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Indiciamento de Bolsonaro repercute entre políticos e autoridades

PF indiciou ex-presidente e mais 36 por tentativa de golpe de Estado

Pedro Rafael Vilela — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 21/11/2024 — 18:15
Brasília
Ex. presidente Jair Bolsonaro. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo
Repro­dução: © Val­ter Campanato/Agência Brasil/Arquivo

O indi­ci­a­men­to do ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro e out­ras 36 pes­soas, acu­sadas pela Polí­cia Fed­er­al (PF) de terem plane­ja­do e exe­cu­ta­do ações para um golpe de Esta­do, está reper­cutin­do entre políti­cos e autori­dades, na tarde des­ta quin­ta-feira (21). Um dos primeiros a se man­i­fes­tar foi o advo­ga­do-ger­al da União, Jorge Mes­sias, que exal­tou o com­bate a ten­ta­ti­vas de vio­lar o regime democráti­co.

“A notí­cia de indi­ci­a­men­tos pela PF do ex-man­datário e de inte­grantes do núcleo de seu gov­er­no pela práti­ca dos crimes de abolição vio­len­ta do Esta­do democráti­co de Dire­ito, golpe de Esta­do e orga­ni­za­ção crim­i­nosa ofer­ece ao país a pos­si­bil­i­dade de con­cretizar uma reação efi­caz aos ataques à nos­sa democ­ra­cia, con­quista valiosa e indelév­el do povo brasileiro”, disse Mes­sias.

No iní­cio da tarde des­ta quin­ta, a PF con­fir­mou o envio ao Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al (STF) do relatório final da inves­ti­gação. Além de Bol­sonaro, entre os indi­ci­a­dos pelos crimes de abolição vio­len­ta do Esta­do Democráti­co de Dire­ito, golpe de Esta­do e orga­ni­za­ção crim­i­nosa estão o ex-coman­dante da Mar­in­ha Almir Gar­nier San­tos; o dep­uta­do fed­er­al Alexan­dre Ram­agem (PL-RJ), ex-dire­tor da Agên­cia Brasileira de Infor­mações (Abin); o ex-min­istro da Justiça Ander­son Tor­res; o ex-min­istro do Gabi­nete de Segu­rança Insti­tu­cional (GSI) Augus­to Heleno; o tenente-coro­nel do Exérci­to Mau­ro Cid, ex-aju­dante de ordens de Bol­sonaro; o pres­i­dente do PL, Valde­mar Cos­ta Neto; e o ex-min­istro da Casa Civ­il e da Defe­sa, Wal­ter Souza Bra­ga Net­to.

“A gente vê com abso­lu­ta per­plex­i­dade e indig­nação as infor­mações que foram rel­e­vadas pelo inquéri­to, onde a gente encon­tra o próprio ex-pres­i­dente da Repúbli­ca no topo da cadeia de coman­do da orga­ni­za­ção crim­i­nosa, gen­erais, coro­néis, servi­dores públi­cos do gov­er­no fed­er­al que fazi­am parte do núcleo da cam­pan­ha e do gov­er­no Bol­sonaro. Tra­man­do con­tra a democ­ra­cia com uma audá­cia quase que ina­cred­itáv­el, sem qual­quer tipo de lim­ite, ao pon­to de tra­marem con­tra a própria vida do pres­i­dente Lula, do vice-pres­i­dente Alck­min e do [ex] pres­i­dente do Tri­bunal Supe­ri­or Eleitoral, Alexan­dre de Moraes. São crimes muito graves, são acusações muito sérias”, afir­mou o min­istro da Sec­re­taria de Comu­ni­cação Social da Presidên­cia da Repúbli­ca (Sec­om), Paulo Pimen­ta.

Já o líder da oposição no Sena­do, Rogério Mar­in­ho (PL-RN), ex-min­istro e ali­a­do próx­i­mo de Bol­sonaro, atribuiu os indi­ci­a­men­tos a nar­ra­ti­vas con­struí­das nos últi­mos anos. Ele ain­da pediu que a Procu­rado­ria Ger­al da Repúbli­ca (PGR) analise com cautela o inquéri­to da PF.

“Diante de todas as nar­ra­ti­vas con­struí­das ao lon­go dos últi­mos anos, o indi­ci­a­men­to do pres­i­dente Jair Bol­sonaro, do pres­i­dente Valde­mar Cos­ta Neto e de out­ras 35 pes­soas, comu­ni­ca­do na pre­sente data pela Polí­cia Federa,l não só era esper­a­do como rep­re­sen­ta sequên­cia a proces­so de inces­sante perseguição políti­ca ao espec­tro políti­co que rep­re­sen­tam. Espera-se que a Procu­rado­ria-Ger­al da Repúbli­ca, ao ser aciona­da pelo Supre­mo Tri­bunal Fed­er­al, pos­sa cumprir com serenidade, inde­pendên­cia e impar­cial­i­dade sua mis­são insti­tu­cional, debruçan­do-se efe­ti­va­mente sobre provas conc­re­tas e afa­s­tan­do-se defin­i­ti­va­mente de meras ilações”, afir­mou.

O senador ain­da prosseguiu: “Ao reafir­mar o com­pro­mis­so com a manutenção do Esta­do de Dire­ito, con­fi­amos que o resta­b­elec­i­men­to da ver­dade encer­rará lon­ga sequên­cia de nar­ra­ti­vas políti­cas desprovi­das de suporte fáti­co, com o resta­b­elec­i­men­to da nor­mal­i­dade insti­tu­cional e o for­t­alec­i­men­to de nos­sa democ­ra­cia.”

A pres­i­dente nacional do PT, Gleisi Hoff­mann, defend­eu pena de prisão para os acu­sa­dos de golpe de Esta­do. “O indi­ci­a­men­to de Jair Bol­sonaro e sua quadrilha, insta­l­a­da no Planal­to, abre o cam­in­ho para que todos ven­ham a pagar na Justiça pelos crimes que come­ter­am con­tra o Brasil e a democ­ra­cia: ten­tar frau­dar eleições, assas­si­nar autori­dades e insta­lar uma ditadu­ra. Prisão é o que mere­cem! Sem anis­tia!”, pos­tou.

Antes da entre­ga do relatório da PF, o pres­i­dente Lula comen­tou, durante um even­to no Palá­cio do Planal­to, os planos rev­e­la­dos pelos inves­ti­gadores sobre a ten­ta­ti­va do seu assas­si­na­to [], em 2022, no con­tex­to da preparação do golpe de Esta­do elab­o­ra­do por mil­itares e inte­grantes do gov­er­no ante­ri­or. “Eu ten­ho que agrade­cer, ago­ra, muito mais porque eu estou vivo. A ten­ta­ti­va de me enve­ne­nar, eu e o [vice-pres­i­dente, Ger­al­do] Alck­min, não deu cer­to, nós esta­mos aqui”, disse.

Após o indi­ci­a­men­to, o ex-pres­i­dente Jair Bol­sonaro pub­li­cou em sua con­ta na rede social X tre­chos de sua entre­vista ao por­tal de notí­cias Metrópoles, na qual ele crit­i­ca o min­istro Alexan­dre de Moraes, do STF, rela­tor do caso, e infor­ma que irá esper­ar o seu advo­ga­do para avaliar os próx­i­mos pas­sos. O relatório da PF, que tem cer­ca de 800 pági­nas, está sob sig­i­lo e dev­erá ser remeti­do por Alexan­dre de Moraes à PGR nos próx­i­mos dias. Caberá jus­ta­mente à Procu­rado­ria-Ger­al da Repúbli­ca avaliar se ofer­ece denún­cia con­tra os sus­peitos ou se deman­da mais inves­ti­gações.

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