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Itamaraty cita “tom ofensivo” em manifestações de venezuelanos

Em nota, governo brasileiro se diz surpreso com ataques pessoais

Pedro Rafael Vilela — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 01/11/2024 — 19:22
Brasília
Ver­são em áudio
Palácio do Itamaraty na Esplanada dos Ministérios
Repro­dução:  © Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em meio à escal­a­da de ten­sões diplomáti­cas por parte do gov­er­no da Venezuela nos últi­mos dias, o Palá­cio do Ita­ma­raty afir­mou nes­ta sex­ta-feira (1º), em nota, que con­sta­ta “com sur­pre­sa o tom ofen­si­vo ado­ta­do por man­i­fes­tações de autori­dades venezue­lanas em relação ao Brasil e seus sím­bo­los nacionais”.

A nota da chance­lar­ia brasileira foi divul­ga­da dois dias após a Venezuela con­vo­car o seu embaix­ador no Brasil para con­sul­tas como man­i­fes­tação de repú­dio a declar­ações feitas por por­ta-vozes brasileiros, citan­do especi­fi­ca­mente o asses­sor espe­cial da Presidên­cia da Repúbli­ca, embaix­ador Cel­so Amor­im. Além do embaix­ador venezue­lano no Brasil, o gov­er­no boli­var­i­ano con­vo­cou o Encar­rega­do de Negó­cios do Brasil em Cara­cas para man­i­fes­tar um repú­dio ofi­cial.

A Venezuela, incluin­do o próprio pres­i­dente Nicolás Maduro, acusa o Brasil de ter veta­do o ingres­so do país no grupo do Brics, durante a cúpu­la da orga­ni­za­ção, na sem­ana pas­sa­da, em Kazan, na Rús­sia.

“A opção por ataques pes­soais e escal­adas retóri­c­as, em sub­sti­tu­ição aos canais políti­cos e diplomáti­cos, não cor­re­sponde à for­ma respeitosa com que o gov­er­no brasileiro tra­ta a Venezuela e o seu povo. O Brasil sem­pre teve muito apreço ao princí­pio da não-inter­venção e respei­ta ple­na­mente a sobera­nia de cada país e em espe­cial a de seus viz­in­hos”, diz a nota.

Ain­da de acor­do com a man­i­fes­tação do Ita­ma­raty, “o inter­esse do gov­er­no brasileiro sobre o proces­so eleitoral venezue­lano decorre, entre out­ros fatores, da condição de teste­munha dos Acor­dos de Bar­ba­dos, para o qual foi con­vi­da­do, assim como para o acom­pan­hamen­to do pleito de 28 de jul­ho”, argu­men­ta. “O gov­er­no brasileiro segue con­vic­to de que parce­rias devem ser baseadas no diál­o­go fran­co, no respeito às difer­enças e no entendi­men­to mútuo”, final­iza a nota.

Na terça-feira (29), Cel­so Amor­im par­ticipou de audiên­cia públi­ca na Comis­são de Relações Exte­ri­ores e de Defe­sa Nacional da Câmara dos Dep­uta­dos, e negou que o Brasil ten­ha veta­do a entra­da da Venezuela no grupo do Brics. O asses­sor de Lula admi­tiu um “mal-estar” entre os dois país­es por con­ta do proces­so eleitoral que deu mais um manda­to para Nicolás Maduro, mas que é ques­tion­a­do por parte da comu­nidade inter­na­cional pela fal­ta de transparên­cia sobre as atas de votação, pro­ced­i­men­to que esta­va pactu­a­do por acor­dos ante­ri­ores entre os gru­pos políti­cos do país, em medi­ação que con­tou com a par­tic­i­pação do gov­er­no brasileiro, como o Acor­dos de Bar­ba­dos, men­ciona­do na nota do Ita­ma­raty. Na ocasião, segun­do Amor­im, a decisão pelo não entra­da no Brics se deu por con­sen­so entre os país­es fun­dadores do blo­co — Brasil, Rús­sia, Chi­na, Índia e África do Sul.

Maduro já tin­ha abor­da­do o assun­to durante seu pro­gra­ma tele­vi­si­vo trans­mi­ti­do pela TV estatal. Na declar­ação, o pres­i­dente venezue­lano disse que o min­istro [das Relações Exte­ri­ores] Mau­ro Vieira, que rep­re­sen­tou Lula na Cúpu­la do Brics, prom­e­teu, durante as nego­ci­ações que ocor­reram na Rús­sia, que não impediria a entra­da dos venezue­lanos. De acor­do com Maduro, que foi à cúpu­la, os dois se encon­traram ao final do even­to e o venezue­lano teria ques­tion­a­do o veto brasileiro. Segun­do o man­datário, o chancel­er brasileiro reafir­mou que não vetou a Venezuela.

O pres­i­dente venezue­lano tam­bém fez duras críti­cas ao Ita­ma­raty, dizen­do que a pas­ta tem históri­co de vin­cu­lação ao Depar­ta­men­to de Esta­do dos Esta­dos Unidos. Maduro disse ain­da que o respon­sáv­el pelo supos­to veto ao país foi o secretário de Ásia e Pací­fi­co do Ita­ma­raty e prin­ci­pal nego­ci­ador do Brasil no Brics, Eduar­do Saboia.

Em out­ra man­i­fes­tação, a Polí­cia Nacional Boli­var­i­ana pos­tou, em rede social ofi­cial, uma mon­tagem em que uma imagem de Lula, com o ros­to bor­ra­do e ban­deira brasileira ao fun­do, está estam­pa­da pela frase “El que que se meta con Venezuela se seca”, que em tradução livre do idioma espan­hol seria algo como “Quem se mete com a Venezuela se fer­ra”. A postagem, que ficou no ar até esta sex­ta-feira, foi apa­ga­da após a nota ofi­cial do Ita­ma­raty.

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