...
sábado ,15 março 2025
Home / Direitos Humanos / Grupo yanomami vive às margens da BR-174 em Boa Vista

Grupo yanomami vive às margens da BR-174 em Boa Vista

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Sem redes suficientes, parte da família dorme sobre papelão


Pub­li­ca­do em 13/02/2023 — 17:17 Por Vitor Abdala — Envi­a­do espe­cial — Boa Vista

ouvir:

Um grupo com cer­ca de 20 yanoma­mi, a maio­r­ia cri­anças, tem vivi­do às mar­gens de um aces­so à BR-174, em Boa Vista, cap­i­tal de Roraima. A situ­ação de viv­er como um sem-teto em uma cidade é mais um reflexo da tragé­dia human­itária que o povo indí­ge­na tem enfrenta­do nos últi­mos anos.

Hugo Yanoma­mi não sabe diz­er sua idade, mas aparenta ser idoso. Fala pouco o por­tuguês, o que difi­cul­ta a comu­ni­cação com a reportagem, mas sua prin­ci­pal recla­mação é que não há redes para que todos pos­sam dormir. Alguns pre­cisam dormir no chão, entre a calça­da e um ter­reno bal­dio, sobre caixas de papelão dobradas. “Pre­cisa de rede. Tô dor­min­do no chão e dói as costas”, recla­ma.

Ele con­ta que fugi­ram da ter­ra indí­ge­na porque não tin­ham o que com­er e porque foram ata­ca­dos por home­ns de out­ra comu­nidade. A cidade pare­ceu uma opção para eles con­seguirem se esta­b­ele­cer e ten­tar con­seguir comi­da.

Boa Vista (RR), 13-02-2023, Mulher yanomami alimenta o filho em rede no acampamento montado às margens da BR-174 onde vive a família. Eles contam que andaram mais de 10 dias para chegar em Boa Vista.

Repro­dução: Mul­her yanoma­mi ali­men­ta fil­ho em rede no acam­pa­men­to mon­ta­do às mar­gens da BR-174 — Rove­na Rosa/Agência Brasil

Na bus­ca por ali­men­tos, cri­anças e mul­heres do grupo se deslo­cam até uma rua próx­i­ma, Estrela D’Alva, e se sen­tam em frente a uma padaria. Cláu­dia Yanoma­mi segu­ra no colo um bebê, seu neto, que aparenta ter ape­nas alguns dias de vida.

Ela espera que as pes­soas os aju­dem com doações em ali­men­to e din­heiro. Enquan­to ten­ta con­for­t­ar o bebê fam­into, Cláu­dia pede arroz, far­in­ha, açú­car e sal. Tam­bém querem peixe. Alguém se propõe a aju­dar e, no mer­ca­do, as opções de pesca­do são matrinxã e tam­baqui.

Naua Yanoma­mi, out­ra mul­her do grupo, escol­he um tam­baqui. O peixe é grande, mas taman­ho é rel­a­ti­vo, quan­do se tem um grupo fam­into de cer­ca de 20 pes­soas. Cláu­dia pede taba­co. Se não tem no mer­ca­do, acei­ta din­heiro para com­prar em out­ro lugar. Mas­car taba­co é parte da cul­tura yanoma­mi.

Boa Vista (RR), 13-02-2023, Cláudia Yanomami alimenta o neto recém nascido na calçada da rua Estrela D'Alva. Ela faz parte de um grupo de cerca de 20 yanomami sem teto que estão acampados às margens da BR-174.
Repro­dução: Cláu­dia Yanoma­mi ali­men­ta neto recém-nasci­do na calça­da da Rua Estrela D’Al­va, em Boa Vista — Rove­na Rosa/Agência Brasil

Hugo tam­bém quer taba­co. Con­ver­san­do com a reportagem, ele apon­ta para a boca e sim­u­la uma masti­gação. “Taba­co é bom”.

Eles não sabem o que vão faz­er no futuro, mas não pre­ten­dem ir para a Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai). Por enquan­to, vivem como sem-teto na cidade de Boa Vista, dor­min­do sobre papelão e con­tan­do com a sol­i­dariedade de out­ras pes­soas para sobre­viv­er.

Edição: Nádia Fran­co

LOGO AG BRASIL

Você pode Gostar de:

Inscrições para a Olimpíada de Matemática vão até segunda-feira

Alunos de escolas públicas e privadas podem participar da competição Mar­i­ana Tokar­nia — Repórter da …