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Gilberto Gil toma posse na Academia Brasileira de Letras

Repro­dução: © Reprodução/Youtube/ABL

Músico e compositor assume a cadeira 20 da ABL


Pub­li­ca­do em 08/04/2022 — 23:41 Por Alana Gan­dra e Dou­glas Cor­rêa – Repórteres da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

O can­tor, com­pos­i­tor e ex-min­istro da Cul­tura, Gilber­to Gil, foi empos­sa­do hoje como novo ocu­pante da cadeira 20 da Acad­e­mia Brasileira de Letras (ABL), suce­den­do ao jor­nal­ista e advo­ga­do Muri­lo Melo Fil­ho. Gil foi rece­bido na ABL pelo tam­bém acadêmi­co Anto­nio Car­los Secchin.

Em seu dis­cur­so de posse, Gil disse que, entre as tan­tas hon­rarias que a vida lhe pro­por­cio­nou, entrar na ABL tem uma dimen­são espe­cial. “Não só porque a ABL é a casa de Macha­do de Assis, escritor uni­ver­sal, afrode­scen­dente como eu, mas tam­bém porque a ABL rep­re­sen­ta a instân­cia maior, que legit­i­ma e con­sagra, de for­ma perene, a ativi­dade de um escritor ou cri­ador de cul­tura em nos­so país. Sou fil­ho de uma pro­fes­so­ra primária e um médi­co. A eles devo o meu amor às letras e músi­ca. A imagem dos meus pais está comi­go nes­sa noite e sua memória para mim é uma benção”, disse.

Em out­ro tre­cho Gil citou as ale­grias e per­das ao lon­go da vida: “Tive grandes êxi­tos e ale­grias nes­ta vida, mas tam­bém muitas tris­tezas, a maior e mais dolorosa, a per­da do meu fil­ho Pedro Gil. Mas não desan­i­mo e é pre­ciso resi­s­tir sem­pre. Ape­sar dos tem­pos politi­ca­mente som­brios que vive­mos apos­to na esper­ança con­tra a tre­va físi­ca e moral. Que haja ao menos a chama de uma vela até chegar­mos a toda a luz do luar”.

Ape­sar de diz­er que não can­taria, Gil acabou can­tan­do durante o dis­cur­so, os ver­sos: “Se a noite inven­ta a escuridão, a luz inven­ta o luar. O olho da vida inven­ta a visão, doce clarão sobre o mar”.

Eleição

Eleito com 21 votos no dia 4 de novem­bro do ano pas­sa­do, Gilber­to Gil vai estre­itar os laços da Acad­e­mia com a músi­ca e a cul­tura pop­u­lar brasileira. O baiano Gilber­to Pas­sos Gil Mor­eira nasceu no dia 26 de jun­ho de 1942, em Sal­vador, sendo fil­ho pri­mogêni­to do médi­co José Gil Mor­eira e da pro­fes­so­ra primária  Clau­d­i­na Pas­sos Gil Mor­eira.

Embaix­ador da Boa Von­tade da Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para a Ali­men­tação e a Agri­cul­tura (FAO) e nomea­do Artista da Paz pela agên­cia da ONU para a Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura (Unesco), Gil lançou mais de 50 álbuns que mesclam influên­cias do rock, de gêneros tipi­ca­mente brasileiros, de músi­ca africana, funk, músi­ca dis­co e reg­gae.

Seu inter­esse pela músi­ca surgiu quan­do ain­da garo­to, aos 3 anos de idade. Com 9 anos, ao mes­mo tem­po que cur­sa­va o ginasial, em Sal­vador, estu­da­va músi­ca na Acad­e­mia Regi­na. Seu instru­men­to preferi­do era o acordeão, mas apren­deu tam­bém a tocar vio­lão. Em 1960, Gilber­to Gil ingres­sou na Uni­ver­si­dade Fed­er­al da Bahia para cur­sar admin­is­tração de empre­sas. No ano seguinte, gan­hou um vio­lão de pre­sente de sua mãe. Aos 18 anos, inte­grou o con­jun­to Os Desa­fi­na­dos, onde prat­i­ca­va o que apren­dia na acad­e­mia de músi­ca. Em 1963, com­pôs sua primeira músi­ca Feli­ci­dade Vem Depois, um sam­ba no esti­lo bossa-nova, que nun­ca foi grava­do.

Tropicália

Gil foi um dos cri­adores do Movi­men­to Trop­i­cal­ista nos anos de 1960, ao lado de Cae­tano Veloso, Maria Bethâ­nia, Gal Cos­ta e Tom Zé, e é autor de músi­cas con­sagradas como Pro­cis­sãoDomin­go no Par­que e Aque­le Abraço. Com Domin­go no Par­que, que ele can­tou com os Mutantes, no 3º Fes­ti­val da Músi­ca Pop­u­lar Brasileira, em 1967, obteve o segun­do lugar. O fes­ti­val foi o pon­to de par­ti­da para o Trop­i­cal­is­mo.

O Movi­men­to Trop­i­cal­ista, entre­tan­to, foi con­sid­er­a­do sub­ver­si­vo pela ditadu­ra mil­i­tar e Gilber­to Gil foi pre­so, jun­to com Cae­tano Veloso. Em 1969, Gil se exilou na Inglater­ra. Nesse mes­mo ano, lançou o dis­co Gilber­to Gil, com a músi­ca Aque­le Abraço, últi­ma músi­ca que gravou no Brasil, um dia antes de par­tir para a Europa. Aque­le Abraço acabou se tor­nan­do o maior suces­so do com­pos­i­tor e ago­ra imor­tal da ABL.

No iní­cio de 1972, Gilber­to Gil voltou do exílio e, em 1976, jun­to com Cae­tano, Gal e Bethâ­nia, for­mou o con­jun­to Doces Bár­baros, que ren­deu um álbum e turnês pelo país. Em 1978, se apre­sen­tou no Fes­ti­val de Mon­treux, na Suíça. Nesse mes­mo ano, gan­hou o Gram­my de Mel­hor Álbum de World Music com “Quan­ta Gente Veio Ver”.

Livros

Pai de oito fil­hos, Gil tem qua­tro obras literárias assi­nadas: O poéti­co e o políti­co e out­ros escritos, de 1988, com Anto­nio Risério; Gilber­to bem per­to, de 2013, com Regi­na Zap­pa; Cul­tura pela Palavra, de 2013, com Juca Fer­reira; e Dis­posições amoráveis, de 2016, com Ana de Oliveira.

Agra­ci­a­do com várias comen­das nacionais e inter­na­cionais ao lon­go de sua car­reira musi­cal e políti­ca, e deten­tor de vários prêmios no Brasil e no exte­ri­or, Gilber­to Gil foi gan­hador em 2015 e 2016 do 26º e 27º Prêmios da Músi­ca Brasileira. No primeiro, gan­hou na cat­e­go­ria Mel­hor DVD Espe­cial, com o DVD Gilber­to Sam­bas ao Vivo e, no ano seguinte, na cat­e­go­ria Mel­hor Álbum de MPB, com o CD Dois Ami­gos, um Sécu­lo de Músi­ca, feito em parce­ria com Cae­tano Veloso. O can­tor, com­pos­i­tor e ex-min­istro é casa­do com Flo­ra Gior­dano Gil, neta de ital­ianos, o que lhe per­mi­tiu obter, em 2009, a cidada­nia ital­iana.

Edição: Fábio Mas­sal­li

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