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Garimpo ilegal ainda ameaça saúde em território yanomami

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Crianças com desnutrição foram socorridas recentemente


Pub­li­ca­do em 11/01/2024 — 18:57 Por Alex Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

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Quase um ano após o gov­er­no fed­er­al colo­car em práti­ca uma série de ações emer­gen­ci­ais para faz­er frente a crise human­itária que se aba­teu sobre a Ter­ra Indí­ge­na Yanoma­mi, o Min­istério da Saúde rev­el­ou, nes­ta quin­ta-feira (11), que ain­da há na região locais onde o garim­po não per­mite aos profis­sion­ais de saúde atu­ar “com a segu­rança necessária”.

A man­i­fes­tação min­is­te­r­i­al con­s­ta em nota que a pas­ta divul­gou em respos­ta a notí­cias pub­li­cadas ontem (10), sobre o recente socor­ro presta­do a cri­anças yanoma­mi desnu­tri­das.

“Sobre as ima­gens divul­gadas por veícu­los de impren­sa, tra­ta-se de um res­gate de três cri­anças em situ­ação de desnu­trição feito por profis­sion­ais do Min­istério da Saúde em uma comu­nidade na fron­teira com a Venezuela, em uma oper­ação de alto risco dev­i­do à pre­sença de garimpeiros”, infor­mou o min­istério, acres­cen­tan­do que, dev­i­do à fal­ta de segu­rança, a ação teve que ser real­iza­da rap­i­da­mente.

“Esse é um dos locais onde o garim­po não per­mite a segu­rança necessária para a entra­da de profis­sion­ais de saúde”, acres­cen­tou a pas­ta, desta­can­do que, ape­sar dis­so, as ações que o gov­er­no fed­er­al imple­men­tou na região durante o ano de 2023 já per­mi­ti­ram que seis polos-base que estavam fecha­dos dev­i­do a “ações crim­i­nosas” fos­sem reaber­tos, per­mitin­do que 307 cri­anças diag­nos­ti­cadas com desnu­trição grave ou mod­er­a­da fos­sem aten­di­das e se recu­perassem.

Emergência

No próx­i­mo dia 20, fará um ano que o min­istério decre­tou Emergên­cia em Saúde Públi­ca de Importân­cia Nacional com o obje­ti­vo de resta­b­ele­cer os serviços de saúde e socor­rer parte dos cer­ca de 30,4 mil yanomamis que vivem espal­ha­dos pela maior ter­ra indí­ge­na do Brasil – com cer­ca de 9,6 mil­hões de hectares, a reser­va abrange parte do ter­ritório de Roraima e do Ama­zonas. Cada hectare cor­re­sponde, aprox­i­mada­mente, às medi­das de um cam­po de fute­bol ofi­cial.

Homolo­ga­do em 1992, o ter­ritório de usufru­to exclu­si­vo yanoma­mi segue sofren­do com a ação ile­gal de garimpeiros e madeireiros cujas ativi­dades destroem o meio ambi­ente e favore­cem a dis­sem­i­nação de doenças entre os indí­ge­nas. Situ­ação que, no iní­cio do ano pas­sa­do, cul­mi­nou com a comoção sus­ci­ta­da pelas ima­gens de cri­anças e adul­tos yanomamis desnu­tri­dos e pela infor­mação de que cen­te­nas de cri­anças indí­ge­nas mor­reram, no inte­ri­or da reser­va, por desnu­trição e out­ras causas evitáveis.

Em respos­ta, além de dec­re­tar Emergên­cia em Saúde Públi­ca, o gov­er­no fed­er­al insti­tu­iu um Comitê de Coor­de­nação Nacional para Enfrenta­men­to à Desas­sistên­cia San­itária e deter­mi­nou a sus­pen­são de autor­iza­ções de ingres­so à ter­ra indí­ge­na. A Força Aérea Brasileira (FAB) inten­si­fi­cou o con­t­role aéreo na região, lim­i­tan­do a área de voos, enquan­to órgãos ambi­en­tais e as forças de segu­rança públi­ca defla­graram ações con­jun­tas de com­bate ao garim­po e à extração de madeira.

No bal­anço que divul­gou hoje, o Min­istério da Saúde afir­ma que ampliou de 690 para 960 o número de profis­sion­ais atuan­do no ter­ritório yanoma­mi, incluin­do a con­tratação de 22 nutri­cionistas, e real­i­zou mais de 140 mil exam­es para detecção de malária. A pas­ta tam­bém asse­gu­ra que investiu mais de R$ 220 mil­hões para reestru­tu­rar o aces­so à saúde dos indí­ge­nas da região – val­or que afir­ma ser 122% supe­ri­or ao investi­do em 2022 – e, com o apoio do Fun­do das Nações Unidas para a Infân­cia (Unicef), dis­tribuiu cer­ca de 5 toneladas de fór­mu­las nutri­cionais às comu­nidades locais.

Nes­ta quar­ta-feira (10), um grupo de min­istros e rep­re­sen­tantes de vários órgãos fed­erais estiver­am na Ter­ra Indí­ge­na Yanoma­mi a fim de inspe­cionar a situ­ação. A visi­ta ocorre um dia após o Palá­cio do Planal­to anun­ciar que, este ano, pre­tende inve­stir R$ 1,2 bil­hão no ter­ritório yanoma­mi. A pro­pos­ta fed­er­al é implan­tar, de for­ma per­ma­nente, uma Casa de Gov­er­no na região e con­cen­trar a atu­ação per­ma­nente dos órgãos fed­erais na segu­rança e aces­so a políti­cas públi­cas pelos indí­ge­nas.

Edição: Aline Leal

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