...
quarta-feira ,9 outubro 2024
Home / Cultura / Folias de Reis são tradição centenária na cultura popular brasileira

Folias de Reis são tradição centenária na cultura popular brasileira

Repro­dução: © RENATO ARAUJO ABr

Festejos marcam o Dia de Reis, celebrado neste sábado (6)


Pub­li­ca­do em 06/01/2024 — 13:49 Por Luciano Nasci­men­to — Repórter da Agên­cia Brasil — São Luís

ouvir:

O Dia de Reis, cel­e­bra­do neste sába­do (6), mar­ca uma tradição cen­tenária na cul­tura pop­u­lar brasileira, que é a pas­sagem das folias pelas ruas, reunin­do gru­pos de can­ta­dores e instru­men­tis­tas que entoam ver­sos em hom­e­nagem aos três reis magos: Bal­tazar, Bel­chior e Gas­par. Em diver­sas cidades do país, eles pas­sam de casa em casa vestin­do far­das e más­caras e per­for­man­do danças e can­to­rias com múlti­p­los instru­men­tos de cor­da, san­fonas e per­cussão. Alguns gru­pos con­tam com per­son­agens – reis, pal­haços e bastiões – que chegam a vis­i­tar as casas de devo­tos.

Bel­chior, Gas­par e Bal­tazar, con­ver­tidos em san­tos pela Igre­ja Católi­ca, teri­am saí­do do Ori­ente se guian­do por uma estrela e lev­avam três pre­sentes: ouro, incen­so e mir­ra, sim­bolizan­do realeza, imor­tal­i­dade e espir­i­tu­al­i­dade. Para os devo­tos, a data da chega­da dos reis magos ao des­ti­no é quan­do se encer­ram os fes­te­jos natal­i­nos, que começam qua­tro domin­gos antes do 25 de dezem­bro, dia atribuí­do ao nasci­men­to de Jesus Cristo.

Dessa for­ma, o dia 6 de janeiro mar­ca o momen­to em que ess­es três reis magos foram vis­i­tar o recém-nasci­do Jesus Cristo, em Belém, cidade mile­nar local­iza­da atual­mente na Palesti­na. Neste dia, tam­bém são desar­ma­dos os presé­pios, as árvores e os demais enfeites natal­i­nos.

De origem por­tugue­sa, a Folia de Reis ou Reisa­do foi trazi­da para o Brasil durante o perío­do colo­nial, se man­i­fe­s­tando a par­tir de diver­sos títu­los: Ter­no de Reis, Tiração de Reis, Ran­cho de Reis, Guer­reiros e Reisa­do. Elas con­sis­tem na pre­sença de can­ta­dores, tocadores de instru­men­to, que saem pelas ruas, de casa em casa, can­tan­do lou­vores a um san­to de devoção e recol­hen­do dona­tivos para ofer­tar aos mais neces­si­ta­dos ou cumprindo promes­sas que as pes­soas fazem aos seus san­tos.

Atual­mente a tradição con­tin­ua pre­sente em diver­sos esta­dos do país, espe­cial­mente nas regiões Sud­este, Nordeste e Cen­tro-Oeste, a exem­p­lo do Espíri­to San­to, de Minas Gerais, São Paulo, do Rio de Janeiro, de Alagoas, da Bahia, do Ceará, Maran­hão, da Paraí­ba, de Per­nam­bu­co, do Piauí e de Goiás.

Em Minas Gerais, onde a tradição é bas­tante pre­sente, o Insti­tu­to Estad­ual do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co (Iepha) já cadas­trou mais 1,6 mil gru­pos em cer­ca de 400 municí­pios de todas as regiões, con­sid­er­adas, des­de 2017, patrimônio cul­tur­al de natureza ima­te­r­i­al. Além dos Reis Magos, são cul­tua­dos o Divi­no Espíri­to San­to, São Sebastião, São Bened­i­to e Nos­sa Sen­ho­ra da Con­ceição, em perío­dos que não são nec­es­sari­a­mente o de Natal.

Segun­do o Insti­tu­to do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co Nacional (Iphan), exis­tem três pedi­dos de recon­hec­i­men­to aber­tos no Depar­ta­men­to de Patrimônio Ima­te­r­i­al (DPI): Reisa­dos de Per­nam­bu­co; Folias de Reis Flu­mi­nens­es; e Folias de Reis do Esta­do de São Paulo.

Em Per­nam­bu­co, o mapea­men­to real­iza­do pela Fun­dação do Patrimônio Históri­co e Artís­ti­co de Per­nam­bu­co (Fun­darpe) abrangeu os municí­pios do Recife, de Garan­huns, povoa­do de Maniço­ba (Capoeiras), Paranata­ma, Águas Belas, Arcoverde, Sertâ­nia, Pedra, Petroli­na, San­ta Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Tacaratu, con­tem­p­lan­do o agreste per­nam­bu­cano e a região met­ro­pol­i­tana do Recife.

No Rio de Janeiro, o Iphan, em parce­ria com a Uni­ver­si­dade do Esta­do do Rio de Janeiro (Uerj), iden­ti­fi­cou Folias de Reis nos municí­pios de Angra dos Reis, Cabo Frio, Cas­simiro de Abreu, Duas Bar­ras, Itab­o­raí, Man­garat­i­ba, Paraty, Petrópo­lis, Quatis, Quis­samã, Rio Claro, Rio de Janeiro, San­ta Maria Madale­na e São Pedro da Aldeia.

Pesquisa

Para atu­alizar as infor­mações sobre as Folias de Reis, o insti­tu­to abriu, em novem­bro do ano pas­sa­do, abriu um edi­tal para sele­cionar orga­ni­za­ções para realizar pesquisa e doc­u­men­tação que vão sub­sidiar o proces­so de reg­istro dos Reisa­dos e das Folias de Reis.

O Cen­tro de Estu­dos da Cul­tura Pop­u­lar, orga­ni­za­ção sele­ciona­da, dev­erá pro­mover pesquisa de cam­po e estu­dos trans­dis­ci­pli­nares sobre os Reisa­dos e a Folia de Reis, reunin­do profis­sion­ais de diver­sas áreas do con­hec­i­men­to, como antropolo­gia, etno­mu­si­colo­gia, história, geografia e artes.

A pesquisa dev­erá ter a par­tic­i­pação das comu­nidades deten­toras das man­i­fes­tações. Além dis­so, a orga­ni­za­ção vai sis­tem­ati­zar e con­sol­i­dar infor­mações sobre refer­ên­cias bib­li­ográ­fi­cas, insti­tu­ições, acer­vos públi­cos e par­tic­u­lares.

De acor­do com o Iphan, o tra­bal­ho dev­erá traz­er uma pro­pos­ta de recon­hec­i­men­to dessas man­i­fes­tações como um úni­co bem cul­tur­al ou se seria o caso de indicar o recon­hec­i­men­to dois bens cul­tur­ais: um que abar­que os Reisa­dos e suas vari­ações no Nordeste e out­ro que englobe as Folias de Reis de out­ras local­i­dades, a serem definidas a par­tir do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

A pesquisa tam­bém dev­erá apre­sen­tar pro­dução de mate­r­i­al escrito, audio­vi­su­al, mapa de base car­tográ­fi­ca com coor­de­nadas geor­ref­er­en­ci­adas (local­izan­do as comu­nidades deten­toras dos Reisa­dos e das Folias de Reis e os prin­ci­pais locais iden­ti­fi­ca­dos como lugares de refer­ên­cia para essa man­i­fes­tação cul­tur­al), além de faz­er um lev­an­ta­men­to históri­co sobre trans­for­mações e descon­tinuidades pelos quais esse bem cul­tur­al pas­sou, espe­cial­mente sobre últi­mas décadas.

“Com essa pesquisa, que está no hor­i­zonte próx­i­mo, será pos­sív­el obter lev­an­ta­men­tos quan­ti­ta­tivos e qual­i­ta­tivos dos gru­pos atu­antes e suas diver­si­dades atu­ais e históri­c­as”, infor­mou o Iphan.

Edição: Juliana Andrade

LOGO AG BRASIL

 

Você pode Gostar de:

Justiça libera divulgação do resultado do bloco 4 do CNU

Mais cedo, AGU tinha entrado com recurso para divulgar notas André Richter — Repórter da …