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Formação de professores é entrave ao uso de tecnologia em sala de aula

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Estudo mostra ensino de C&T na educação básica brasileira


Pub­li­ca­do em 12/04/2023 — 07:27 Por Ana Cristi­na Cam­pos – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Estu­do do British Coun­cil — orga­ni­za­ção inter­na­cional do Reino Unido para relações cul­tur­ais e opor­tu­nidades edu­ca­cionais — mostra que a for­mação docente é um dos mais graves empecil­hos ao uso de tec­nolo­gia em lab­o­ratórios ou em sala de aula. Para­le­la­mente a essa questão, as esco­las brasileiras enfrentam prob­le­mas de infraestru­tu­ra.

Os dados con­stam do estu­do O ensi­no de ciên­cias da natureza e suas tec­nolo­gias na edu­cação bási­ca brasileira – um panora­ma entre os anos de 2010 e 2020, feito em parce­ria com a Fun­dação Car­los Cha­gas e lança­do nes­ta quar­ta-feira (12). A pesquisa bib­li­ográ­fi­ca e doc­u­men­tal tem o obje­ti­vo de inven­tari­ar e descr­ev­er aspec­tos fun­da­men­tais para o desen­volvi­men­to da edu­cação STEM (ciên­cias, tec­nolo­gia, engen­haria e matemáti­ca, na sigla em inglês).

Segun­do o lev­an­ta­men­to, o Cen­tro de Ino­vação para a Edu­cação Brasileira (Cieb) traz em seu site uma autoavali­ação fei­ta por mais de 100 mil pro­fes­sores brasileiros de edu­cação bási­ca, mostran­do que não se sen­tem aptos a uti­lizar a tec­nolo­gia para nada além daqui­lo que fazem em sua vida pes­soal.

“Há out­ro entrave de for­mação a ser super­a­do o quan­to antes: a maio­r­ia dos pro­fes­sores diz que não sabe uti­lizar a tec­nolo­gia para o seu próprio desen­volvi­men­to profis­sion­al, ou seja, para faz­er cur­sos online ou autoavali­ação online. É uma com­petên­cia a ser desen­volvi­da para que as ações de gestão deem mais resul­ta­dos”, diz a pesquisa.

Em relação à infraestru­tu­ra, dois tipos prin­ci­pais de carên­cias atra­pal­ham as esco­las: a baixa conec­tivi­dade, desafio de porte para um país com a exten­são ter­ri­to­r­i­al do Brasil, e a difi­cul­dade de aces­so a com­puta­dores, tablets e out­ros suportes. “Para se ter uma ideia, os país­es da Orga­ni­za­ção para Coop­er­ação e Desen­volvi­men­to Econômi­co (OCDE) têm uma média de cin­co alunos por com­puta­dor, enquan­to no Brasil esse número sobe para 35 ou mais”, apon­ta o doc­u­men­to.

A pesquisa desta­ca que uma “questão cru­cial para o bom ensi­no de ciên­cias é a for­mação con­tin­u­a­da, que dev­e­ria com­ple­men­tar e atu­alizar con­ceitos num mun­do sem­pre em mutação, com novas descober­tas”.

“A for­ma de ensi­nar ciên­cias tem muda­do com celeri­dade, e o British Coun­cil bus­ca com­par­til­har boas práti­cas do Reino Unido em ensi­no de STEM, incen­ti­van­do tro­cas e parce­rias com o Brasil”, disse, em nota, a dire­to­ra de Enga­ja­men­to Cul­tur­al do British Coun­cil Brasil, Diana Daste. “Essa pesquisa tem o papel de fomen­tar reflexões e con­ver­sas que pos­sam con­tribuir com os profis­sion­ais e pesquisadores no diál­o­go sobre as políti­cas públi­cas para ensi­no de ciên­cias e tec­nolo­gia”.

Tecnologia e ciências

Segun­do o lev­an­ta­men­to, a com­putação pode colab­o­rar forte­mente com o apren­diza­do em out­ras áreas, como ciên­cias da natureza. Além dis­so, é área estratég­i­ca para a sociedade con­tem­porânea e uma das mais atra­ti­vas do mer­ca­do de tra­bal­ho.

No entan­to, o estu­do mostra que essa real­i­dade ain­da não foi trans­pos­ta, como pode­ria, para o uni­ver­so da edu­cação. A pesquisa indi­ca vari­ação lev­e­mente dec­li­nante no número de matrícu­las para licen­ciat­uras de ciên­cias da com­putação entre 2015 e 2019. Pelos dados do Cen­so da Edu­cação Supe­ri­or, as maiores quedas se der­am nas uni­ver­si­dades estad­u­ais e pri­vadas, com decrésci­mo de 14,5% e 21,9% respec­ti­va­mente, enquan­to as fed­erais tiver­am cresci­men­to de 104,8%.

De acor­do com a análise, a expli­cação para esse quadro envolve algu­mas vari­antes, como a baixa atra­tivi­dade finan­ceira para a car­reira docente. Existe, porém, a expec­ta­ti­va de que a imple­men­tação da Políti­ca Nacional de Edu­cação Dig­i­tal, aprova­da em dezem­bro de 2022 e san­ciona­da em janeiro de 2023, torne mais atra­ti­va a car­reira docente na área de ciên­cias e tec­nolo­gia. O PL 4.513/2020 esta­b­elece ações para ampli­ar o aces­so à tec­nolo­gia em cin­co frentes: inclusão dig­i­tal, edu­cação dig­i­tal, capac­i­tação, espe­cial­iza­ção dig­i­tal e pesquisa dig­i­tal.

Out­ro dado que chama a atenção é o aumen­to da pre­sença do Ensi­no a Dis­tân­cia (EAD). Entre as licen­ciat­uras sele­cionadas para o estu­do, entre 2010 e 2019, os maiores cresci­men­tos na EAD foram nas áreas de matemáti­ca (46,5%) e com­putação (46%).

As autoras da pesquisa lev­an­tam a pos­si­bil­i­dade de a mobi­liza­ção para aber­tu­ra de cur­sos na área de matemáti­ca, além de necessária pela importân­cia da dis­ci­plina e pela deman­da por esse profis­sion­al, ser mais sim­ples em ter­mos de infraestru­tu­ra para as insti­tu­ições de ensi­no supe­ri­or. “Afi­nal, esse cresci­men­to não foi acom­pan­hado por dis­ci­plinas que, ideal­mente, deman­dam a mon­tagem de lab­o­ratórios, como físi­ca, quími­ca e biolo­gia, que exigem maior aporte finan­ceiro para sua ofer­ta”.

Modernização do ensino

A neces­si­dade da mod­ern­iza­ção do ensi­no de ciên­cias no país é um dado recor­rente na pesquisa. Os pon­tos de atenção lev­an­ta­dos incluem, por exem­p­lo, o aces­so reduzi­do a mate­ri­ais de lab­o­ratório e os desafios enfrenta­dos pelos docentes no proces­so de inserção e desen­volvi­men­to do letra­men­to cien­tí­fi­co na roti­na da esco­la bási­ca.

Out­ro cenário apon­ta­do é a neces­si­dade de ambi­ente propí­cio para a ampli­ação do cur­rícu­lo de ciên­cias e tec­nolo­gias com assun­tos inter­dis­ci­pli­nares, que envolvam temas como gênero e raça.

Entre as recomen­dações que o estu­do propõe, desta­ca-se como fun­da­men­tal a ampli­ação da for­mação con­tin­u­a­da e tro­ca de exper­iên­cias docentes.

Edição: Graça Adju­to

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