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Fórmula E: último brasileiro campeão, Di Grassi prevê edição atípica

Lucas di Grassi
© Divulgação/Audi Com­mu­ni­ca­ti­ons Motors­port (Repro­du­ção)

Sérgio Sette Câmara também corre na categoria de veículos elétricos


Publi­ca­do em 02/03/2021 — 07:00 Por Lin­coln Cha­ves — Repór­ter da TV Bra­sil e da Rádio Naci­o­nal — São Pau­lo

Nos três prin­ci­pais cam­pe­o­na­tos inter­na­ci­o­nais de mono­pos­tos (Fór­mu­la E, Fór­mu­la 1 e Fór­mu­la Indy), ape­nas a pri­mei­ra tem, atu­al­men­te, pilo­tos bra­si­lei­ros garan­ti­dos em todas as eta­pas dos res­pec­ti­vos grids. Lucas Di Gras­si e Sér­gio Set­te Câma­ra repre­sen­tam o país na cate­go­ria dos car­ros elé­tri­cos, cuja tem­po­ra­da 2021 come­çou nos dias 26 e 27 de feve­rei­ro, com duas cor­ri­das em Al-Diriyah (Ará­bia Sau­di­ta).

Di Gras­si é o mais expe­ri­en­te (e não ape­nas por­que é 14 anos mais velho que Set­te Câma­ra). O pau­lis­ta de 36 anos, da equi­pe Audi, dis­pu­ta a Fór­mu­la E des­de a tem­po­ra­da inau­gu­ral, em 2014, e ven­ceu a pri­mei­ra cor­ri­da da his­tó­ria da cate­go­ria. É o pilo­to com mais pro­vas (71) no cam­pe­o­na­to e o segun­do que mais eta­pas ganhou (10, três a menos que o suí­ço Sébas­ti­en Bue­mi). Foi, ain­da, cam­peão na edi­ção 2016/2017, vice duas vezes (2015/2016 e 2017/2018) e ter­cei­ro em mais duas oca­siões (2014/2015 e 2018/2019).

Seis eta­pas estão mar­ca­das até junho e outras seis aguar­dam a con­fir­ma­ção da Fede­ra­ção Inter­na­ci­o­nal de Auto­mo­bi­lis­mo (FIA). O cená­rio de inde­fi­ni­ção se deve à pan­de­mia do novo coro­na­ví­rus (covid-19), que, na tem­po­ra­da pas­sa­da, após as qua­tro pri­mei­ras pro­vas, teve as últi­mas seis cor­ri­das rea­li­za­das em uma mara­to­na de oito dias no aero­por­to de Tem­pe­lhof, em Ber­lim (Ale­ma­nha).

“[2020] foi um ano mui­to atí­pi­co e não é de pra­xe a Fór­mu­la E fazer tan­tas pro­vas em um úni­co local. Foi bem estres­san­te e dife­ren­te, pois dava para melho­rar o car­ro dia após dia. Mas foi algo que não con­diz com a rea­li­da­de. Está­va­mos há pra­ti­ca­men­te um ano sem uma cor­ri­da nor­mal. A últi­ma tinha sido em Mar­ra­kesh [Mar­ro­cos, em 29 de feve­rei­ro do ano pas­sa­do]”, comen­tou Di Gras­si à Agên­cia Bra­sil.

A edi­ção des­te ano tam­bém fugi­rá à nor­ma­li­da­de. A quar­ta eta­pa (24 de abril) está mar­ca­da para Valên­cia (Espa­nha). Será a pri­mei­ra vez que a Fór­mu­la E, tra­di­ci­o­nal­men­te dis­pu­ta­da em pis­tas de rua, de menor velo­ci­da­de, terá uma cor­ri­da em um cir­cui­to tra­di­ci­o­nal (Ricar­do Tor­mo), que rece­beu a pré-tem­po­ra­da da cate­go­ria em 2017. Segun­do a FIA, o per­cur­so terá “uma con­fi­gu­ra­ção dese­nha­da espe­ci­al­men­te” para a cate­go­ria.

Para Di Gras­si, a pro­va espa­nho­la, que subs­ti­tui­rá a eta­pa de Paris (Fran­ça), can­ce­la­da devi­do à pan­de­mia, deve­rá ser uma das mais impre­vi­sí­veis de 2021: “Veí­cu­los como um Fór­mu­la E, um Fór­mu­la 1 ou um Fór­mu­la Indy são dese­nha­dos com carac­te­rís­ti­cas espe­cí­fi­cas para deter­mi­na­da pis­ta. O da Fór­mu­la E foi dese­nha­do para pis­tas de rua. Nos­so pneu é super­mo­le, ser­ve para piso seco ou molha­do, foi desen­vol­vi­do para ener­gi­as bai­xas, velo­ci­da­des redu­zi­das, como a Fór­mu­la 1 usa em Môna­co. Nos­so pneu é assim o ano intei­ro, então, em uma pis­ta de alta velo­ci­da­de, ele [pneu super­mo­le] der­re­te como chi­cle­te”, expli­cou o pilo­to.

“O trem de for­ça [de um veí­cu­lo de Fór­mu­la E] foi dese­nha­do para, no máxi­mo, 250 quilô­me­tros por hora. Em pis­tas mai­o­res, o car­ro pode che­gar a 300 quilô­me­tros por hora. Há uma série de difi­cul­da­des téc­ni­cas por­que o calen­dá­rio ini­ci­al não leva­va em con­ta pis­tas tra­di­ci­o­nais. Então, faz dife­ren­ça, não é algo que foi pla­ne­ja­do no desen­vol­vi­men­to ini­ci­al do car­ro. Mas não há mui­to o que fazer. A Fór­mu­la E tem fei­to o melhor para con­tor­nar essa pan­de­mia”, com­ple­tou o bra­si­lei­ro.

Após duas eta­pas, Di Gras­si apa­re­ce na 14ª posi­ção do cam­pe­o­na­to, com seis pon­tos, após um nono e um oita­vo lugar, res­pec­ti­va­men­te. Set­te Câma­ra, da equi­pe Dra­gon Pens­ke, está em nono, com 12 pon­tos, soma­dos com a quar­ta colo­ca­ção na segun­da cor­ri­da em Al-Diriyah (na pri­mei­ra, ficou em 20º). O neer­lan­dês Nyck de Vri­es (Mer­ce­des), com 32 pon­tos (uma vitó­ria) lide­ra, segui­do pelo bri­tâ­ni­co Sam Bird (Jaguar), com 25 pon­tos (e tam­bém um triun­fo).

Mais Brasil

Se atu­al­men­te está em bai­xa nas prin­ci­pais cate­go­ri­as do auto­mo­bi­lis­mo inter­na­ci­o­nal, sem repre­sen­tan­tes fixos na Fór­mu­la 1 des­de 2017 e com Tony Kana­an e Hélio Cas­tro­ne­ves con­fir­ma­dos em ape­nas cin­co das 17 eta­pas da Fór­mu­la Indy em 2021, o Bra­sil segue 100% pre­sen­te na Fór­mu­la E. O país teve ao menos dois repre­sen­tan­tes em cada uma das sete tem­po­ra­das (con­tan­do com a atu­al). Na edi­ção de 2018/2019, qua­tro bra­si­lei­ros che­ga­ram a fazer par­te do grid. O pri­mei­ro cam­peão da cate­go­ria foi Nel­si­nho Piquet (2013/2014).

“O auto­mo­bi­lis­mo é mui­to com­ple­xo. Requer talen­tos indi­vi­du­ais e temos bons nomes mun­do afo­ra. Temos [Gian­lu­ca] Pete­cof, [Feli­pe] Dru­go­vi­ch [ambos na Fór­mu­la 2], [Pie­tro] Fit­ti­pal­di [pilo­to reser­va da equi­pe Haas na Fór­mu­la 1 e que dis­pu­tou duas pro­vas no fim da últi­ma tem­po­ra­da] sur­gin­do. Temos os já esta­be­le­ci­dos, como o Pipo [Dera­ni, que dis­pu­ta­rá o Mun­di­al de Endu­ran­ce em 2021], o pró­prio Tony, o Heli­nho, que aca­bou de ven­cer [as 24 horas de] Day­to­na [tra­di­ci­o­nal even­to de car­ros espor­ti­vos]”, enu­me­rou Di Gras­si.

“Mas a fal­ta de bra­si­lei­ros nas cate­go­ri­as tops mos­tra que o auto­mo­bi­lis­mo não é algo que sim­ples­men­te acon­te­ce no Bra­sil. É resul­ta­do de infra­es­tru­tu­ra, inves­ti­men­to e pla­ne­ja­men­to, des­de o kar­tis­mo, do lon­go pra­zo. É igual à edu­ca­ção, de for­ma geral. Você não pode pegar um [úni­co] man­da­to de um pre­si­den­te e orga­ni­zar [toda] a edu­ca­ção no Bra­sil. Não fun­ci­o­na assim. O bra­si­lei­ro pen­sa no cur­to, no cur­tís­si­mo pra­zo. Pre­ci­sa ter cate­go­ria de base, autó­dro­mos, even­tos naci­o­nais, kar­tis­mo for­te”, con­cluiu o pau­lis­ta.

Edi­ção: Fábio Lis­boa

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