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Inteligência artificial pode ser ferramenta de ensino, mostra estudo

Repro­dução: © Rawpick/Freepick

Dados são de pesquisa inédita divulgada pelo Instituto Semesp


Publicado em 08/05/2024 — 07:03 Por Mariana Tokarnia — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

Três em cada qua­tro pro­fes­sores con­cor­dam com o uso da tec­nolo­gia e inteligên­cia arti­fi­cial como fer­ra­men­ta de ensi­no. Os docentes tam­bém dizem que a tec­nolo­gia impactou a edu­cação tan­to pos­i­ti­va­mente, com aces­so mais rápi­do à infor­mação, quan­to neg­a­ti­va­mente, fazen­do com que os estu­dantes fiquem mais dis­per­sos.

Os dados são da pesquisa inédi­ta Per­fil e Desafios dos Pro­fes­sores da Edu­cação Bási­ca no Brasil, divul­ga­da nes­ta quar­ta-feira (8), pelo Insti­tu­to Seme­sp — enti­dade que rep­re­sen­ta man­tene­do­ras de ensi­no supe­ri­or. A pesquisa foi real­iza­da entre 18 a 31 de março de 2024, com 444 docentes das redes públi­ca e pri­va­da, do ensi­no infan­til ao médio, de todas as regiões do país.

Segun­do o lev­an­ta­men­to, 74,8% dos entre­vis­ta­dos con­cor­dam par­cial ou total­mente com o uso da tec­nolo­gia e inteligên­cia arti­fi­cial no ensi­no. Ape­sar dis­so, ape­nas pouco mais de um terço, 39,2%, dos pro­fes­sores entre­vis­ta­dos dis­ser­am que sem­pre uti­lizam a tec­nolo­gia como fer­ra­men­ta de ensi­no.

Emb­o­ra con­sid­erem impor­tante o uso dessas fer­ra­men­tas, os pro­fes­sores tam­bém relatam prob­le­mas estru­tu­rais e pedagógi­cos que impe­dem ou difi­cul­tam o uso da tec­nolo­gia nas esco­las. Há prob­le­mas tam­bém em relação ao uso exces­si­vo de tec­nolo­gias, prin­ci­pal­mente pelos alunos. Entre ess­es prob­le­mas estão a fal­ta de inter­net na esco­la, a fal­ta de for­mação dos próprios pro­fes­sores para o uso das tec­nolo­gias no ensi­no e tam­bém maior difi­cul­dade para pren­der a atenção dos alunos.

“Perce­bo que os alunos ficaram mais depen­dentes de fer­ra­men­tas de pesquisa e respostas ime­di­atas e têm difi­cul­dade de ter resil­iên­cia, paciên­cia e atu­ar solu­cio­nan­do prob­le­mas”, diz um dos pro­fes­sores que par­ticipou da pesquisa e que não foi iden­ti­fi­ca­do. Out­ro afir­mou: “A tec­nolo­gia avançou, mas, às vezes, o aces­so a elas na esco­la não é sat­is­fatório. Inter­net ruim. O lab­o­ratório de infor­máti­ca é um espaço restri­to. Lab­o­ratório móv­el não tem pacote Office. O uso do celu­lar é inviáv­el pois os estu­dantes não têm Inter­net. Ago­ra, até a inter­net está restri­ta para os próprios pro­fes­sores na esco­la”.

Pouco menos da metade dos pro­fes­sores, 45,7%, respon­deu que, na esco­la em que leciona, os pro­fes­sores e alunos têm aces­so à tec­nolo­gia, como com­puta­dores, inter­net, etc. Out­ros 7% respon­der­am que ain­da não há aces­so à tec­nolo­gia nas unidades de ensi­no nas quais tra­bal­ham.

Os pro­fes­sores relatam ain­da que, com a pre­sença de tec­nolo­gias, os estu­dantes estão mais dis­per­sos. “A esco­la não con­segue acom­pan­har o uso das novas tec­nolo­gias na veloci­dade que os estu­dantes con­seguem, o que gera descom­pas­so entre a aula min­istra­da e a aula que os estu­dantes querem. O uso desen­f­rea­do de redes soci­ais e a alta exposição dos jovens, as redes estão prej­u­di­can­do o con­ta­to do pro­fes­sor com o aluno”, diz docente que par­ticipou do estu­do.

Interesse dos jovens

A pesquisa Per­fil e Desafios dos Pro­fes­sores da Edu­cação Bási­ca no Brasil faz parte do 14ª edição do Mapa do Ensi­no Supe­ri­or no Brasil, que reúne dados ofi­ci­ais cole­ta­dos pelo próprio insti­tu­to para traçar o cenário atu­al do setor edu­ca­cional no país. Esta edição tem como foco prin­ci­pal Cur­sos de Licen­ciat­uras: cenários e per­spec­ti­vas.

O mapa inclui dados de lev­an­ta­men­to feito pelo Seme­sp sobre quais car­reiras os jovens pre­ten­dem seguir. Con­forme o lev­an­ta­men­to, no ensi­no supe­ri­or, a área de com­putação e tec­nolo­gias da infor­mação e comu­ni­cação é a mais dese­ja­da (30,1%), segui­da pela área de saúde e bem-estar (18,1%). O cur­so de ciên­cia da com­putação aparece no topo do rank­ing, dese­ja­do por 11,5% dos jovens que par­tic­i­param do lev­an­ta­men­to. Admin­is­tração (10,8%), dire­ito (3,8%) e med­i­c­i­na (3,4%) apare­cem em segui­da.

Para aprox­i­mar os estu­dantes que ain­da estão no ensi­no médio do ensi­no supe­ri­or, o dire­tor exec­u­ti­vo do Seme­sp, Rodri­go Capela­to, diz que uma pro­pos­ta é que as insti­tu­ições pos­sam rece­ber ess­es alunos em cur­sos téc­ni­cos. Ele defende que isso seja feito no âmbito do pro­gra­ma Pé-de-Meia.

Segun­do o Seme­sp, o Pé-de-Meia trará impacto no aumen­to da con­clusão do ensi­no médio e, con­se­quente­mente, mais estu­dantes ingres­sarão no ensi­no supe­ri­or. Lança­do este ano pelo gov­er­no fed­er­al, o pro­gra­ma é uma espé­cie de poupança volta­do para estu­dantes de baixa ren­da, com o obje­ti­vo de estim­u­lar que eles não deix­em os estu­dos por questões finan­ceiras.

“Nós temos alguns pro­je­tos para o ensi­no pri­va­do colab­o­rar com o Pé-de-Meia, ofer­e­cen­do para os alunos do pro­gra­ma cur­sos téc­ni­cos den­tro das insti­tu­ições de ensi­no supe­ri­or. Isso pode aju­dar a diminuir ain­da mais a evasão. Acho que o Pé-de-Meia vai ser um grande estim­u­lador dis­so. Mas, jun­to com o cur­so téc­ni­co, aju­da o estu­dante a se man­ter no ensi­no médio. Tam­bém o traz para uma real­i­dade do ensi­no supe­ri­or, a fim de que con­heça o que quer nes­sa eta­pa de ensi­no”, afir­ma.

Edição: Graça Adju­to

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