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Fome e plantio são preocupações após ciclone extratropical no Sul

Repro­dução: © Mar­in­ha do Brasil / RS

Último balanço da Defesa Civil confirma 41 mortes e 46 desaparecidos


Pub­li­ca­do em 09/09/2023 — 13:54 Por Bruno de Fre­itas Moura – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Enquan­to equipes de res­gate bus­cam por desa­pare­ci­dos em cidades gaúchas afe­tadas pela pas­sagem de um ciclone extra­t­rop­i­cal, que cau­sou tem­po­rais e alaga­men­tos esta sem­ana, orga­ni­za­ções de assistên­cia aos atingi­dos têm uma pre­ocu­pação: a segu­rança ali­men­tar dos mil­hares de desabri­ga­dos e desa­lo­ja­dos, e dos próprios vol­un­tários. Além dis­so, há um alarme para um prob­le­ma futuro: pequenos agricul­tores perder­am suas lavouras, o que pode colo­car em risco a ofer­ta de ali­men­tos na região.

De acor­do com bal­anço das 12h deste sába­do (9) da Defe­sa Civ­il do Rio Grande do Sul, são 41 mortes con­fir­madas e 46 pes­soas desa­pare­ci­dos. O número de municí­pios afe­ta­dos chega a 87. São 3,1 mil pes­soas desabri­gadas e 8,2 mil desa­lo­jadas.

Algu­mas das cidades mais afe­tadas são Muçum, Roca Sales, Nova Bas­sano, Estrela, Ibi­ra­iaras, Pas­so Fun­do, Mato Castel­hano, Encan­ta­do, Lajea­do e Arroio do Meio.

Um ciclone extratropical atingiu o Rio Grande do Sul. Militares do Comando Militar do Sul trabalham ininterruptamente em apoio às equipes do Corpo de Bombeiros/RS e da Prefeitura local no resgate de milhares de famílias ilhadas em suas casas na
Repro­dução: Tra­bal­ho de res­gate e apoio às mil­hares de famílias ilhadas no Rio Grande do Sul — Exérci­to Brasileiro/Twitter

Diver­sas cam­pan­has foram lançadas para arrecadar mate­ri­ais de primeira neces­si­dade e ali­men­tos não perecíveis. No entan­to, como grande parte da estru­tu­ra das cidades foi dev­as­ta­da, há difi­cul­dade até para preparar os ali­men­tos para as famílias atingi­das.

“Fal­ta local para armazena­men­to ade­qua­do [da comi­da]”, aler­ta Jaci­ra Dias Ruiz, secretária-exec­u­ti­va da Car­i­tas Region­al RS. “Uma deman­da impor­tante é espaço para faz­er comi­da quente e mais nutri­ti­va. Nos municí­pios onde os danos foram graves, não tem onde coz­in­har”, con­tou à Agên­cia Brasil.

O pres­i­dente do Con­sel­ho Estad­ual de Segu­rança Ali­men­tar e Nutri­cional do Rio Grande do Sul (Con­sea-RS), Juliano de Sá, artic­u­la a mon­tagem de coz­in­has de cam­pan­ha para min­i­mizar a situ­ação.

“É um prob­le­ma urgente, são mais de 10 mil famílias e cen­te­nas de vol­un­tários que estão com difi­cul­dades para ali­men­tação. As doações chegam em ali­men­tos não perecíveis ou em lanch­es, porém, as pes­soas não têm como coz­in­har. Esta­mos ten­tan­do artic­u­lar a mon­tagem de coz­in­has de cam­pan­ha para pro­dução de ali­men­tos para dis­tribuição no for­ma­to de mar­mi­tas.”

“Con­ver­sei por tele­fone com o min­istro Welling­ton Dias, do Min­istério do Desen­volvi­men­to e Assistên­cia Social, e ele se com­pro­m­e­teu em garan­tir ali­men­tos para as coz­in­has que con­seguirmos orga­ni­zar. Con­ver­sei tam­bém com a Sec­re­taria de Assistên­cia Social do Rio Gande do Sul, que se com­pro­m­e­teu em aju­dar a via­bi­lizar a logís­ti­ca”, rela­ta Juliano de Sá.

Agricultura

A pre­ocu­pação com pequenos agricul­tores motivou o Insti­tu­to Cul­tur­al Padre Josi­mo (ICPJ) a lançar uma cam­pan­ha para a aquisição de sementes que serão doadas aos pro­du­tores rurais.

“A situ­ação é deses­per­ado­ra e caóti­ca. Per­das ines­timáveis e irreparáveis. Perder­am plan­tios, ani­mais, galpões, máquinas, casas”, descreveu à Agên­cia Brasil o Frei Sér­gio Gör­gen, dire­tor do ICPJ. “Com a cam­pan­ha vamos ten­tar repor um pouco do que perder­am e levar con­for­to e sol­i­dariedade”, com­ple­ta.

“A situ­ação está bem difí­cil, pois agricul­tores perder­am tudo o que plan­taram. Isso terá con­se­quên­cias a cur­to e médio pra­zo no que se ref­ere à pro­dução de ali­men­tos e cri­ação de ani­mais. Será necessária uma políti­ca de reparo para essas famílias voltarem a tra­bal­har, algo que levará um cer­to tem­po até se reesta­b­ele­cerem as coisas”, avalia o pres­i­dente do Con­sea-RS.

Por causa da difi­cul­dade de aces­so às áreas mais afe­tadas – mais notada­mente na Região dos Vales, no cen­tro do esta­do, que reúne qua­tro vales de rios: Vale do Jacuí, Vale do Rio Par­do, Vale do Taquari e Vale do Caí – os orga­ni­zadores da cam­pan­ha não con­seguem diz­er exata­mente quan­tos pequenos pro­du­tores pre­cisam de aju­da.

A cam­pan­ha Mis­são: Sementes de Sol­i­dariedade é uma exten­são emer­gen­cial de um pro­gra­ma que existe há alguns anos e leva sementes e insumos agroecológi­cos para comu­nidades cam­pone­sas. Neste ano, a ação já havia sido con­cluí­da, mas após relatos de agricul­tores ten­do per­di­do suas lavouras, a ação voltou à ati­va.

Além do ICPJ, par­tic­i­pam da mobi­liza­ção o Movi­men­to dos Pequenos Agricul­tores (MPA), Cári­tas Brasileira e Cári­tas RS, Insti­tu­to Koinós, Comis­são Pas­toral da Ter­ra (CPT-RS), Movi­men­to dos Atingi­dos e Atingi­das Por Bar­ra­gens (MAB) e Justiça, Paz e Inte­gri­dade da Cri­ação (JPIC/Franciscanos).

“Na próx­i­ma sem­ana começare­mos a preparação das pes­soas que entrarão em con­ta­to com as famílias cam­pone­sas para iden­ti­ficar neces­si­dades para que pos­samos adquirir e dis­tribuir as sementes e, se pos­sív­el, algum equipa­men­to para replan­tar os roça­dos”, detal­ha Jaci­ra Dias Ruiz.

“Enten­demos que é uma for­ma de plan­tar um pouco de esper­ança para essas famílias. Uma for­ma de terem comi­da e con­tin­uarem colo­can­do ali­men­tos em nos­sas mesas tam­bém”, ressalta a rep­re­sen­tante da Cári­tas RS.

Rio Grande do Sul – Ciclone – Sobrevoo, assistência e resgate de pessoas ilhadas em Bom Retiro do Sul (RS). Foto: Marinha do Brasil/RS
Repro­dução: Assistên­cia e res­gate de pes­soas ilhadas em Bom Retiro do Sul — Mar­in­ha do Brasil/RS

Comitiva federal

O pres­i­dente em exer­cí­cio, Ger­al­do Alck­min, anun­ciou o repasse de recur­sos da União para as prefeituras do Rio Grande do Sul com as situ­ações de calami­dade e de emergên­cia dev­i­da­mente recon­heci­das. Para cál­cu­lo do repasse, o gov­er­no vai con­sid­er­ar o val­or de R$ 800 por pes­soa afe­ta­da pelas con­se­quên­cias da pas­sagem do ciclone extra­t­rop­i­cal. Uma comi­ti­va do gov­er­no fed­er­al vis­i­tará o esta­do no domin­go (10).

Campanha de doação

Cam­pan­ha Sementes de Sol­i­dariedade

Pix (CNPJ) da Cári­tas Brasileira: 33654419001007

Depósi­to bancário: Con­ta Cor­rente 55.450–2, Agên­cia 1248–3 (Ban­co do Brasil)

Defesa Civil

O chefe da Casa Mil­i­tar e Pro­teção e Defe­sa Civ­il, coro­nel Luciano Chaves Boeira, ressaltou que alguns itens estão sendo mais deman­da­dos pelas famílias atingi­das. “Roupas ínti­mas, fral­das e roupas de cama (como lençóis, trav­es­seiros, cober­tores e fron­has) talvez sejam a grande aju­da human­itária para os municí­pios neste momen­to”.

As entre­gas podem ser feitas em pon­tos de refer­ên­cia da Defe­sa Civ­il e quar­téis do Cor­po de Bombeiros. Todas as doações pre­cisam estar em boas condições de uso, além de higi­en­izadas.

O chefe da Divisão de Relações Comu­nitárias da Defe­sa Civ­il, tenente-coro­nel Luís Omar, afir­ma ser impor­tante iden­ti­ficar, nas embal­a­gens, o que está sendo doa­do a fim de facil­i­tar o tra­bal­ho.

“Quan­to mais orga­ni­za­do o mate­r­i­al chega para nós, mais rap­i­da­mente podemos dire­cionar”, expli­cou.

Edição: Denise Griesinger

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