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Gastos com material escolar impactam orçamento de 85% das famílias

Brasileiros gastaram R$ 49,3 bilhões com esses itens em 2024

Mar­i­ana Tokar­nia — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 02/01/2025 — 07:38
Rio de Janeiro
Venda a varejo de material escolar em lojas da 25 de Março, região central.
Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

As famílias brasileiras gas­taram R$ 49,3 bil­hões com mate­ri­ais esco­lares em 2024, o que rep­re­sen­tou um aumen­to de 43,7% ao lon­go dos últi­mos qua­tro anos. O val­or é uma esti­ma­ti­va de pesquisa inédi­ta do Insti­tu­to Loco­mo­ti­va e Ques­tion­Pro. O lev­an­ta­men­to mostra que essas com­pras impactam o orça­men­to de 85% das famílias brasileiras com fil­hos em idade esco­lar e que um a cada três com­pradores pre­tende parce­lar para poder dar con­ta das despe­sas para o ano leti­vo de 2025.

Ao todo, foram real­izadas 1.461 entre­vis­tas com home­ns e mul­heres com mais de 18 anos em todo o país. Os ques­tionários foram apli­ca­dos entre 2 e 4 de dezem­bro.

O estu­do mostra que a maio­r­ia dos pais e respon­sáveis de estu­dantes tan­to da rede públi­ca quan­to da rede pri­va­da dis­ser­am que com­prará mate­ri­ais esco­lares para o ano leti­vo de 2025: 90% daque­les com fil­hos em esco­las públi­cas e 96% daque­les com fil­hos em esta­b­elec­i­men­tos pri­va­dos.

A maior parte das famílias pre­cis­ará com­prar mate­ri­ais esco­lares solic­i­ta­dos pelas esco­las (87%), segui­do de uni­formes (72%) e livros didáti­cos (71%).

Os pesquisadores esti­mam que os val­ores gas­tos com mate­ri­ais esco­lares aumen­taram ao lon­go dos últi­mos anos, pas­san­do de um mon­tante nacional de R$ 34,3 bil­hões em 2021 para os atu­ais R$ 49,3 bil­hões.

“É um gas­to que vem crescen­do e vem aumen­tan­do tam­bém o seu peso no orça­men­to dos famílias com fil­hos”, desta­ca o dire­tor de Pesquisa do Insti­tu­to Loco­mo­ti­va, João Paulo Cun­ha.

Cun­ha ressalta que esse impacto ocorre tan­to para famílias com fil­hos em esco­las públi­cas e tam­bém nas pri­vadas. “Mui­ta gente acha que pais que estão com fil­hos em esco­las públi­cas, por, teori­ca­mente, gan­harem o uni­forme, o mate­r­i­al, não têm nen­hum gas­to. Mas a real­i­dade é muito difer­ente. Prati­ca­mente todos os pais que têm fil­hos em esco­las públi­cas acabam ten­do que, pelo menos, com­ple­men­tar parte do mate­r­i­al esco­lar, parte do uni­forme, e acabam tam­bém ten­do um peso no orça­men­to domés­ti­co por con­ta dis­so.”

A esti­ma­ti­va é que a maior parte dos gas­tos se con­cen­tre na classe B, R$ 20,3 bil­hões; e na classe C, R$ 17,3 bil­hões. Jun­tas, elas são respon­sáveis por 76% dos gas­tos nacionais. A Região Sud­este con­cen­tra a maior por­cent­agem dos gas­tos, 46%, segui­da pelo Nordeste, 28%. O menor per­centu­al está na Região Norte, 5%.

Ess­es val­ores impactam os orça­men­tos de 85% das famílias com fil­hos em idade esco­lar. O impacto é maior para as famílias de classe C, em que 95% dis­ser­am que os mate­ri­ais impactam o orça­men­to famil­iar. Entre todos os entre­vis­ta­dos, 38% dis­ser­am que têm muito impacto no orça­men­to e 47%, que têm algum impacto. Ape­nas para 15% as com­pras de vol­ta às aulas não têm impacto.

“Isso aca­ba ten­do que sair de out­ros lugares. Cada família vai ter um arran­jo difer­ente para con­seguir ter esse tipo de gas­to. Alguns vão ter que recor­rer ao crédi­to, out­ros vão ter que tirar do guarda­do, mas o fato é que a maio­r­ia rela­ta o peso e o impacto no orça­men­to domés­ti­co”, enfa­ti­za Cun­ha.

Diante dessa situ­ação, 35% dis­ser­am que irão recor­rer ao parce­la­men­to nas com­pras para o ano leti­vo de 2025. Entre as famílias da classe C, essa por­cent­agem sobe para 39%. A maio­r­ia, no entan­to, 65%, pre­tende pagar à vista. Entre as class­es A e B, essa por­cent­agem é ain­da maior, 71%.

Materiais escolares

De acor­do com a Asso­ci­ação Brasileira de Fab­ri­cantes e Impor­ta­dores de Arti­gos Esco­lares (ABFIAE), os aumen­tos dos cus­tos com mate­ri­ais esco­lares se dão prin­ci­pal­mente por con­ta de fatores como inflação anu­al e ele­vação nos cus­tos de pro­dução, além dos preços de frete marí­ti­mo, no caso dos impor­ta­dos, e alta do dólar. Para 2025, a enti­dade esti­ma um aumen­to entre 5% e 9%.

Segun­do o pres­i­dente Exec­u­ti­vo da ABFIAE, Sid­nei Berga­m­aschi, muitos itens que com­põem as lis­tas esco­lares são impor­ta­dos, como mochi­las e esto­jos.

“Os itens que com­põem a ces­ta, a lista esco­lar, vários deles são itens impor­ta­dos. E aí, obvi­a­mente, quan­do você pega um ano que tem uma taxa de dólar mais alta, quan­do você pega um perío­do como, por exem­p­lo, pós-pan­demia, que o frete marí­ti­mo inter­na­cional explodiu, o mun­do se tornou cin­co vezes mais caro do que ele cus­ta­va, tudo isso aca­ba ten­do algum impacto de cus­to e que vai ter­mi­nar lá sem­pre para o con­sum­i­dor”, diz Berga­m­aschi.

A ABFIAE defende pro­gra­mas públi­cos para aquisição de mate­r­i­al esco­lar, como o chama­do Pro­gra­ma Mate­r­i­al Esco­lar, imple­men­ta­do no Dis­tri­to Fed­er­al e nos municí­pios de São Paulo e Foz do Iguaçu, por meio do qual o poder públi­co ofer­ece crédi­to a estu­dantes de esco­las públi­cas para a aquisição dos mate­ri­ais.

“Isso tem per­mi­ti­do que alunos da rede públi­ca pos­sam aces­sar mate­ri­ais difer­entes e pos­sam tam­bém com­prar somente aqui­lo que ele pre­cisa e aqui­lo que às vezes ele não tin­ha aces­so”, diz o pres­i­dente da enti­dade.

A ABFIAE defende ain­da a redução de impos­tos cobra­dos para ess­es pro­du­tos. Segun­do a enti­dade, em alguns itens, os trib­u­tos chegam a rep­re­sen­tar 50% do val­or do pro­du­to. “Nós fize­mos esse pleito na refor­ma trib­utária, que ele fos­se enquadra­do jun­to com alguns itens que foram reduzi­dos, porque hoje você tem, nor­mal­mente, na faixa de 40%, até mais de 40% de impos­tos nos itens da lista esco­lar. Então, isso tem um peso grande no val­or final”, ressalta.

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