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Governo quer apoio de times de futebol contra feminicídio

Repro­dução: © Min­istério das Mulheres/Divulgação

Campanha será lançada neste mês


Publicado em 02/08/2024 — 22:21 Por Daniella Almeida — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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A min­is­tra das Mul­heres, Cida Gonçalves, anun­ciou, nes­ta sex­ta-feira (2), que o gov­er­no fed­er­al lançará, neste mês, a Artic­u­lação Nacional pelo Fem­i­nicí­dio Zero. O Agos­to Lilás é mar­ca­do por ativi­dades de con­sci­en­ti­za­ção pelo fim da vio­lên­cia con­tra as mul­heres.

A ini­cia­ti­va pre­tende mobi­lizar diver­sos setores da sociedade para pôr fim à vio­lên­cia con­tra as mul­heres a par­tir de várias frentes de atu­ação, como a assi­natu­ra de um man­i­festo, real­iza­ção de even­tos e palestras sobre o tema, divul­gação de mate­ri­ais grá­fi­cos e audio­vi­suais da cam­pan­ha, a ser lança­da na próx­i­ma quar­ta-feira (7).

“Se a gente con­seguir chegar em 31 de dezem­bro de 2026 com a maio­r­ia da sociedade dizen­do que a vio­lên­cia con­tra as mul­heres é crime, com as pes­soas voltan­do a se indig­nar com isso, eu acho que a gente cumpriu um papel estratégi­co e fun­da­men­tal [no Min­istério das Mul­heres]”, disse a min­is­tra, durante café da man­hã com jor­nal­is­tas mul­heres.

De acor­do com o 18º Anuário Brasileiro de Segu­rança Públi­ca do Fórum Brasileiro de Segu­rança Públi­ca (FBSP), o Brasil é o quin­to país que mais mata mul­heres no mun­do. O doc­u­men­to apon­ta que a cada seis horas, uma mul­her é víti­ma de fem­i­nicí­dio no país; três a cada dez brasileiras já foram víti­mas de vio­lên­cia domés­ti­ca; a cada seis min­u­tos, uma meni­na ou mul­her sofre vio­lên­cia sex­u­al no Brasil e a cada 24 horas, 75 casos de impor­tu­nação sex­u­al são denun­ci­a­dos.

A Artic­u­lação Nacional pelo Fem­i­nicí­dio Zero reforçará os canais gra­tu­itos de atendi­men­to tele­fôni­co volta­dos a aju­dar a mul­her, como o Ligue 180, a Cen­tral de Atendi­men­to à Mul­her; o Disque Dire­itos Humanos (Disque 100) ou em cen­trais de emergên­cia, como o 190, da Polí­cia Mil­i­tar, a ser aciona­do em casos de socor­ro rápi­do.

O movi­men­to plane­ja o enga­ja­men­to de enti­dades empre­sari­ais, como o Sebrae, a Fed­er­ação das Indús­trias do Esta­do de São Paulo (Fiesp), a Fed­er­ação das Indús­trias do Esta­do do Rio de Janeiro (Fir­jan), a Con­fed­er­ação Nacional da Indús­tria (CNI); de empre­sas públi­cas, além de fig­uras públi­cas, movi­men­tos soci­ais, insti­tu­ições esporti­vas, cul­tur­ais e reli­giosas.

Lideranças evangélicas

A min­is­tra Cida Gonçalves infor­mou que foi ini­ci­a­da uma aprox­i­mação com pas­toras evangéli­cas no com­bate ao fem­i­nicí­dio. As dire­trizes serão traçadas em setem­bro jun­to com as líderes evangéli­cas.

“A ideia não é polarizar o fem­i­nicí­dio zero como uma questão par­tidária ou gov­er­na­men­tal. Essa é a per­spec­ti­va que a gente quer con­stru­ir, que a gente vai chegan­do aos poucos. Até o fim do ano, eu quero vis­i­tar as igre­jas, os pas­tores, os bis­pos e faz­er esse movi­men­to de traz­er essas pes­soas para esse debate. Nós pre­cisamos con­stru­ir mate­r­i­al que fale a lin­guagem dessas pes­soas”, expli­cou a min­is­tra. “Vamos con­stru­ir uma estraté­gia tam­bém para tra­bal­har com as mul­heres evangéli­cas o tema e traz­er as igre­jas evangéli­cas, a aderir ao fem­i­nicí­dio zero”, acres­cen­tou.

Clubes de futebol

A min­is­tra adiantou que out­ra ação é envolver os clubes brasileiros de fute­bol. Pesquisa fei­ta pelo Fórum de Segu­rança Públi­ca em parce­ria com o Insti­tu­to Avon, em 2022, rev­ela que em dia de jogos de fute­bol, a lesão cor­po­ral dolosa con­tra mul­heres é 23,7% maior do que em dias em que não há par­tidas. E quan­do o jogo do time ocorre na própria cidade-sede, o aumen­to de casos de lesão cor­po­ral esti­ma­do é de 25,9%.

Até o momen­to, diri­gentes dos clubes Corinthi­ans, Fla­men­go, Vas­co e Bahia já aderi­ram à mobi­liza­ção. “A questão que nós vamos faz­er não é tem­porária, é per­ma­nente. Tem ações que vão ocor­rer quan­do tem jogo, que são as ações mais midiáti­cas. Ago­ra, as out­ras coisas vão acon­te­cer den­tro do time, como as ofic­i­nas. […] A par­tir de setem­bro, a equipe des­ig­na­da pelo time deve mon­tar o plano estratégi­co de atu­ação”, afir­mou Cida Gonçalves.

Ques­tion­a­da sobre declar­ação do pres­i­dente pres­i­dente Luiz Iná­cio Lula da Sil­va a respeito da pesquisa em que con­de­nou o aumen­to da vio­lên­cia con­tra mul­heres após par­tidas de fute­bol, mas disse que se o “caro é cor­in­tiano, tudo bem”, a min­is­tra respon­deu: “Piad­in­ha nem do pres­i­dente da Repúbli­ca. Não dá para aceitar piad­in­ha de nada, nem de ninguém […] Enquan­to mul­heres, temos que começar de novo a não aceitar a brin­cadeir­in­ha, nem de negro, nem de gor­do, nem de imi­grante, nem de mul­her, nem pia­da homofóbi­ca. Não podemos. Não dá. A ideia de con­stru­ir uma mobi­liza­ção pelo fem­i­nicí­dio zero tem que começar, inclu­sive, por aí. A pre­venção pas­sa por aí”, afir­mou.

Orçamento

Sobre o con­ge­la­men­to no orça­men­to da pas­ta de R$ 179,7 mil­hões, feito pelo gov­er­no fed­er­al na terça-feira (30) para cumprir a meta fis­cal de déficit zero, a min­is­tra Cida Gonçalves defend­eu mais recur­sos próprios para realizar políti­cas públi­cas, além dos exis­tentes com out­ros min­istérios, como o da Saúde e da Justiça e Segu­rança Públi­ca.

Pro­por­cional­mente, a pas­ta teve a maior sus­pen­são de val­ores da Esplana­da, rep­re­sen­tan­do 17% do orça­men­to.

De acor­do com a min­is­tra, o corte será feito na área admin­is­tra­ti­va, como redução de via­gens, para que sejam preser­va­dos os recur­sos des­ti­na­dos às ações para as mul­heres. “Eu não enten­do isso muito como desprestí­gio [con­tin­gen­ci­a­men­to]. Esse é um desafio que a gente tem que enfrentar”, expli­cou.

No bal­anço das ativi­dades do min­istério, Cida Gonçalves desta­cou a ampli­ação da capi­lar­i­dade das políti­cas nos municí­pios, esta­dos e no Dis­tri­to Fed­er­al por meio da cri­ação, estru­tu­ração e for­t­alec­i­men­to de sec­re­tarias voltadas às mul­heres.

Cida Gonçalves esti­ma que o número de sec­re­tarias especí­fi­cas para mul­heres não chegue a 700 em todo o país. A meta do gov­er­no fed­er­al é ter, pelo menos, 2 mil sec­re­tarias munic­i­pais e estad­u­ais.

“Temos menos de 700 sec­re­tarias e algu­mas são super­in­tendên­cias, são dire­to­rias, asses­so­rias, não são sec­re­tarias de mul­heres. Isso dá um out­ro peso. Eu pre­ciso de capi­lar­i­dade. Podem botar bil­hões [de reais] no Min­istério das Mul­heres, mas nós não temos como exe­cu­tar, se não tem sec­re­taria das Mul­heres no municí­pio. Para quem eu vou repas­sar a ver­ba? Quem que vai coor­denar? Quem vai dar a lin­ha políti­ca?”, cobrou a min­is­tra.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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