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Grupo Mulheres do Brasil propõe ações contra desigualdade de gênero

Repro­dução: © Juliana Kaiser/Arquivo Pes­soal

Professora aponta dificuldade de negras para entrar no mercado formal


Pub­li­ca­do em 07/07/2023 — 16:46 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Saúde, bem-estar, car­reira e empreende­doris­mo con­stituem temas que serão debati­dos neste sába­do (8), a par­tir das 9h30, durante o Café das Pre­tas, den­tro das ações do Jul­ho das Pre­tas do Grupo Mul­heres do Brasil – Comitê de Igual­dade Racial, núcleo Rio de Janeiro. O even­to ocor­rerá na Fac­ul­dade Senac, local­iza­da na Rua San­ta Luzia, 735, cen­tro da cap­i­tal do esta­do. Os ingres­sos têm preço pop­u­lar de R$ 15 e podem ser adquiri­dos no site. O Grupo Mul­heres do Brasil é lid­er­a­do pela empresária Luiza Hele­na Tra­jano. Cri­a­do em 2013, tem mais de 115 mil par­tic­i­pantes no Brasil e no exte­ri­or e atua em parce­ria com difer­entes esferas de poder para fomen­tar a adoção de políti­cas afir­ma­ti­vas e elim­i­nar as desigual­dades de gênero, raça e condição social.

O Café das Pre­tas será aber­to com debate sobre Saúde e Bem-Estar. As con­vi­dadas são Juliana Peres, médi­ca e empresária, sócia fun­dado­ra da Ayo Saúde, clin­i­ca médi­co-odon­tológ­i­ca for­ma­da inteira­mente por profis­sion­ais pre­tos. “Na Ayo, acred­i­ta­mos muito numa med­i­c­i­na e odon­tolo­gia human­izadas, no tem­po de escu­ta, enten­den­do que cada paciente car­rega con­si­go uma história”, salien­tou Juliana Peres. Par­tic­i­parão tam­bém Mar­celle Sam­paio e Miche­line Tor­res, cri­ado­ras do Méto­do Autolid­er­ança Ple­na. Através do canal Quero Vida Ple­na, Mar­celle e Miche­line propõem um amp­lo olhar sobre o auto­con­hec­i­men­to e afir­mam que é pos­sív­el viv­er a vida de for­ma ple­na, inte­gran­do mente, emoção, vibração e espir­i­tu­al­i­dade livre.

Empreender

A espe­cial­ista em ESG (gov­er­nança ambi­en­tal, social e cor­po­ra­ti­va) Juliana Kaiser (foto), pro­fes­so­ra da Uni­ver­si­dade Fed­er­al do Rio de Janeiro (UFRJ) e do cur­so sobre Diver­si­dade da Esco­la de Negó­cios da Pon­tif­í­cia Uni­ver­si­dade Católi­ca do Rio de Janeiro (IAG PUC-Rio), será a palestrante do painel Car­reira e Empreende­doris­mo. Ela afir­ma que mul­heres negras no Brasil bus­cam o empreende­doris­mo por fal­ta de emprego for­mal. Juliana falará sobre o tema jun­to com Tais Batista, fun­dado­ra da mar­ca Pre­ta Porter Cos­méti­cos, e Shai­enne Aguiar, con­sul­to­ra em Nar­ra­ti­va de Mar­ca e Cul­tura e fun­dado­ra.

Em entre­vista à Agên­cia Brasil, Juliana expli­cou que, em ger­al, mul­heres negras, mes­mo letradas, ou seja, com cur­so supe­ri­or, ten­tam entrar no mer­ca­do de tra­bal­ho e, muitas vezes, não são aprovadas no proces­so sele­ti­vo. Segun­do o RH (área de recur­sos humanos) das empre­sas, fal­tam a essas mul­heres algu­mas com­petên­cias. O que ocorre é que, em ger­al, o RH não expli­ca que com­petên­cias são essas.

“Como elas não con­seguem entrar no mer­ca­do de tra­bal­ho ou, quan­do entram, esta­cionam em posições de anal­ista e não con­seguem subir a coor­de­nado­ras, ger­entes e dire­toras, elas acabam por empreen­der. Estou falan­do de mul­heres que fiz­er­am uni­ver­si­dade”, desta­cou Juliana. Expli­cou que as mul­heres negras que não fiz­er­am cur­so supe­ri­or e são mais empo­bre­ci­das acabam fazen­do o que, no Rio de Janeiro, é chama­do de corre. Ou seja, fazem empreende­doris­mo sem plano de negó­cios, sem con­hecer de finanças. “Muitas das vezes, são empreende­do­ras infor­mais ou microem­preende­do­ras indi­vid­u­ais (MEIs). Mas não fazem isso por dese­jo. Não son­haram ser empreende­do­ras”.

A pro­fes­so­ra da UFRJ e da PUC Rio expli­cou que essas mul­heres não vão ter um investi­dor anjo para aplicar recur­sos nos seus negó­cios, nem vão con­seguir emprés­ti­mos em ban­cos. Segun­do Juliana, um dos grandes prob­le­mas do empreende­doris­mo negro no Brasil é que os ban­cos vetam, na grande maio­r­ia das vezes, aces­so a crédi­to. Por isso, sinal­i­zou que as mul­heres negras no Brasil empreen­dem por uma força das cir­cun­stân­cias que se denom­i­na racis­mo estru­tur­al.

Dicas

Para as mul­heres letradas que estão no mer­ca­do de tra­bal­ho, não con­seguem ascen­der e acabam optan­do por empreen­der, Juliana disse que a maior dica é que façam cur­so de capac­i­tação em insti­tu­ições que apoiam empreende­dores, para que desen­volvam um plane­ja­men­to estratégi­co, um plano de negó­cios, a fim de terem aces­so a con­hec­i­men­to rela­ciona­do a finanças, por exem­p­lo, porque ess­es são os maiores entrav­es. “Para mul­heres letradas, esse é o mel­hor cam­in­ho para que con­sigam ter negó­cios que são perenes, sus­ten­táveis, já que são mul­heres que acabam empreen­den­do com recur­sos próprios. Elas depen­dem que esse negó­cio gire rápi­do, porque não há um cap­i­tal de giro”.

De out­ro lado, para mul­heres não letradas, que neces­si­tam empreen­der, que coz­in­ham, cos­tu­ram ou têm pequenos negó­cios, Juliana lem­brou que exis­tem várias orga­ni­za­ções do Ter­ceiro Setor que apoiam,“mesmo que elas não ten­ham con­hec­i­men­to téc­ni­co, e ten­ham mais difi­cul­dade com a lín­gua por­tugue­sa, para que con­sigam min­i­ma­mente se orga­ni­zar, faz­er estoque, pre­ci­ficar pro­du­tos, entre out­ras coisas.

Estu­do feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque­nas Empre­sas (Sebrae) com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Con­tínua do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (IBGE), ref­er­ente ao segun­do trimestre de 2022, mul­heres negras empreende­do­ras são donas de negó­cios de menor porte e atu­am, em sua maio­r­ia, sem apoio de fun­cionários. Ape­nas 8% dessas empresárias con­tratam empre­ga­dos mas, quan­do se tra­ta de empreende­dores negros, o índice sobe para 11%. Já entre mul­heres bran­cas donas de negó­cio, 17% fazem con­tratações de fun­cionários e, entre empresários bran­cos, o per­centu­al é de 20%.

Fundo Agbara

Juliana Kaiz­er abor­dará tam­bém o mer­ca­do de tra­bal­ho, no dia 12 deste mês, às 18h45, durante even­to online pelo Jul­ho das Pre­tas, orga­ni­za­do pelo Fun­do Agbara, cujo tema é Mul­heres Negras em Mar­cha por Reparação e Bem Viv­er. Jun­to com a psicólo­ga e pesquisado­ra Win­nie San­tos, do Cen­tro de Estu­dos das Relações de Tra­bal­ho e Desigual­dades (Ceert), Juliana indi­cará como ampli­ar cam­in­hos, soluções e vis­i­bi­lizar mul­heres negras. No debate, os atu­ais desafios, bar­reiras e pos­síveis cam­in­hos de solução e con­strução de opor­tu­nidades para as mul­heres negras.

Edição: Valéria Aguiar

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