...
terça-feira ,11 fevereiro 2025
Home / Economia / Geração de lixo no mundo pode chegar a 3,8 bi de toneladas em 2050

Geração de lixo no mundo pode chegar a 3,8 bi de toneladas em 2050

Repro­dução: © 12/06/2012/Arquivo/Wilson Dias/Agência Brasil

Se tal quadro não for revertido, impacto negativo no clima será maior


Pub­li­ca­do em 28/02/2024 — 17:40 Por Cami­la Boehm — Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

ouvir:

Caso não haja mudança nos padrões de pro­dução, con­sumo e descarte de mate­ri­ais, a ger­ação de resí­du­os sóli­dos domi­cil­iar no mun­do deve crescer 80% entre 2020 e 2050, pas­san­do de 2,1 bil­hões de toneladas ao ano para 3,8 bil­hões.

Cenário con­sid­er­a­do promis­sor é man­ter a pro­dução de resí­du­os em 2 toneladas por ano, neste mes­mo pra­zo, ape­sar do aumen­to pop­u­la­cional e mel­ho­ra do poder aquis­i­ti­vo mundi­al.

Os dados são do relatório Glob­al Waste Man­age­ment Out­look 2024 (GWMO 2024), lança­do hoje (28) durante a Assem­bleia das Nações Unidas para o Ambi­ente, em Nairóbi, cap­i­tal do Quê­nia. O doc­u­men­to foi desen­volvi­do pela Inter­na­tion­al Sol­id Waste Asso­ci­a­tion (ISWA) e pelo Pro­gra­ma das Nações Unidas para o Meio Ambi­ente (PNUMA).

Relatório

O pres­i­dente da ISWA, Car­los Sil­va Fil­ho, um dos autores do relatório, ressaltou que o mun­do con­tin­ua em uma tendên­cia de aumen­to da pro­dução de resí­du­os sóli­dos. “Ain­da temos cer­ca de 40% dess­es resí­du­os vão parar em locais inad­e­qua­dos, tipo lixão e queima a céu aber­to. Essa é uma tendên­cia muito pre­ocu­pante”, avaliou.

Se tal quadro não for rever­tido, ele expli­ca que pode haver impactos neg­a­tivos no cli­ma, com mais emis­sões de gas­es de efeito est­u­fa, prin­ci­pal­mente metano; na bio­di­ver­si­dade, com maior explo­ração de recur­sos nat­u­rais e pre­juí­zos para flo­ra e fau­na; e na saúde humana, com maior poluição e impactos dire­to na qual­i­dade do ar, água e solo.

De acor­do com o Panora­ma dos Resí­du­os Sóli­dos 2022, foram ger­a­dos no Brasil cer­ca de 80 mil­hões de toneladas de resí­du­os sóli­dos domi­cil­iares, das quais 76 mil­hões de toneladas foram cole­tadas, total­izan­do uma cober­tu­ra de cole­ta de 93%, mes­ma média apon­ta­da para a Améri­ca do Sul no relatório. No entan­to, 40% dos resí­du­os cole­ta­dos no país, cer­ca de 29,7 mil­hões de toneladas, ain­da seguem para des­ti­nos inad­e­qua­dos — lixões e ater­ros con­tro­la­dos.

Segun­do o Atlas Glob­al, no mun­do, 38% dos resí­du­os acabam em des­ti­nos inad­e­qua­dos. Na Améri­ca do Sul, esse per­centu­al é de 34%, o que, segun­do o ISWA, per­mite con­statar que o Brasil está em situ­ação deficitária em relação à média glob­al e à média do con­ti­nente.

Sil­va Fil­ho apon­tou ain­da que os índices de aproveita­men­to dos resí­du­os são bas­tante lim­i­ta­dos no país e no mun­do. Segun­do o relatório, enquan­to a média glob­al é de 19% e a do con­ti­nente Sul-amer­i­cano de 6%, o índice de reci­clagem de resí­du­os sóli­dos urbanos no Brasil varia em torno de 3 a 4% e está estag­na­do há mais de uma déca­da.

Brasil

No Brasil, o lev­an­ta­men­to rev­el­ou que, até 2050, a pro­dução de resí­du­os deve crescer mais de 50% e poderá alcançar 120 mil­hões de toneladas por ano. Segun­do o insti­tu­to, o número demon­stra que o país carece de ações urgentes.

“O relatório mostra que o país ain­da está bas­tante defi­ciente na gestão de resí­du­os. Em ter­mos de aumen­to e de cresci­men­to da ger­ação, o Brasil está seguin­do a mes­ma lin­ha do mun­do, com esse cresci­men­to acel­er­a­do. Mas em ter­mos de aproveita­men­to do resí­duo, nós esta­mos muito atrasa­dos”, avaliou Sil­va Fil­ho.

A pub­li­cação apon­ta ain­da que cer­ca de 2,7 bil­hões de pes­soas em todo o mun­do não têm aces­so aos serviços bási­cos de limpeza urbana, como cole­ta de lixo. No Brasil uma em cada 11 pes­soas não dis­põe desse serviço. Com isso, mais de 5 mil­hões de toneladas de resí­du­os sóli­dos deix­am de ser cole­tadas anual­mente e acabam descar­tadas no meio ambi­ente, com impactos neg­a­tivos no solo, rios e na saúde da pop­u­lação.

Recomendações

Análise das enti­dades mostrou que o maior impacto no aumen­to da ger­ação de resí­du­os sóli­dos é decor­rente do cresci­men­to econômi­co, sendo 75% em função de aumen­to de poder aquis­i­ti­vo, e 25% em função do cresci­men­to pop­u­la­cional.

“O relatório traz a recomen­dação no sen­ti­do de que pre­cisa dis­so­ciar o cresci­men­to econômi­co da maior ger­ação de resí­du­os sóli­dos. Nós pre­cisamos de um novo mod­e­lo de design, pro­dução, ven­da, dis­tribuição de mate­ri­ais e de uma nova con­sciên­cia no descarte e ger­ação de resí­du­os.”

Segun­do o pres­i­dente do insti­tu­to, daqui até 2050, a per­spec­ti­va é de desen­volvi­men­to econômi­co no mun­do, rever­tendo essa rota de recessão e entran­do numa rota de cresci­men­to.

Um exem­p­lo práti­co para min­i­mizar impactos é o sis­tema de respon­s­abil­i­dade esten­di­da dos pro­du­tores, ou seja, quem fab­ri­ca um pro­du­to e o colo­ca no mer­ca­do pas­sa a ser respon­sáv­el pelo retorno deste pro­du­to.

“Com isso, você traz um com­pro­mis­so para que essa indús­tria faça pro­duções mais amigáveis, mais fáceis de serem retor­nadas”, disse Sil­va Fil­ho. Ele cita ain­da o com­bate ao des­perdí­cio de ali­men­tos e mod­os de ampli­ar o mer­ca­do de reci­clagem, fazen­do com que o resí­duo se torne uma matéria-pri­ma.

O cenário con­sid­er­a­do pos­sív­el de ser imple­men­ta­do seria alcançar 60% de reci­clagem no mun­do, que atual­mente é de 19%, e reduzir a ger­ação per capi­ta de resí­du­os sóli­dos para 600 gra­mas em média — atual­mente a quan­ti­dade é 800 gra­mas por pes­soa. O total de resí­du­os sóli­dos domi­cil­iares ger­a­dos no mun­do ficaria em torno de 2 bil­hões de toneladas, em 2050, em um cenário con­sid­er­a­do promis­sor e tam­bém fac­tív­el. Além dis­so, tal cenário pre­vê que não haja mais des­ti­no inad­e­qua­do no plan­e­ta já a par­tir de 2050.

Edição: Maria Clau­dia

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Prefeitos irão se reunir em Brasília a partir de amanhã

Meta é aproximar prefeituras e órgãos governamentais Luciano Nasci­men­to — Repórter da Agên­cia Brasil Pub­li­ca­do …