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Glaucoma: monitoramento evitou cegueira em 300 mil brasileiros

Repro­dução: © Arquivo/Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Detecção precoce é essencial para tratar a doença, diz CBO


Publicado em 25/05/2024 — 08:13 Por Paula Laboissière – Repórteres da Agência Brasil — Brasília

Ao lon­go dos últi­mos cin­co anos, cer­ca de 300 mil brasileiros foram acom­pan­hados e trata­dos no intu­ito de evi­tar a per­da total da visão em razão do glau­co­ma, con­sid­er­a­do atual­mente a maior causa de cegueira irre­ver­sív­el do mun­do. Os dados foram divul­ga­dos pelo Con­sel­ho Brasileiro de Oftal­molo­gia (CBO) em razão do Dia Nacional de Com­bate ao Glau­co­ma, lem­bra­do neste domin­go (26).

“Entre janeiro de 2019 e dezem­bro de 2023, o atendi­men­to ofer­e­ci­do pelos médi­cos oftal­mol­o­gis­tas na rede públi­ca ben­efi­ciou esse grupo de pacientes com aces­so gra­tu­ito a trata­men­tos medica­men­tosos. Esse fluxo rev­ela o impacto pos­i­ti­vo da assistên­cia oftal­mológ­i­ca no SUS [Sis­tema Úni­co de Saúde], reduzin­do sig­ni­fica­ti­va­mente as chances de pacientes com essa doença desen­volverem quadros graves, com per­da de visão irre­ver­sív­el.”

De acor­do com o CBO, as esti­ma­ti­vas apon­tam que mais de 1,7 mil­hão de pes­soas devem ter glau­co­ma no Brasil. Assu­min­do uma esti­ma­ti­va con­ser­vado­ra, 2% da pop­u­lação aci­ma de 40 anos podem apre­sen­tar a doença. Na pro­jeção, foram uti­liza­dos dados do últi­mo cen­so do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE), real­iza­do em 2022, onde a faixa etária aci­ma de 40 anos con­cen­tra 85,9 mil­hões de pes­soas.

Estratégias

“Essa pro­jeção é uti­liza­da para a definição de políti­cas públi­cas e estraté­gias com foco na pre­venção, diag­nós­ti­co e trata­men­to pre­co­ces do glau­co­ma. Além dela, out­ras esti­ma­ti­vas aju­dam no plane­ja­men­to das ini­cia­ti­vas. Por exem­p­lo, estu­dos apon­tam que a incidên­cia do glau­co­ma varia entre 1% e 2% na pop­u­lação em ger­al, aumen­tan­do após os 40 anos (2%) e chegan­do a mais de 6% após os 70 anos”, desta­cou o con­sel­ho.

Estu­dos demon­straram ain­da que a prevalên­cia do glau­co­ma é maior em indi­ví­du­os negros e mulatos quan­do com­para­dos com os indi­ví­du­os bran­cos (3,8% e 2,1%, respec­ti­va­mente). Fatores como históri­co famil­iar da doença, ser negro ou asiáti­co, ter miopia, apre­sen­tar pressão intraoc­u­lar ele­va­da ou out­ras doenças ocu­lares aumen­tam as chances de a pes­soa desen­volver glau­co­ma em algum momen­to de sua vida.

Lesões irreversíveis

O con­sel­ho aler­ta que a detecção pre­coce do glau­co­ma, por meio de exam­es oftal­mológi­cos reg­u­lares, é essen­cial para iden­ti­ficar e tratar a doença antes que ocor­ra per­da visu­al. Medi­das pre­ven­ti­vas e de acom­pan­hamen­to médi­co, como mon­i­tora­men­to da pressão intraoc­u­lar, uso de medica­men­tos ade­qua­dos e trata­men­tos a laser ou cirúr­gi­cos podem aju­dar a con­tro­lar a pro­gressão da doença e pro­te­ger a visão a lon­go pra­zo.

Tratamento

Como políti­ca de com­bate à cegueira cau­sa­da pelo glau­co­ma, o Brasil, por recomen­dação do CBO, insti­tu­iu, des­de 2008, por meio da Por­taria 288 do Min­istério da Saúde, o Pro­gra­ma de Atenção ao Paciente Por­ta­dor de Glau­co­ma, que fornece gra­tuita­mente pelo SUS colírios de primeira, segun­da e ter­ceira lin­has para o trata­men­to do glau­co­ma”, desta­cou o con­sel­ho.

A ori­en­tação é que cada paciente uti­lize diari­a­mente colírios disponi­bi­liza­dos para reti­ra­da em locais pre­de­ter­mi­na­dos pelos gov­er­nos locais a cada três meses, com uso de doc­u­men­tação especí­fi­ca. Em 2023, foram reg­istradas 1.229.822 reti­radas de medica­men­tos desse tipo, o que leva a cer­ca de 307 mil casos de glau­co­ma trata­dos.

“A apli­cação de colírios aju­da a esta­bi­lizar a pressão intraoc­u­lar e, como con­se­quên­cia, con­tro­lar a doença e evi­tar a cegueira”, reforçou o con­sel­ho.

Números

Entre 2019 e 2023, trata­men­tos clíni­cos do glau­co­ma ben­e­fi­cia­ram, em média, 280 mil pacientes de todas as regiões brasileiras a cada ano. O Nordeste acu­mu­la o maior vol­ume de pro­ced­i­men­tos no perío­do avali­a­do, com uma média anu­al de 141,6 mil pes­soas aten­di­das. Na sequên­cia apare­cem, com as seguintes médias: Sud­este, com 109,3 mil casos; Sul, com 19 mil; Norte, com 9,2 mil; e Cen­tro-Oeste, com pouco mais de 1 mil pacientes aten­di­dos a cada ano.

Den­tre as unidades da Fed­er­ação, no topo do rank­ing estão as seguintes médias por ano: Minas Gerais, com 71,5 mil pacientes ben­e­fi­ci­a­dos; Bahia, com 58,1 mil; São Paulo, com 33,9 mil; Per­nam­bu­co, com 31,2 mil; e Paraí­ba, com 18,1 mil).

Perfil

A maio­r­ia dos pacientes sub­meti­dos a trata­men­tos medica­men­tosos, de acor­do com os dados lev­an­ta­dos pelo con­sel­ho, está na faixa etárias aci­ma dos 40 anos, que acu­mu­la mais de 96% dos casos. Out­ro pon­to que chama atenção é que o aces­so a medica­men­tos para glau­co­ma ben­e­fi­cia mais a pop­u­lação fem­i­ni­na: do total de entre­gas, quase 70% são para mul­heres.

Entenda

O glau­co­ma surge em con­se­quên­cia do aumen­to da pressão intraoc­u­lar e gera per­da da visão pela destru­ição grada­ti­va do ner­vo ópti­co, estru­tu­ra que con­duz as ima­gens da reti­na ao cére­bro. Depen­den­do do quadro do paciente, inter­venções clíni­cas ou cirúr­gi­cas podem sus­pender a pro­gressão da doença, mas, segun­do o CBO, não são capazes de recu­per­ar a parcela da visão já com­pro­meti­da.

Serviço

Para con­sci­en­ti­zar a pop­u­lação, o Con­sel­ho Brasileiro de Oftal­molo­gia e a Sociedade Brasileira de Glau­co­ma pro­movem, neste sába­do (25), a par­tir das 9h, o even­to 24 Horas pelo Glau­co­ma. Em for­ma­to online, por meio das redes soci­ais do CBO, o pro­je­to con­ta com a par­tic­i­pação de oftal­mol­o­gis­tas, rep­re­sen­tantes de órgãos com­pe­tentes, cele­bri­dades e pacientes que con­vivem com a doença.

Edição: Valéria Aguiar

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