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Inatividade física causa gastos de R$ 300 milhões ao SUS

Repro­dução: © Fer­nan­do Frazão/Agência Brasil

Falta de exercícios atinge mais mulheres do que homens


Pub­li­ca­do em 10/10/2021 — 10:33 Por Alana Gan­dra — Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

Estu­do real­iza­do pela Uni­ver­si­dade Fed­er­al Flu­mi­nense (UFF) con­sta­tou que o impacto econômi­co da ina­tivi­dade físi­ca de brasileiros, em difer­entes regiões do país, rep­re­sen­ta gas­tos no Sis­tema Úni­co da Saúde (SUS) de cer­ca de R$ 300 mil­hões somente com inter­nações, em val­ores de 2019. 

“Esse cus­to seria evitáv­el na medi­da em que você ampliasse o aces­so da pop­u­lação a pro­gra­mas de pro­moção de ativi­dade físi­ca”, disse à Agên­cia Brasil Mar­co Anto­nio Var­gas, sub­chefe do Depar­ta­men­to de Econo­mia da UFF e coor­de­nador exec­u­ti­vo da pesquisa, denom­i­na­da “Impli­cações socioe­conômi­cas da ina­tivi­dade físi­ca: panora­ma nacional e impli­cações para políti­cas públi­cas”.

Ele afir­mou que ess­es pro­gra­mas devem ser dire­ciona­dos a vari­a­dos seg­men­tos de difer­entes faixas da pop­u­lação. “Você tem carên­cias muito claras em alguns setores, prin­ci­pal­mente em pop­u­lações mais vul­neráveis”, pon­der­ou. Aí entram ações pro­movi­das pelos municí­pios. O estu­do obje­ti­va con­tribuir para a for­mu­lação e imple­men­tação de políti­cas em saúde pre­ven­ti­va, assim como ao estí­mu­lo à práti­ca de ativi­dade físi­ca no país.

O foco do tra­bal­ho se situ­ou em pes­soas maiores de 40 anos de idade, em função do vol­ume de dados exis­tentes. Bus­cou-se cor­rela­cionar os dados com os cus­tos de trata­men­to no SUS, isto é, cus­tos de hos­pi­tal­iza­ção. O lev­an­ta­men­to envolveu uma equipe inter­dis­ci­pli­nar de pesquisadores, coor­de­na­da pelo Insti­tu­to Nacional de Ciên­cia e Tec­nolo­gia — (In) Ativi­dade Físi­ca e Exer­cí­cio da UFF — e foi feito em 2019, por­tan­to, antes da pan­demia do novo coro­n­avírus. No momen­to, está se bus­can­do a atu­al­iza­ção dos dados de 2020 para cá, por pesquisadores do Lab­o­ratório de Ciên­cias do Exer­cí­cio (Lace) e do Núcleo de Pesquisa em Indús­tria, Ener­gia, Ter­ritório e Ino­vação (Neiti) da UFF.

Doenças crônicas

Var­gas esclare­ceu que a ina­tivi­dade está asso­ci­a­da à incidên­cia de diver­sas doenças crôni­cas não trans­mis­síveis (DCNTs), entre as quais hiperten­são, dia­betes, neo­plasias de cólon e mama e doenças isquêmi­cas do coração, entre out­ras. A ina­tivi­dade físi­ca con­sti­tui um dos prin­ci­pais fatores de risco asso­ci­a­dos à mor­tal­i­dade DCNTs no mun­do e no Brasil.

“Em maior ou menor medi­da, essas enfer­mi­dades guardam cor­re­lação com a ina­tivi­dade físi­ca. Algu­mas em per­centu­al menor e out­ras, maior”, obser­vou Var­gas. Den­tro do con­jun­to de cus­tos no SUS asso­ci­a­do ao trata­men­to de doenças crôni­cas não trans­mis­síveis, a pesquisa bus­cou a parte que pode ser atribuí­da à ina­tivi­dade físi­ca.

O coor­de­nador infor­mou que o nív­el de esco­lar­i­dade e de ren­da está asso­ci­a­do à prevalên­cia maior de ina­tivi­dade físi­ca. A par­tir de dados da Vig­ilân­cia de Fatores de Risco e Pro­teção para Doenças Crôni­cas por Inquéri­to Tele­fôni­co (Vig­i­tel), do Min­istério de Saúde, de 2017, obser­vou-se, por exem­p­lo, que o seden­taris­mo é maior entre os indi­ví­du­os com sete anos ou menos de esco­lar­i­dade (57,92%) em com­para­ção com aque­les que pos­suem 12 anos ou mais de esco­lar­i­dade (41,18%).

O nív­el de ina­tivi­dade é maior entre mul­heres do que entre home­ns e quan­to menor for o nív­el de esco­lar­i­dade, maior o nív­el de ina­tivi­dade.

Var­gas defend­eu, ain­da, que a pro­moção da ativi­dade físi­ca deve ser encar­a­da como parte inte­grante de uma políti­ca de saúde. “Ela não está sep­a­ra­da e, por­tan­to, deve ter uma atenção bas­tante espe­cial do pon­to de vista de pro­gra­mas volta­dos à pre­venção”, salien­tou.

O estu­do cita dados da Base de Infor­mações Munic­i­pais do Insti­tu­to Brasileiro de Geografia e Estatís­ti­ca (BIM-IBGE). Eles mostram que  88% dos municí­pios brasileiros desen­volvem algum tipo de ação, pro­je­to ou pro­gra­ma per­ma­nente na área de esporte e laz­er.

Var­gas argu­men­tou, entre­tan­to, que o per­centu­al ain­da é muito baixo quan­do se tra­ta de pro­gra­mas na área de esporte volta­dos à inclusão social em comu­nidades car­entes (26,4%) ou para pes­soas com defi­ciên­cia (16,8%).

O mes­mo ocorre em relação a pro­gra­mas de inclusão social de idosos e de mul­heres, por exem­p­lo, que ape­nas 30% dos municí­pios apre­sen­tam. Ações para jovens e adul­tos já con­tam com um per­centu­al maior: 50% das cidades têm ini­cia­ti­vas de inclusão social para essas camadas da pop­u­lação voltadas à edu­cação físi­ca.

O coor­de­nador desta­cou que ess­es dados neces­si­tam de um olhar mais min­u­cioso para iden­ti­ficar o que está ocor­ren­do nas cidades e como estão acon­te­cen­do ess­es pro­gra­mas de esporte nas esco­las. Ao mes­mo tem­po, a pesquisa obser­vou que, ao lon­go dos últi­mos anos, hou­ve uma que­da sig­ni­fica­ti­va de gas­tos com desporto e laz­er na esfera fed­er­al, que rep­re­sen­tam, em média, ape­nas 0,024% do total de gas­tos fed­erais.

Cenário mundial

Dados recentes da Orga­ni­za­ção Mundi­al de Saúde (OMS) rev­e­lam que a ina­tivi­dade físi­ca é um fenô­meno que envolve mais de 20% da pop­u­lação mundi­al de adul­tos e mais de 80% da pop­u­lação mundi­al de ado­les­centes. Isso sig­nifi­ca que um em cada qua­tro adul­tos, e qua­tro em cada cin­co ado­les­centes, não fazem ativi­dades físi­cas reg­u­lares, sufi­cientes para aten­der às recomen­dações globais esta­b­ele­ci­das pela OMS.

Ain­da segun­do a OMS, 27,5% da pop­u­lação glob­al não atingem níveis mín­i­mos dese­jáveis de ativi­dade físi­ca durante a sem­ana. Na Améri­ca Lati­na e no Caribe, 39,1% da pop­u­lação são fisi­ca­mente ina­tivos. A maior prevalên­cia de ina­tivi­dade físi­ca na região é encon­tra­da no Brasil, onde 47% da pop­u­lação não atingem os níveis mín­i­mos recomen­da­dos.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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