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ITA deve impulsionar desenvolvimento tecnológico no Nordeste

Repro­dução: © Insti­tu­to Tec­nológi­co de Aeronáu­ti­ca

Afirmação é de professora da Universidade Estadual Paulista


Pub­li­ca­do em 08/10/2023 — 09:25 Por Elaine Patri­cia Cruz – Repórter da Agên­cia Brasil — São Paulo

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A insta­lação de uma unidade do Insti­tu­to Tec­nológi­co da Aeronáu­ti­ca (ITA) em For­t­aleza, no Ceará, dev­erá impul­sion­ar o desen­volvi­men­to tec­nológi­co de todo o Nordeste e aju­dar a dar mais equi­líbrio no desen­volvi­men­to do país, disse Suze­ley Kalil, pesquisado­ra e pro­fes­so­ra da Fac­ul­dade de Ciên­cias Humanas e Soci­ais da Uni­ver­si­dade Estad­ual Paulista (Une­sp) e do Pro­gra­ma de Pós-Grad­u­ação em Relações Inter­na­cionais San Tia­go Dan­tas.

“A insta­lação do ITA traz a promes­sa de desen­volvi­men­to real­iza­da pela implan­tação do insti­tu­to na cidade de São José dos Cam­pos (SP), que pas­sou a ser atra­ti­va para empre­sas de alta tec­nolo­gia. Porém, se olhar­mos para out­ros cen­tros de ensi­no, ver­i­fi­camos que não o ITA em si, mas a pre­sença de cen­tros de pesquisa de alta com­plex­i­dade é que traz o desen­volvi­men­to. Assim, pen­so que a insta­lação de qual­quer cen­tro de pesquisa no Nordeste é de grande importân­cia, não ape­nas para o desen­volvi­men­to region­al, mas tam­bém para pro­mover maior equi­líbrio no desen­volvi­men­to do país”, acres­cen­tou.

História

A primeira esco­la de for­mação de engen­heiros aeronáu­ti­cos do Brasil surgiu em 1950 na cidade de São José dos Cam­pos, no inte­ri­or paulista. Con­sid­er­a­do refer­ên­cia no ensi­no de engen­haria do Brasil, o ITA é uma insti­tu­ição uni­ver­sitária públi­ca, mas lig­a­do ao Coman­do da Aeronáu­ti­ca.

Hoje, ele ofer­ece seis cur­sos de grad­u­ação nes­sa unidade. E, ago­ra, essa esco­la deve se expandir para o Nordeste, com o anún­cio feito recen­te­mente pelo gov­er­no fed­er­al. Essa nova unidade dev­erá ter cur­sos volta­dos a estu­dos sobre ener­gia.

Para a pro­fes­so­ra, a cri­ação de uma unidade do ITA no Ceará pode ter sido moti­va­da pela grande aprovação de alunos do esta­do nas vagas ofer­e­ci­das pelo insti­tu­to. Um lev­an­ta­men­to feito pelo ITA mostrou que mais de 36% dos aprova­dos na insti­tu­ição estu­daram em For­t­aleza.

“Creio que este fato impactou na decisão do gov­er­no de cri­ar uma nova unidade, mas não deve ser o úni­co moti­vo. É prováv­el que ten­ha havi­do deman­da por parte do próprio esta­do do Ceará nes­sa direção. Tam­bém deve ter pesa­do a expres­si­va votação de [do pres­i­dente da Repúbli­ca] Lula na região. É bom lem­brar ain­da que os gov­er­nos ante­ri­ores de Lula e Dil­ma [Rouss­eff, ex-pres­i­dente da Repúbli­ca] ali­men­ta­ram uma visão de desen­volvi­men­to e de edu­cação mel­hor dis­tribuí­da no ter­ritório”, disse ela.

Out­ra razão que pode­ria explicar a insta­lação de uma unidade do ITA no Ceará, disse Suze­ley, é o fato de que o ide­al­izador e ver­dadeiro con­stru­tor do ITA, Casimiro Mon­tene­gro, era nat­ur­al do Ceará.

Um dess­es alunos cearens­es aprova­dos no ITA foi Leonar­do Bruno Pedroza Lima. Hoje, ele leciona Físi­ca e é super­vi­sor pedagógi­co do Colé­gio Ari de Sá Cav­al­cante, em For­t­aleza, que tem tur­mas voltadas para a preparação ao vestibu­lar do ITA e do Insti­tu­to Mil­i­tar de Engen­haria (IME).

“Eu sou engen­heiro de com­putação for­ma­do no ITA. Sou cearense e me pre­parei para o ITA na esco­la em que hoje tra­bal­ho, o colé­gio Ari de Sá. É uma enorme sat­is­fação poder aju­dar out­ras pes­soas a realizar o son­ho de ingres­sar no ITA”, disse ele, em entre­vista à Agên­cia Brasil.

Segun­do Leonar­do, as tur­mas voltadas para o vestibu­lar do ITA e do IME no Colé­gio Ari de Sá Cav­al­cante tem alta procu­ra e são fre­quen­tadas por cer­ca de 350 alunos a cada ano. Além desse colé­gio, há muitos out­ros cur­sos preparatórios volta­dos para o ITA na região Nordeste. E para o pro­fes­sor, esse mer­ca­do deve crescer nos próx­i­mos anos, caso a nova unidade do insti­tu­to seja, de fato, insta­l­a­da no Ceará.

“Há cur­sos especí­fi­cos para a preparação para o vestibu­lar do ITA em For­t­aleza, Teresina, Recife e Sal­vador. Em For­t­aleza, há sete esco­las que pos­suem tur­mas especí­fi­cas voltadas para o vestibu­lar do ITA. Na região Sud­este, o prin­ci­pal cur­so que prepara para o ITA fica em São José dos Cam­pos (SP), a mes­ma cidade onde fica o ITA. Tudo indi­ca que a insta­lação de uma unidade do ITA aqui no Ceará fará com que este mer­ca­do cresça ain­da mais”, disse.

Para o pro­fes­sor e super­vi­sor do cursin­ho preparatório para o ITA, a insta­lação de uma unidade no Ceará pode tam­bém con­tribuir para a per­manên­cia dess­es tal­en­tos na região.

“Uma parcela sig­ni­fica­ti­va das nos­sas mentes mais bril­hantes é envi­a­da para São Paulo e, após se for­mar,  aca­ba sendo absorvi­da pelo mer­ca­do de tra­bal­ho da região Sud­este. Com um ITA aqui no Ceará, aqui na região Nordeste, segu­ra­mente ter­e­mos mais chances de reter ess­es tal­en­tos e cri­ar as condições para que eles con­tribuam para o desen­volvi­men­to da região, se envol­ven­do nos prob­le­mas que temos por aqui e olhan­do para os poten­ci­ais do Nordeste que podem ser desen­volvi­dos, como por exem­p­lo, a indús­tria das ener­gias ren­ováveis”, opinou.

Em setem­bro, durante uma visi­ta do min­istro da Defe­sa, José Múcio Mon­teiro, o reitor do ITA, Ander­son Ribeiro Cor­reia, tam­bém falou sobre o avanço que a nova unidade poderá traz­er para a região. “Será uma opor­tu­nidade de reter mentes bril­hantes, que, his­tori­ca­mente, vêm sendo aprovadas nos vestibu­lares para o ITA, e aproveitá-las na con­tribuição para esse desen­volvi­men­to”, disse ele, na ocasião.

Modelo avançado

Suze­ley Kalil afir­mou que o mod­e­lo de edu­cação pro­pos­to pelo ITA — com a for­mação de engen­heiros mil­itares e civis — é avança­do, mas com poucos exem­p­los pelo mun­do.

“O ITA traz em si uma visão de desen­volvi­men­to muito par­tic­u­lar, que visa a autono­mia do país e que tem no esta­do seu grande pilar. Tal visão é o rever­so da con­cepção lib­er­al que é majoritária no Brasil. Os anos que sep­a­ram a inau­gu­ração do ITA sud­es­ti­no para o nordes­ti­no estão basi­ca­mente rela­ciona­dos com uma visão vira lata de país – a função do Brasil no mun­do é pro­duzir com­modi­ties – e pre­con­ceitu­osa de seu povo – o brasileiro é preguiçoso e indo­lente”, avaliou.

Para ela, o ITA não se encaixa como uma esco­la mil­i­tar, mas como um cen­tro de pesquisa, que dev­e­ria ser um exem­p­lo para o país.

“A edu­cação mil­i­tar dev­e­ria ter no ITA seu padrão, isto é, defen­do que não dev­e­ri­am exi­s­tir esco­las ape­nas para a for­mação de ofi­ci­ais das Forças Armadas, mas esco­las que for­massem cidadãos e acad­e­mias de tem­po par­cial para treina­men­to especí­fi­co mil­i­tar. Assim, pen­so que se tivésse­mos mais esco­las como o ITA não teríamos Forças Armadas apartadas da sociedade, como são as nos­sas Forças Armadas hoje”, disse ela. E final­i­zou: “As esco­las mil­itares são celeiro de autono­mia mil­i­tar, desen­vol­ven­do mil­itares que acred­i­tam ter como mis­são tute­lar a sociedade”.

Edição: Kle­ber Sam­paio

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