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Homens x mulheres: demanda por atendimento no SUS segue desequilibrada

Repro­dução: © Marce­lo Camargo/Agência Brasil

Pesquisa mostra que, culturalmente, homem vai menos ao médico


Pub­li­ca­do em 15/07/2022 — 07:44 Por Cristi­na Índio do Brasil — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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A deman­da entre home­ns e mul­heres por atendi­men­to médi­co no Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS) per­manece dese­qui­li­bra­da, emb­o­ra a dis­tân­cia entre os gêneros ven­ha se reduzin­do ao lon­go dos anos.

Lev­an­ta­men­to inédi­to da Sociedade Brasileira de Urolo­gia (SBU), com dados do Sis­tema de Infor­mação Ambu­la­to­r­i­al do Min­istério da Saúde, indi­ca que, enquan­to mais de 312 mil­hões de home­ns já foram aten­di­dos em 2022, as mul­heres ultra­pas­sam 370 mil­hões. No ano pas­sa­do, foram mais de 725 mil­hões de home­ns con­tra mais de 860 mil­hões de mul­heres.

Para o coor­de­nador do Depar­ta­men­to de Androlo­gia, Repro­dução e Sex­u­al­i­dade da SBU, Eduar­do Miran­da, por uma questão cul­tur­al, o homem vai menos ao médi­co que as mul­heres.

“Ain­da há um cer­to tabu, muitas vezes, [eles] não têm a cul­tura do autocuida­do e ir ao médi­co é vis­to como sinal de fraque­za. Há tam­bém a questão cul­tur­al. A meni­na é lev­a­da pela mãe ao gine­col­o­gista des­de a primeira men­stru­ação, enquan­to o homem não vai ao médi­co depois que ele não pre­cisa mais de acom­pan­hamen­to reg­u­lar com pedi­atra. Esse é um proces­so que pre­cisamos tra­bal­har ao lon­go de ger­ações e espero que pos­samos ver um aumen­to da ida dos home­ns [aos con­sultórios] para faz­er acom­pan­hamen­to de roti­na com o urol­o­gista”, afir­mou.

A difer­ença na deman­da entre home­ns e mul­heres fica bem evi­dente nos atendi­men­tos especí­fi­cos. Neste ano, hou­ve mais de 1,2 mil­hão de atendi­men­tos fem­i­ni­nos por gine­col­o­gis­tas, mas a procu­ra dos home­ns por urol­o­gis­tas ficou em 200 mil atendi­men­tos.

“As mul­heres estão mais habit­u­adas a realizar exam­es pre­ven­tivos anu­ais e se pre­ocu­pam mais com a saúde. Elas geral­mente mar­cam as con­sul­tas para seus mari­dos. Mas os home­ns têm procu­ra­do mais o urol­o­gista por uma maior con­sci­en­ti­za­ção por meio de cam­pan­has, por exem­p­lo”, desta­cou o super­vi­sor da dis­ci­plina de câncer de bex­i­ga da SBU, Felipe Lott.

Para o pres­i­dente da SBU, Alfre­do Canali­ni, as prin­ci­pais causas que afas­tam o homem das con­sul­tas médi­cas são o medo e a desin­for­mação. “Mas as cam­pan­has que a SBU pro­move ano após ano indicam uma mudança de com­por­ta­men­to, e já sen­ti­mos uma difer­ença sig­ni­fica­ti­va com a procu­ra espon­tânea, prin­ci­pal­mente para a avali­ação da prós­ta­ta”, argu­men­tou.

A dire­to­ra de Comu­ni­cação da SBU, Karin Anzolch, pon­der­ou, no entan­to, que, ape­sar de os home­ns se mostrarem mais con­scientes com relação aos cuida­dos com a saúde, estu­dos desse tipo mostram que ain­da há um lon­go cam­in­ho a tril­har. A médi­ca acres­cen­tou que, por atu­ar em prob­le­mas extrema­mente impac­tantes na qual­i­dade de vida e sobre­v­i­da dos home­ns, a Urolo­gia apoia a causa.

Alerta

Com base nos dados e aprovei­tan­do o Dia do Homem, comem­o­ra­do hoje (15), a SBU aler­ta para a importân­cia do cuida­do com a saúde mas­culi­na, espe­cial­mente para a pre­venção do câncer de bex­i­ga, que, de acor­do com a enti­dade, é o segun­do tumor urológi­co mais inci­dente nes­sa pop­u­lação. Em primeiro lugar é o câncer de prós­ta­ta.

“Neste mês, a SBU tam­bém aler­ta sobre o câncer de bex­i­ga, que acomete três vezes mais os home­ns do que as mul­heres, e é o segun­do tumor mais fre­quente na urolo­gia, somente atrás do câncer de prós­ta­ta, saben­do que muitos ain­da descon­hecem os fatores de risco e os sinais de aler­ta para essa doença, que pode ser muito grave e dev­as­ta­do­ra”, rela­tou Karin.

A SBU infor­mou, tam­bém, que, esti­ma­ti­vas do Insti­tu­to Nacional de Câncer (Inca), apon­tam que, em 2022, serão iden­ti­fi­ca­dos 7.590 novos casos entre os home­ns e 3.050 entre as mul­heres. Os números do Inca indicam, ain­da, que, em 2020, hou­ve 4.595 óbitos cau­sa­dos por tumor na bex­i­ga. Entre eles, 3.097 em home­ns e 1.498 em mul­heres.

Segun­do o coor­de­nador do Depar­ta­men­to de Uro-Oncolo­gia da SBU, Ubi­ra­jara Fer­reira, em 80% dos casos o sin­toma ini­cial é sangue na uri­na, que, ao ser nota­do, deve ser real­iza­do na sequên­cia um exame de imagem, de prefer­ên­cia tomo­grafia de abdô­men. “O prognós­ti­co depende da exten­são de invasão da parede vesi­cal. Se acome­ter somente a super­fí­cie inter­na da bex­i­ga, chega a 90% de sobre­v­i­da em cin­co anos. Caso inva­da toda a parede, pode cair a 40% em cin­co anos”, expli­cou.

O prin­ci­pal fator de risco para a doença é o tabag­is­mo, rela­ciona­do a 50% a 70% dos casos. “Out­ros fatores tam­bém podem influ­en­ciar, como a exposição a com­pos­tos quími­cos como ami­nas aromáti­cas, áci­do aris­tolóquico (suple­men­tos dietéti­cos), piogli­ta­zona (medica­men­to para dia­betes), arsêni­co na água potáv­el, baixo con­sumo de líqui­dos, irri­tações crôni­cas, infecções, fatores genéti­cos, quimioterápi­cos, radioter­apia”, afir­mou Felipe Lott.

Com o avanço da idade, as doenças da prós­ta­ta e as dis­funções sex­u­ais estão entre as prin­ci­pais enfer­mi­dades que acome­tem o homem. Na ado­lescên­cia e na fase adul­ta são as infecções sex­ual­mente trans­mis­síveis. Segun­do Eduar­do Miran­da, há out­ras doenças que são mais preva­lentes, como hiperten­são, doença cardía­ca, dia­betes e obesi­dade. O moti­vo que leva o homem ao médi­co depende da faixa etária.

“Na infân­cia, geral­mente são alter­ações do tra­to gen­i­tur­inário, fimose, hér­nia. Na ado­lescên­cia, a maio­r­ia não fre­quen­ta o ambu­latório, e isso é uma coisa que a SBU vem ten­tan­do mudar. Nos adul­tos jovens, geral­mente é difi­cul­dade de fer­til­i­dade, cál­cu­los renais. A par­tir dos 40 anos, temos a ida rotineira para pre­venção do câncer de prós­ta­ta e já começam a apare­cer o cresci­men­to benig­no da prós­ta­ta e sin­tomas urinários. A par­tir dos 50 anos, são comuns queixas de dis­função erétil e os sin­tomas urinários vão aumen­tan­do pro­gres­si­va­mente”, obser­vou Eduar­do Miran­da.

Outras doenças

Nas out­ras enfer­mi­dades que atingem os home­ns, 5% do total de casos de câncer cor­re­spon­dem ao de testícu­lo. Para o câncer de prós­ta­ta a esti­ma­ti­va é de mais de 65 mil novos casos. Em 2021, hou­ve 1.791 casos de câncer de pênis.

Já a hiper­pla­sia prostáti­ca benigna atinge cer­ca de 50% dos indi­ví­du­os aci­ma de 50 anos e, após os 40 anos, a dis­função erétil é a prevalên­cia no Brasil em cer­ca de 50%, algo em torno de 16 mil­hões de home­ns.

Campanhas

Além da cam­pan­ha do Dia do Homem, a SBU desen­volve a Novem­bro Azul e, tam­bém, a #Vem­ProUro, que, em setem­bro, já estará em sua quin­ta edição. “[Elas] pre­ten­dem estim­u­lar que os home­ns con­heçam mais sobre a saúde e man­ten­ham uma roti­na reg­u­lar de cuida­dos, enten­den­do que hábitos se cri­am des­de cedo, e o acom­pan­hamen­to pre­ven­ti­vo aux­il­ia a intro­je­tar ess­es val­ores, pro­por­cionar apren­diza­dos e a guiar para ati­tudes que farão a difer­ença mais adi­ante. Assim sendo, a urolo­gia é par­ceira da saúde mas­culi­na em todo o seu ciclo de vida”, final­i­zou Karin Anzolch.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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