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Fundação Casa de Jorge Amado: personagens do autor ganham vida em peça

Encenação irá percorrer diversos espaços recém-reformados

Elaine Patrí­cia Cruz — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 14/12/2024 — 11:00
Sal­vador
Fundação Jorge Amado
Repro­dução: © Divulgação/ Fun­dação Jorge Ama­do

Pedro Arcan­jo, Tieta, Quin­cas Berro d’Água, Gabriela ou pai Jubi­abá — alguns dos per­son­agens mais con­heci­dos do uni­ver­so de Jorge Ama­do vão gan­har vida em peça que vai cel­e­brar a rein­au­gu­ração da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do, que pas­sou recen­te­mente por refor­ma. Chama­da de A Casa de Jorge Ama­do, a peça é con­ce­bi­da por Edvard Pas­sos e será apre­sen­ta­da a par­tir de janeiro na insti­tu­ição.

E esta não será uma peça comum. O próprio Jorge Ama­do dev­erá ser um guia do públi­co, já que ela será apre­sen­ta­da em diver­sos cenários, per­cor­ren­do os novos espaços recém-refor­ma­dos da fun­dação. “Ten­ho já uma exper­iên­cia de dez anos com a obra de Jorge Ama­do sendo ence­na­da. O primeiro tra­bal­ho foi uma adap­tação de O Com­padre de Ogum, que é daque­le livro Os Pas­tores da Noite. Ela fez muito suces­so e ren­deu um musi­cal de rua itin­er­ante pelas ruas do Pelour­in­ho, chama­do A Cidade da Bahia é Nos­sa, que pas­seia por dez obras de Jorge Ama­do. Dis­so surgiu esse con­vite para desen­volver um espetácu­lo — que a gente chama em teatro de site-spe­cif­ic — que é desen­hado para explo­rar os espaços da casa”, expli­cou Pas­sos, em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Salvador (BA), 10/12/2024 - Reabertura da Fundação Casa de Jorge Amado. Foto: Guilherme Weber de Lima/Fundação Casa de Jorge Amado
Repro­dução: Sal­vador (BA), 10/12/2024 — Reaber­tu­ra da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do. — Guil­herme Weber de Lima/Fundação Casa de Jorge Ama­do

A peça será ence­na­da à noite para man­ter, segun­do o dire­tor, “uma ambiên­cia de mis­tério”. A ideia será explo­rar cada um dos espaços da casa, com o próprio Jorge Ama­do e tam­bém o per­son­agem Pedro Arcan­jo, um dos preferi­dos do autor, servin­do como guias do lugar.

“A gente vai ter uma dimen­são épi­ca, nar­ra­ti­va, dos per­son­agens entre­gan­do, em sín­tese, suas tra­jetórias. Mas vamos ter tam­bém uma espé­cie de crossover [quan­do per­son­agens, cenários ou uni­ver­sos de ficção dis­tin­tos são colo­ca­dos no con­tex­to de uma úni­ca história]. Então, a questão do ter­ritório será fun­da­men­tal para poder amal­ga­mar obras idên­ti­cas”, disse.

Os per­son­agens pop­u­lares e tão con­heci­dos de Ama­do vão então gan­har vida e per­cor­rer os novos espaços da insti­tu­ição, cri­a­da para preser­var a obra do autor e tam­bém para ser um pon­to de encon­tro cul­tur­al. “Jorge Ama­do tem um papel muito impor­tante de traz­er um per­fil pop­u­la­cional para o cen­tro, para o pro­tag­o­nis­mo da cena. Ele foi uma das primeiras pes­soas a realizar isso, cau­san­do, inclu­sive, no começo, mui­ta reativi­dade. Você tem obras como Capitães da Areia em que a reativi­dade foi tão grande que as pes­soas queimavam o livro em praça públi­ca. Hoje você tem uma out­ra real­i­dade em que esse movi­men­to de você preencher o pro­tag­o­nis­mo do pal­co com per­son­agens pop­u­lares é mais do que bem-vin­do”, ressaltou o dire­tor.

A peça é mais um dos pro­je­tos que a Fun­dação Casa de Jorge Ama­do tem pen­sa­do para o futuro, após uma refor­ma de nove meses que a mod­ern­i­zou e a deixou mais segu­ra. A Fun­dação foi reaber­ta ao públi­co na últi­ma quin­ta-feira (12) e, como parte dessa cel­e­bração, será gra­tui­ta até sába­do (14). Depois, a gra­tu­idade ocor­rerá sem­pre às quar­tas-feiras. Nos demais dias, haverá cobrança de ingres­sos.

Novidades

Além da peça, a Fun­dação Casa de Jorge Ama­do tem tra­bal­ha­do em out­ros dois pro­je­tos. Um deles pre­vê a cri­ação de um aplica­ti­vo que deve aproveitar uma pesquisa já pronta, fei­ta pela insti­tu­ição, sobre espaços da cap­i­tal baiana que foram cita­dos nas obras de Jorge Ama­do. A intenção é pro­duzir um aplica­ti­vo em que a pes­soa, estando nestes espaços, con­si­ga cap­tar tre­chos das obras do escritor em que eles são cita­dos.

“Já temos o aplica­ti­vo Casa de Jorge Ama­do. Com ele, a pes­soa pode mirar para uma foto da exposição e, o que estiv­er escrito ali pode vir em áudio em por­tuguês, inglês, francês ou espan­hol. Além dos tex­tos da exposição, você pode uti­lizar este aplica­ti­vo no Mirante da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do, onde você pode mirar o celu­lar para alguns espaços do Pelour­in­ho, como a Igre­ja Nos­sa Sen­ho­ra do Rosário dos Pre­tos. Aí tem um áudio do Jorge Ama­do falan­do sobre a igre­ja”, expli­cou Angela Fra­ga, dire­to­ra exec­u­ti­va da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do.

Salvador (BA), 10/08/2024 - A diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado e coordenadora da Festa Literária Internacional do Pelourinho - Flipelô, Angela Fraga, fala sobre o festival. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Repro­dução: Sal­vador (BA), 10/08/2024 — Dire­to­ra exec­u­ti­va da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do, Angela Fra­ga– Rove­na Rosa/Agência Brasil

Além desse novo aplica­ti­vo que fun­cionar­ia para além do espaço da insti­tu­ição, a Fun­dação tam­bém está desen­vol­ven­do um trans­porte para faz­er uma lig­ação entre a sede e a Casa do Rio Ver­mel­ho, onde o escritor viveu com Zélia Gat­tai e onde repousam as cin­zas do casal. Chama­do de Vou Daqui, Ven­ha de Lá, o pro­je­to está em fase de cap­tação de recur­sos.

“Nas quar­tas-feiras a gente tem uma van que sai da estação do Cam­po da Pólvo­ra, que é uma estação de metrô aqui per­t­in­ho, e traz as pes­soas para o Pelour­in­ho, gra­tuita­mente. Diante dis­so, a gente teve a ideia de ten­tar ampli­ar esse tra­je­to, de for­ma com que a van pos­sa ir tam­bém até a Casa do Rio Ver­mel­ho, fazen­do um link entre a vida e a obra de Jorge Ama­do. Isso está em fase de cap­tação”, disse.

Salvador (BA), 09/08/2024 - Fachada da Casa do Rio Vermelho onde viveram os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Repro­dução: Sal­vador (BA), 09/08/2024 — Facha­da da Casa do Rio Ver­mel­ho onde viver­am os escritores Jorge Ama­do e Zélia Gat­tai– Rove­na Rosa/Agência Brasil

O novo aplica­ti­vo que está sendo desen­volvi­do, espera a dire­to­ra, pode­ria ser tam­bém uti­liza­do durante esse per­cur­so, com a van ten­do como des­ti­no a Casa do Rio Ver­mel­ho, mas paran­do antes em diver­sos out­ros espaços que foram cita­dos em obras de Jorge Ama­do. “A gente espera, com a entre­ga do equipa­men­to já refor­ma­do, que ten­hamos fôlego para tra­bal­har em tudo isso”, afir­mou Angela.

Reforma

A insti­tu­ição cul­tur­al pas­sou pela maior restau­ração des­de a inau­gu­ração em 7 de março de 1987. A sede, que era com­pos­ta pelas casas de números 49 e 51 — as con­heci­das Casas Azul e Amarela do Largo do Pelour­in­ho — foi ago­ra conec­ta­da a mais um pré­dio, o de número 47, a chama­da Casa Bran­ca. Com a refor­ma, novos espaços expos­i­tivos foram cri­a­dos. Além dis­so, o local ficou mais acessív­el, mais mod­er­no e mais seguro, com a insta­lação de um novo e mod­er­no sis­tema anti-incên­dio e de mon­i­tora­men­to.

Após essa refor­ma, as escritoras Zélia Gat­tai (que foi com­pan­heira de Jorge Ama­do) e Myr­i­am Fra­ga (que aju­dou a cri­ar e foi a primeira dire­to­ra da fun­dação) rece­ber­am exposições exclu­si­vas e per­ma­nentes no espaço. Há tam­bém uma exposição que apre­sen­ta ilus­trações pre­sentes nos livros de Jorge Ama­do e uma sala ded­i­ca­da a Exu, o orixá que foi escol­hi­do pelo próprio Jorge Ama­do como guardião da casa.

Salvador (BA), 10/12/2024 - Reabertura da Fundação Casa de Jorge Amado. Foto: Guilherme Weber de Lima/Fundação Casa de Jorge Amado
Repro­dução: Sal­vador (BA), 10/12/2024 — Reaber­tu­ra da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do — Guil­herme Weber de Lima/Fundaç

Visitas

No primeiro dia de sua reaber­tu­ra, ocor­ri­do ontem (12), a Fun­dação rece­beu gru­pos esco­lares e muitos tur­is­tas. Entre eles, a pro­fes­so­ra Ana Elisa Din­un­ci de Sá Cos­ta, 23 anos, de Niterói (RJ). Pela primeira vez em Sal­vador, ela aproveitou a visi­ta para con­hecer a Fun­dação Casa de Jorge Ama­do, no Largo do Pelour­in­ho. “Estou ado­ran­do a exposição. Jorge Ama­do fala muito bem da cul­tura da Bahia. Quan­do temos aces­so aos livros dele, às artes dele e a todas as suas obras temos mais aces­so à intim­i­dade da Bahia. Con­seguimos ver um pouco do cotid­i­ano baiano. Tam­bém acho muito lin­da a for­ma como ele retra­ta os orixás e como isso se insere de for­ma tão nat­ur­al no cotid­i­ano baiano”, disse à Agên­cia Brasil.

Um dos espaços que a pro­fes­so­ra mais gos­tou na Fun­dação foi o primeiro andar, que apre­sen­ta uma lin­ha do tem­po do escritor. “Esse espaço fala da vida do Jorge Ama­do e da história de como ele começou a escr­ev­er. Achei isso muito inter­es­sante”, disse, que já leu Tieta do Agreste, Gabriela Cra­vo e Canela e seu favorito do autor, Ten­da dos Mila­gres.

Quem tam­bém esteve na Fun­dação na tarde de quin­ta-feira pela primeira vez foi o con­sul­tor públi­co José Siqueira, 32 anos. Acom­pan­hado de par­entes, ele gos­tou da junção que a insti­tu­ição faz entre o mod­er­no e o anti­go. “Achei esse espaço bem difer­ente, bem acol­he­dor, bem mod­er­no e, ao mes­mo tem­po, rús­ti­co”, disse.

Até sába­do (14), a Fun­dação Casa de Jorge Ama­do estará aber­ta gra­tuita­mente ao públi­co, das 10h às 18h. A par­tir do dia 16 dezem­bro, ela estará aber­ta de segun­da a sex­ta-feira, das 10h às 18h e, aos sába­dos, das 10h às 16h, com entra­da gra­tui­ta às quar­tas-feiras.

* A repórter via­jou a con­vite da Fun­dação Casa de Jorge Ama­do

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