio de Janeiro naque­le pleito. Após a con­clusão das inves­ti­gações em torno da morte de Ander­son, ela teve seu manda­to na Câmara dos Dep­uta­dos cas­sa­do. As inves­ti­gações tam­bém implicaram parte de sua família, e cin­co fil­hos da ex-dep­uta­da já foram con­de­na­dos pelo crime.

Condenações anteriores

Em novem­bro de 2021, o Tri­bunal do Júri de Niterói já havia con­de­na­do Flávio dos San­tos Rodrigues, um dos fil­hos da ex-dep­uta­da, a 33 anos 2 meses e 20 dias de reclusão em regime ini­cial­mente fecha­do por homicí­dio tripla­mente qual­i­fi­ca­do con­suma­do, porte ile­gal de arma de fogo, uso de doc­u­men­to ide­o­logi­ca­mente fal­so e asso­ci­ação crim­i­nosa arma­da. Flávio foi denun­ci­a­do como autor dos dis­paros de arma de fogo que provo­caram a morte do pas­tor Ander­son.

Na mes­ma sessão, Lucas Cezar dos San­tos de Souza, out­ro fil­ho de Flordelis, foi con­de­na­do por homicí­dio tripla­mente qual­i­fi­ca­do a nove anos de prisão em regime ini­cial­mente fecha­do. Ele foi apon­ta­do como o respon­sáv­el por adquirir a arma usa­da no assas­si­na­to do pas­tor.

Já em abril deste ano, o Tri­bunal do Júri de Niterói con­de­nou out­ros qua­tro réus: Adri­ano dos San­tos Rodrigues, que tam­bém é fil­ho de Flordelis, a qua­tro anos, seis meses e 20 dias de reclusão em regime ini­cial­mente semi­aber­to por uso de doc­u­men­to ide­o­logi­ca­mente fal­so e asso­ci­ação crim­i­nosa arma­da; o ex-PM Mar­cos Siqueira Cos­ta, a cin­co anos e 20 dias de reclusão em regime ini­cial­mente fecha­do, e sua esposa Andrea San­tos Maia, a qua­tro anos, três meses e dez dias de reclusão em regime ini­cial­mente semi­aber­to por crimes de uso de doc­u­men­to ide­o­logi­ca­mente fal­so, duas vezes, e asso­ci­ação crim­i­nosa arma­da;

Tam­bém foi con­de­na­do na sessão real­iza­da em abril Car­los Ubiraci Fran­cis­co da Sil­va, mais um fli­ho de Flordelis, pelo crime de asso­ci­ação crim­i­nosa arma­da, a dois anos, dois meses e 20 dias de reclusão em regime ini­cial­mente semi­aber­to. No dia 28 de abril, porém, a Vara de Exe­cuções Penais do tri­bunal con­cedeu liber­dade condi­cional a Ubiraci.

 

Edição: Nira Fos­ter

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