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“Foi como um sonho”, diz o fotógrafo que registrou Brasília em 1957

Repro­dução: © Mar­cel­lo Casal Jr / Agên­cia Brasil

Walter Firmo considera inesquecível a cobertura da capital do Brasil


Pub­li­ca­do em 21/04/2023 — 08:42 Por Luiz Clau­dio Fer­reira — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Dos mais humildes aos poderosos. Das luzes às som­bras.  Nada escapou às lentes de um dos prin­ci­pais fotó­grafos da história brasileira. Com obra con­sagra­da e pre­mi­a­da na segun­da metade do sécu­lo 20, o car­i­o­ca Wal­ter Fir­mo, hoje com 85 anos de idade, nota­bi­li­zou-se pelos reg­istros poéti­cos e exclu­sivos por onde pas­sou. No entan­to, um dos momen­tos que o expe­ri­ente profis­sion­al con­sid­era mais inesquecív­el foi uma cober­tu­ra no ano de 1957, quan­do reg­istrou algo que ele chama de ina­cred­itáv­el: a con­strução de uma cidade para ser a cap­i­tal do Brasil.

Enquan­to erguia sua máquina, emo­ciona­va-se, do out­ro lado do visor, com os princí­pios das edi­fi­cações. “Foi um son­ho. Algo ina­cred­itáv­el. Pare­cia cin­e­ma”, recor­da Fir­mo. Con­heci­do por reg­is­trar em difer­entes tra­bal­hos as pes­soas mais sim­ples, e tam­bém artis­tas e políti­cos, ficou impres­sion­a­do com a força dos can­dan­gos. A obra do mestre da fotografia pode ser con­feri­da tam­bém na mostra “No Ver­bo do Silên­cio a Sín­tese do Gri­to”,  em car­taz no Cen­tro Cul­tur­al Ban­co do Brasil (CCBB), na cap­i­tal do País, com acer­vo que é preser­va­do pelo Insti­tu­to Mor­eira Salles (IMS). Na cap­i­tal, Fir­mo con­cedeu entre­vista à Agên­cia Brasil. Con­fi­ra alguns tre­chos abaixo.

Agên­cia Brasil — O sen­hor con­heceu Brasília nos anos 1950, antes da inau­gu­ração, cer­to?

Wal­ter Fir­mo - Eu estive em Brasília em 1957 (a serviço do jor­nal Últi­ma Hora, veícu­lo fun­da­do por Samuel Wain­er). Eu tin­ha 20 anos de idade. Eu vi e fotografei  essa cidade sendo ergui­da. Eram só os começos dos pré­dios dos min­istérios e na Praça dos Três Poderes, além de mil­hares de can­dan­gos em cima de cam­in­hões. Eles tra­bal­haram inces­san­te­mente. Foi assim que eu con­heci Brasília. Fotografei Jusceli­no Kubitschek​ (ex-pres­i­dente) e  (Oscar) Niemey­er (arquite­to).

Agên­cia Brasil — E qual foi a sua impressão ao chegar nes­sa cidade que seria inau­gu­ra­da?

Wal­ter Fir­mo — A min­ha sen­sação era que eu esta­va sobre um belvedere que iria sur­gir. Um lugar que seria o cen­tro políti­co das decisões do Brasil. O Jusceli­no fez um gesto gigan­tesco, de boa von­tade, e que iria rep­re­sen­tar um cresci­men­to do país. Ele inte­ri­or­i­zou o país e o Brasil, que se diver­si­fi­cou.

Agên­cia Brasil — Antes da inau­gu­ração, o sen­hor ain­da fez out­ros tra­bal­hos na cap­i­tal?

Wal­ter Fir­mo — Sim. Estive meses antes de inau­gu­rar (em fevereiro de 1960) para cobrir a visi­ta do então pres­i­dente norte-amer­i­cano (Dwight) Eisen­houer. (Con­fi­ra aqui o dis­cur­so  do pres­i­dente Jusceli­no nes­sa ocasião). A imagem dele saudan­do o povo e dan­do as mãos com Jusceli­no ocupou uma pági­na inteira. Nun­ca mais esqueço dis­so. 

Agên­cia Brasil — Além dos artis­tas e políti­cos, o sen­hor é con­sagra­do tam­bém pela sua capaci­dade de traduzir  a negri­tude, os tra­bal­hadores e os mais humildes. Como foi cole­tar as ima­gens dos tra­bal­hadores de Brasília?

Wal­ter Fir­mo - O meu tra­bal­ho foi sem­pre fotogra­far as pes­soas mais sim­ples. Que res­pi­ram. Por serem sim­ples, eles são mais humanos. A exposição de min­has fotos no Cen­tro Cul­tur­al Ban­co Brasil (CCBB) mostra as pes­soas sim­ples. Eles são tra­bal­hadores difer­entes que aju­daram a con­stru­ir esse lugar.

Agên­cia Brasil — . O que o sen­hor encon­trou de mais espe­cial ao fotogra­far ess­es tra­bal­hadores de Brasília?

Wal­ter Fir­mo — O que eles fiz­er­am foi algo gigan­tesco. Era algo ina­cred­itáv­el. Pare­cia um son­ho. Era uma coisa que parece que não era ver­dadeira. Brasília está aí mostran­do a sua beleza. Out­ro dia, eu esta­va em Brasília e ouvi de uma sen­ho­ra que o pai dela havia aju­da­do a con­stru­ir a Cat­e­dral. Isso é muito belo. 

Agên­cia Brasil — Aos 85 anos de idade, como é voltar a Brasília?

Wal­ter Fir­mo - Brasília é uma cidade brasileira sin­gu­lar, difer­entes no mun­do porque foi plane­ja­da. Quan­do se visi­ta Brasília, pode se amar ou detes­tar, mas não se pode ficar indifer­ente. Eu gos­to da difer­ença que essa cidade apre­sen­ta,

Agên­cia Brasil —  Ao voltar a Brasília, o sen­hor vê os tra­bal­hadores da atu­al­i­dade como viu antes da inau­gu­ração?

Wal­ter Fir­mo - Os tra­bal­hadores con­tin­u­am com esse espíri­to de luta. Mas não os can­dan­gos de antes. Eram home­ns que vier­am do Nordeste, de uma sim­pli­ci­dade extrema. Pes­soas que não tin­ham o que com­er e se aven­tu­ravam em um lugar novo. Eles tin­ham um chapéu e uma bota, e nada mais. Esse tipo de operário eu não vejo mais hoje. Aque­la saga foi algo inigualáv­el e inesquecív­el. 

Agên­cia Brasil — O sen­hor con­sid­era essa sua cober­tu­ra antes da inau­gu­ração algo inesquecív­el em sua car­reira?

Wal­ter Fir­mo — Sim. Era algo que pare­cia cin­e­ma. Não vou esque­cer nun­ca mais. Hoje ela está muito mod­ern­in­ha para o meu gos­to (risos). Foi uma semente de uma era. Hoje, com 63 anos, ela não tem nada de vel­ha. Ela é lin­da. Toda vez que eu pas­so por Brasília, eu me emo­ciono. Eu sin­to algo estran­ho den­tro de mim. Foi triste assi­s­tir ao que ocor­reu no dia 8 de janeiro, quan­do foi ata­ca­da e vilipen­di­a­da. É uma cidade que rep­re­sen­ta o son­ho de mui­ta gente. Brasília é trans­for­mado­ra e orig­i­nal.

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