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Garimpeiros começam a fugir da Terra Indígena Yanomami

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Informação é da ministra Sonia Guajajara, que está em Roraima


Pub­li­ca­do em 04/02/2023 — 19:30 Por Pedro Rafael Vilela — Envi­a­do espe­cial — Boa Vista

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Setores de inteligên­cia do gov­er­no fed­er­al e o movi­men­to indí­ge­na iden­ti­ficaram a fuga de garimpeiros da Ter­ra Indí­ge­na Yanoma­mi, em Roraima. A infor­mação é da min­is­tra dos Povos Indí­ge­nas, Sonia Gua­ja­jara, que desem­bar­cou no esta­do, neste sába­do (4), para acom­pan­har as ações inter­min­is­te­ri­ais que ten­tam con­ter a crise human­itária envol­ven­do o povo Yanoma­mi.

“Temos essa infor­mação que muitos garimpeiros estão sain­do. Mas é bom que saiam mes­mo, porque assim a gente até diminui a oper­ação que pre­cisa ser fei­ta para reti­rar 20 mil garimpeiros, [o que] demo­ra um temp­in­ho”, disse a min­is­tra, em cole­ti­va de impren­sa. “Impor­tante diz­er que, para que a gente con­si­ga sair dessa situ­ação de emergên­cia em saúde, é pre­ciso com­bat­er a raiz, que é o garim­po ile­gal. Não é pos­sív­el que 30 mil yanoma­mi sigam con­viven­do com 20 mil garimpeiros den­tro do seu ter­ritório”, desta­cou.

“O gov­er­no fed­er­al está tra­bal­han­do em artic­u­lação com o gov­er­no do esta­do, aqui de Roraima, para ter esse plano de reti­ra­da”, acres­cen­tou a min­is­tra. Vídeo repas­sa­do à reportagem da Agên­cia Brasil por Júnior Heku­rari, pres­i­dente do Con­sel­ho Dis­tri­tal de Saúde Indí­ge­na Yanoma­mi e Ye’Kua­na (Codisi-YY), mostra uma fila de garimpeiros se movi­men­tan­do na mata, no que seria uma supos­ta reti­ra­da dos inva­sores da Ter­ra Indí­ge­na. Segun­do a min­is­tra Sonia Gua­ja­jara, a movi­men­tação tam­bém foi vista por indí­ge­nas em sobrevoos na região da área demar­ca­da.

O gov­er­no de Roraima tam­bém infor­mou ter tido aces­so “a fotos e vídeos de pes­soas sain­do espon­tanea­mente” de garim­po local­iza­do na Ter­ra Indí­ge­na Yanoma­mi.  “São home­ns, mul­heres e cri­anças que, ten­do con­hec­i­men­to das oper­ações que dev­erão ocor­rer nos próx­i­mos dias, resolver­am se ante­ci­par e evi­tar prob­le­mas com a justiça”, infor­mou a asses­so­ria do Exec­u­ti­vo estad­ual, em nota à impren­sa.

Uma das pre­ocu­pações do gov­er­no é que essa reti­ra­da não sig­nifique invasão pos­te­ri­or de out­ras áreas, como ocor­reu há 30 anos, segun­do Lucia Alber­ta Andrade, dire­to­ra de Pro­moção ao Desen­volvi­men­to Sus­ten­táv­el da Fun­dação Nacional dos Povos Indí­ge­nas (Funai).

“Nós, como gov­er­no fed­er­al, temos que tomar muito cuida­do para que não ocor­ra, neste momen­to, o que acon­te­ceu em 1992, quan­do acon­te­ceu a desin­trusão da Ter­ra Indí­ge­na Yanoma­mi, em que garimpeiros saíram e grande parte deles foram para a Ter­ra Indí­ge­na Raposa Ser­ra do Sol, ou para out­ros garim­pos ile­gais que exis­tem na Amazô­nia. Então, temos que ter estraté­gias, que não podemos com­par­til­har com todos vocês, para que isso não ocor­ra. Temos que ter vig­ilân­cia maior em todas as ter­ras indí­ge­nas”, afir­mou Lucia Andrade.

Reforma de pista

Sonia Gua­ja­jara afir­mou que a base aérea no Suru­cu­cu vai ser reestru­tu­ra­da para que pos­sa rece­ber aviões de maior porte. A medi­da vai pos­si­bil­i­tar levar a infraestru­tu­ra para mon­tar um hos­pi­tal de cam­pan­ha na região. Ela não estip­u­lou pra­zo para a efe­ti­vação dessas medi­das.

Ain­da segun­do a min­is­tra, o gov­er­no deve via­bi­lizar a con­strução de poços arte­sianos e estru­tu­ra de cis­ter­na, para cap­tar água da chu­va, além de uma uma estru­tu­ra de comu­ni­cação para man­ter con­ta­to entre os difer­entes polos da Ter­ra Indí­ge­na. Ela tam­bém men­cio­nou o blo­queio do espaço aéreo sobre o ter­ritório, como medi­da efe­ti­va já em vig­or.

“Só assim a gente vai con­seguir começar a ter, de fato, o resul­ta­do. Não se jus­ti­fi­ca que voos con­tin­uem sobrevoan­do ter­ritório yanoma­mi, sendo que aqui o esta­do não há nen­hu­ma autor­iza­ção para explo­ração de minérios”, apon­tou.

Balanço de saúde

Mais cedo, em Boa Vista, Sonia Gua­ja­jara vis­i­tou a Casa de Saúde Indí­ge­na (Casai) e o Hos­pi­tal de Cam­pan­ha da Força Aérea Brasileira (FAB), e depois se reuniu com inte­grantes do Cen­tro de Oper­ações Emer­gen­ci­ais (COE) do gov­er­no fed­er­al. Rep­re­sen­tantes de enti­dades indí­ge­nas e de organ­is­mos inter­na­cionais, como a Orga­ni­za­ção Panamer­i­cana de Saúde (Opas) e os Médi­cos Sem Fron­teiras, tam­bém estiver­am pre­sentes.

Durante a cole­ti­va, o COE atu­al­i­zou a situ­ação de saúde dos indí­ge­nas no esta­do. Na Casai, há um total de 601 yanoma­mi, entre pacientes e seus acom­pan­hantes. Além dis­so, há out­ros 50 indí­ge­nas inter­na­dos, entre Hos­pi­tal Ger­al de Roraima (HGR) e o Hos­pi­tal da Cri­ança San­to Anto­nio (HCSA), ambos em Boa Vista.

“Esta­mos com duas equipes com­postas por profis­sion­ais da Força Nacional [do SUS], uma em Auaris e out­ra no Suru­cu­cu, onde há uma média de 60 a 70 atendi­men­tos diários”, infor­mou Ernani San­tos, coor­de­nador local do COE.

Edição: Kel­ly Oliveira

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