...
terça-feira ,29 abril 2025
Home / Noticias / Fundação conclui obras para reparar danos de rompimento de barragem

Fundação conclui obras para reparar danos de rompimento de barragem

obras concluídas de recuperação de danos nos municípios de São José do Goiabal e Sem Peixe, em Minas e Colatina no Espírito Santo, atingidos pelo rompimento da barragem do Fundão.
Repro­dução: © Divul­gação /Fundação Ren­o­va

Ações vão melhorar qualidade da água do Rio Doce


Pub­li­ca­do em 30/06/2021 — 07:30 Por Cristi­na Índio do Brasil — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

As obras de esgo­ta­men­to san­itário com recur­sos com­pen­satórios da Fun­dação Ren­o­va, respon­sáv­el pelo proces­so de reparação dos danos cau­sa­dos pelo rompi­men­to da Bar­ragem do Fundão, em Mar­i­ana (MG), foram con­cluí­das em três dos 39 municí­pios do esta­do e no Espíri­to San­to, que sofr­eram impacto do desas­tre ambi­en­tal na Bacia do Rio Doce. A bar­ragem se rompeu em 5 de novem­bro de 2015 e provo­cou a morte de 19 pes­soas.

Os primeiros a ter­minarem as obras são os municí­pios de São José do Goia­bal e Sem Peixe, em Minas Gerais, e Colati­na, no Espíri­to San­to. De acor­do com a Fun­dação Ren­o­va, o inves­ti­men­to, de R$ 8,6 mil­hões, faz parte de um total de cer­ca de R$ 600 mil­hões que serão apli­ca­dos nos pro­je­tos e obras de esgo­ta­men­to san­itário e des­ti­nação de resí­du­os sóli­dos nos municí­pios atingi­dos pelo rompi­men­to. Ações vão con­tribuir para mel­ho­rar a qual­i­dade da água da Bacia do Rio Doce.

O ger­ente de Engen­haria da Fun­dação Ren­o­va, Chris­tiano Bar­ros, infor­mou que as obras con­cluí­das vão ben­e­fi­ciar 132,4 mil pes­soas e que 6,6 mil­hões de litros de esgo­to san­itário deixarão de ser joga­dos por dia no rio. Ele afir­mou que não tem a menor dúvi­da de que, ao tér­mi­no desse tra­bal­ho nos 39 municí­pios, a revi­tal­iza­ção do Rio Doce trará óti­mos resul­ta­dos para eles. “A qual­i­dade da água vai mel­ho­rar absur­da­mente”, disse em entre­vista à Agên­cia Brasil.

As obras, finan­ciadas pela Ren­o­va, começaram em São José do Goia­bal, em abril de 2019. Con­forme a fun­dação, além de redes cole­toras, elas incluíram inter­cep­tores, a exe­cução de uma nova estação ele­vatória de esgo­to e mel­ho­rias na estação final. As comu­nidades de Bibo­ca, Patrimônio, Lagoa das Palmeiras, Mes­sias Gomes e Isidoro foram ben­e­fi­ci­adas com pro­je­tos de sis­temas de esgo­ta­men­to san­itário feitos com os recur­sos do pro­gra­ma.

A Ren­o­va rev­el­ou que até dezem­bro de 2020 foram repas­sa­dos ao municí­pio cer­ca de R$ 4,6 mil­hões, e que o sis­tema de esgo­ta­men­to poderá ben­e­fi­ciar dire­ta­mente até 5 mil moradores na sede da cidade. A obra con­tou ain­da com recur­sos de out­ras fontes para a exe­cução da Estação de Trata­men­to de Esgo­to (ETE) e de inter­cep­tores.

Antes, o esgo­to ger­a­do em São José do Goia­bal era lança­do in natu­ra em pon­tos dis­tin­tos de cór­re­gos do municí­pio, que estão local­iza­dos na Bacia do Rio Doce. Mes­mo com a rede cole­to­ra e inter­cep­tores implan­ta­dos na sede, ess­es dis­pos­i­tivos apre­sen­tavam prob­le­mas opera­cionais que neces­si­tavam de reparos e até mes­mo de sub­sti­tu­ição em sua maior exten­são. O sis­tema con­ta­va ain­da com duas estações ele­vatórias e uma ETE que não fun­ciona­va e tin­ha dimen­sões abaixo da capaci­dade para aten­der à vazão do pro­je­to.

No municí­pio de Sem Peixe, con­forme a fun­dação, foram apli­ca­dos mais de R$ 2 mil­hões, dos recur­sos que tin­ham sido pre­vis­tos para redes cole­toras, no sis­tema de esgo­ta­men­to san­itário da sede e em pro­je­tos no dis­tri­to de São Bar­tolomeu, vilare­jo de São Pauli­no e toda a zona rur­al. O pro­je­to pre­vê atendi­men­to de 100% da pop­u­lação da sede.

Em Colati­na, no Espíri­to San­to, foram con­cluí­das as obras de con­strução da Estação de Trata­men­to de Esgo­to no bair­ro Bar­ba­dos (ETE Bar­ba­dos). Lá, o pro­je­to de sanea­men­to ben­e­fi­cia­rá mais de 125 mil habi­tantes e teve inves­ti­men­tos de aprox­i­mada­mente R$ 2 mil­hões. Com a ETE, o esgo­to domés­ti­co do municí­pio pas­sará por proces­sos de trata­men­to antes de retornar ao meio ambi­ente. A esti­ma­ti­va é de que a estação seja respon­sáv­el pelo atendi­men­to de 97,39% da pop­u­lação urbana na sede do municí­pio.

Operação assistida

Lei do Sanea­men­to de 2007 deter­mi­na que cabe ao municí­pio o plane­ja­men­to, lic­i­tações e implan­tação de obras no setor. Por isso, após a con­clusão das obras, os municí­pios pas­sam para a eta­pa de oper­ação assis­ti­da, que é a últi­ma do proces­so. Segun­do o ger­ente, esse perío­do leva seis meses. Nela, o sis­tema é oper­a­do pela admin­is­tração munic­i­pal em con­jun­to com a empre­sa respon­sáv­el pela exe­cução. A intenção é ver­i­ficar todo o fun­ciona­men­to da infraestru­tu­ra, incluin­do a real­iza­ção de testes e ajustes. São José do Goia­bal avançou para essa fase em fevereiro deste ano.

obras concluídas de recuperação de danos nos municípios de São José do Goiabal e Sem Peixe, em Minas e Colatina no Espírito Santo, atingidos pelo rompimento da barragem do Fundão.
Repro­dução: Obras de recu­per­ação da Bacia do Rio Doce — Divul­gação /Fundação Ren­o­va

Em Colati­na, o municí­pio aguar­da licença, a ser con­ce­di­da pelo Insti­tu­to de Meio Ambi­ente e Recur­sos Hídri­cos do Espíri­to San­to (Iema), para ini­ciar a oper­ação da Estação de Trata­men­to. Em Sem Peixe, a próx­i­ma fase do sis­tema de esgo­ta­men­to san­itário da sede do municí­pio será a oper­ação assis­ti­da da Estação de Trata­men­to de Esgo­to.

Os recur­sos nes­ta eta­pa serão custea­d­os pelo Pro­gra­ma de Sanea­men­to da Fun­dação Ren­o­va. Depois da fase de oper­ação assis­ti­da, a empre­sa que venceu a lic­i­tação assume a oper­ação do sis­tema. “O municí­pio deixa de ser oper­ador e pas­sa a ser uma espé­cie de cliente da empre­sa que faz a con­cessão. É uma ativi­dade que pre­cisa de profis­sion­ais espe­cial­iza­dos, e a prefeitu­ra pas­sa atu­ar na parte dela que é de admin­is­tração públi­ca”. A oper­ação pas­sa a ser custea­da pela con­ces­sionária.

Pandemia

Nos municí­pios de Ipatin­ga, Rio Cas­ca, Cór­rego Novo, Rio Doce e Dioní­sio, em Minas Gerais, e Lin­hares, no Espíri­to San­to, as obras no âmbito do Pro­gra­ma de Cole­ta e Trata­men­to de Esgo­to e Des­ti­nação de Resí­du­os Sóli­dos estão em anda­men­to. Segun­do Chris­tiano Bar­ros, a expec­ta­ti­va era con­cluir os tra­bal­hos até o fim deste ano, mas a pan­demia atra­sou os pro­je­tos e não é pos­sív­el deter­mi­nar se a pre­visão vai se con­fir­mar.

“Todas as vezes que os números rela­ciona­dos à pan­demia aumen­tam, por pre­caução e segu­rança de todos os profis­sion­ais que estão atuan­do, são tomadas algu­mas medi­das que causam impacto dire­to. Em alguns municí­pios as obras chegam a ficar par­al­isadas por 15 dias e depois retomam muito lenta­mente, com as pes­soas respei­tan­do o dis­tan­ci­a­men­to nos trans­portes, nos refeitórios, no próprio local de obras, ou seja, esse é um pon­to que afe­ta dire­ta­mente os crono­gra­mas”. Ele desta­cou que com o avanço da vaci­nação, a influên­cia da pan­demia deve se reduzir, de for­ma que os pro­je­tos pos­sam evoluir.

Capacitação

Além da lib­er­ação dos recur­sos, a Fun­dação Ren­o­va pre­cisou faz­er a capac­i­tação e o apoio téc­ni­co aos servi­dores dos municí­pios, como é o caso dos 30 municí­pios restantes que ain­da estão em fase de desen­volvi­men­to dos pro­je­tos e, por isso, sofrem menos impacto da pan­demia. Con­forme o ger­ente, os quadros das admin­is­trações munic­i­pais não têm o mes­mo nív­el téc­ni­co, por isso foi necessária a habil­i­tação.

Recursos compensatórios

Os recur­sos da Fun­dação Ren­o­va, de R$ 600 mil­hões, para os pro­je­tos e obras de esgo­ta­men­to san­itário e des­ti­nação de resí­du­os sóli­dos nos 39 municí­pios atingi­dos pelo rompi­men­to da Bar­ragem do Fundão são repas­sa­dos por meio do Ban­co de Desen­volvi­men­to de Minas Gerais (BDMG) e do Ban­co de Desen­volvi­men­to do Espíri­to San­to (Ban­des).

Bar­ros desta­cou que as ações do Pro­gra­ma de Sanea­men­to, além do impacto pos­i­ti­vo no meio ambi­ente, con­tribuem para que os municí­pios atin­jam as metas do novo Mar­co Legal do Sanea­men­to Bási­co, san­ciona­do em jul­ho do ano pas­sa­do pelo gov­er­no fed­er­al. O mar­co reg­u­latório pre­vê a uni­ver­sal­iza­ção dos serviços de água e esgo­to até 2033, garan­ti­n­do que 99% da pop­u­lação brasileira ten­ham aces­so à água potáv­el e 90% ao trata­men­to e à cole­ta de esgo­to. “Ess­es 39 municí­pios da Bacia do Rio Doce — três já con­cluí­dos, seis com obras em anda­men­to e 30 com pro­je­tos em anda­men­to — saem na frente”, disse.

Revitalização

A cole­ta, o trata­men­to do esgo­to e a des­ti­nação ade­qua­da dos resí­du­os sóli­dos são con­sid­er­a­dos fun­da­men­tais para a revi­tal­iza­ção do Rio Doce. De acor­do com o Comitê da Bacia Hidro­grá­fi­ca (CBH–Doce), 80% do esgo­to domés­ti­co ger­a­do pelos municí­pios ao lon­go da bacia seguem dire­ta­mente para o rio, sem nen­hum trata­men­to, poluin­do os cur­sos d’água. Além dis­so, grande parte dos resí­du­os sóli­dos urbanos cole­ta­dos é dis­pos­ta em lixões, cau­san­do impactos ambi­en­tais, como a pro­lif­er­ação de vetores, poluição visu­al, alter­ação da qual­i­dade do solo e das águas sub­ter­râneas, entre out­ros.

Fundação Renova

A Fun­dação Ren­o­va, enti­dade pri­va­da sem fins lucra­tivos, foi cri­a­da por meio de um Ter­mo de Transação e de Ajus­ta­men­to de Con­du­ta (TTAC) para gerir e exe­cu­tar os pro­gra­mas e ações de reparação e com­pen­sação dos danos cau­sa­dos pelo rompi­men­to da Bar­ragem do Fundão. O TTAC foi assi­na­do em março de 2016 pela empre­sa Samar­co, suas acionistas Vale e BHP, os gov­er­nos fed­er­al e dos esta­dos de Minas Gerais e do Espíri­to San­to, além de uma série de autar­quias, fun­dações e insti­tu­tos.

Edição: Graça Adju­to

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Mendonça diverge em julgamento e vota pela soltura de Collor

Placar está em 6 a 1 pela manutenção da prisão André Richter — Repórter da …