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Grupo de 1% mais rico emite igual quantidade de CO2 de 66% dos pobres

Repro­dução: © arquivo/Agênca Brasil

Quantidade de emissões dos ricos responde por 16% do total global


Pub­li­ca­do em 19/11/2023 — 21:01 Por Cami­la Boehm – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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As emis­sões de dióx­i­do de car­bono (CO2), um dos prin­ci­pais gas­es de efeito est­u­fa, da parcela 1% mais rica da pop­u­lação mundi­al (77 mil­hões de pes­soas) rep­re­sen­tou 16% do total de emis­sões do plan­e­ta em 2019. Isso equiv­ale à mes­ma quan­ti­dade emi­ti­da por 66% da pop­u­lação pobre glob­al, que somam cer­ca de 5 bil­hões de pes­soas.

Os dados são do relatório Igual­dade Climáti­ca: Um Plan­e­ta para os 99%, que será lança­do nes­ta segun­da-feira (20) pela orga­ni­za­ção não gov­er­na­men­tal Oxfam, que atua con­tra pobreza, desigual­dades e injustiça. A enti­dade inter­na­cional apon­ta que os mais ricos são os prin­ci­pais investi­dores em indús­trias polu­entes e esti­los de vida que resul­tam em grandes emis­sões de CO2, impul­sio­n­an­do o aque­c­i­men­to glob­al.

Esti­ma-se que somente as emis­sões dessa parcela, em 2019, serão sufi­cientes para causar mortes de 1,3 mil­hão pes­soas rela­cionadas ao calor de 2020 a 2100.

“É ina­ceitáv­el que o 1% mais rico con­tin­ue lid­eran­do o mun­do ladeira abaixo para um colap­so plan­etário. E quem vem sofren­do o impacto dos danos dessa viagem é a maio­r­ia da pop­u­lação. São bil­hões de pes­soas impactadas por enchentes, secas, per­das de ter­ritório, aque­c­i­men­to e baixa de tem­per­atu­ra despro­por­cional, prob­le­mas de saúde e pobreza”, diz Katia Maia, dire­to­ra-exec­u­ti­va da Oxfam Brasil, em nota da orga­ni­za­ção.

Para a enti­dade, a luta para acabar com a era dos com­bustíveis fós­seis se tor­na inviáv­el enquan­to hou­ver riqueza extrema no mun­do e os gov­er­nos não cumprirem os com­pro­mis­sos por uma sociedade sus­ten­táv­el.

O relatório foi elab­o­ra­do com dados do Stock­holm Envi­ron­ment Insti­tute (Insti­tu­to Ambi­en­tal de Esto­col­mo) e avalia as estatís­ti­cas nacionais de emis­sões de con­sumo de 196 país­es, entre 1990 e 2019, do Glob­al Car­bon Atlas (Atlas Glob­al de Car­bono), que cobre quase 99% das emis­sões globais. Os dados de ren­da nacional e os números pop­u­la­cionais foram obti­dos do Penn World Table (PWT) e do Ban­co Mundi­al.

Impacto desigual

O impacto da crise climáti­ca é desigual entre a pop­u­lação, atingin­do mais quem vive na pobreza, mul­heres e meni­nas, pes­soas negras, comu­nidades indí­ge­nas, comu­nidade quilom­bo­las e tradi­cionais nos país­es do Sul do globo. Por sua vez, ess­es efeitos aumen­tam as desigual­dades entre os país­es e den­tro deles.

As soluções, con­forme a Oxfam, pas­sam por medi­das como a trib­u­tação dos super-ricos, inves­ti­men­to em serviços públi­cos e cumpri­men­to das metas climáti­cas. Segun­do cál­cu­lo da Oxfam, um impos­to de 60% sobre a ren­da do 1% mais rico do mun­do arrecadaria US$ 6,4 tril­hões, que pode­ri­am ser uti­liza­dos para o enfrenta­men­to da crise climáti­ca, por exem­p­lo, finan­cian­do a tran­sição energéti­ca e a preparação para país­es e regiões que têm grande parte de sua pop­u­lação afe­ta­da.

Out­ra pro­jeção apon­ta que um impos­to de 2% sobre a riqueza dos mil­ionários, de 3% sobre aque­les com riqueza supe­ri­or a US$ 50 mil­hões de 5% sobre os bil­ionários do mun­do resul­taria em um mon­tante de US$ 1,726 tril­hão em recur­sos para os gov­er­nos.

“É pre­ciso faz­er a conexão entre o exces­so de riqueza e o colap­so climáti­co. Está pas­san­do da hora dos super-ricos serem tax­a­dos mundial­mente. Essa é uma for­ma de lev­an­tar recur­sos para enfrentar de maneira mais efi­caz as mudanças climáti­cas e as desigual­dades. E a sociedade deve se mobi­lizar e pres­sion­ar os gov­er­nos para que essa tax­ação ocor­ra”, acres­cen­ta Maia.

Recomendações

As recomen­dações da Oxfam para com­bat­er os danos decor­rentes da mudança climáti­ca incluem o aumen­to rad­i­cal da igual­dade, por meio de políti­cas gov­er­na­men­tais.

Os país­es com altos índices de desigual­dade sofrem sete vezes mais mortes por inun­dações do que país­es mais igual­itários.

“Sociedades eco­nomi­ca­mente mais igual­itárias são vitais para enfrentar desigual­dades como gênero, raça, religião e cas­ta. Sociedades mais igual­itárias são capazes de gerir os enormes riscos e impactos das condições mete­o­rológ­i­cas extremas de for­ma mais efi­caz e jus­ta”, divul­gou a enti­dade.

Uma tran­sição ráp­i­da e jus­ta para longe dos com­bustíveis fós­seis é out­ro mecan­is­mo. De acor­do com a orga­ni­za­ção, nações ric­as e polu­entes devem elim­i­nar “rápi­do e grad­ual­mente o uso dos com­bustíveis fós­seis e ces­sar ime­di­ata­mente a emis­são de quais­quer novas licenças ou a per­mis­são da expan­são da explo­ração, extração ou proces­sa­men­to de carvão, petróleo e gás”, trib­u­tan­do quem gan­ha com essas ativi­dades.

A enti­dade defende ain­da uma nova dinâmi­ca para o sis­tema econômi­co atu­al, desvin­cu­la­da do cresci­men­to econômi­co, extração e con­sumo exces­sivos a qual­quer cus­to.

O lança­men­to do relatório ocorre às vésperas da Con­fer­ên­cia das Nações Unidas sobre Mudanças Climáti­cas de 2023, a COP28, em Dubai, pro­gra­ma­da para o perío­do de 30 de novem­bro a 12 de dezem­bro.

Edição: Car­oli­na Pimentel

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